por Mariângela Borba
Olá leitores da Sendo Prosperidade aqui pelo blog da Taís Paranhos, tudo bem com vocês? Esta semana vamos falar sobre o período de vacância e Conclave. Com a morte, o funeral e o enterro do Papa Francisco, a Igreja Católica começa os preparativos para eleger o sucessor do Pontífice. Como o próprio nome já sugere, a vacância ocorre quando o cargo é desocupado. A Sede Vacante, ou Sé Vacante (do latim sede vacans, trono vazio), no direito canônico da Igreja Católica Romana, corresponde ao período em que a Sé Episcopal de uma igreja particular está sem ocupante. Após a morte do Papa Francisco, em 21 de abril de 2025, o papado (instituição do poder máximo da Igreja Católica Romana), está atualmente em sede vacante. Já o Conclave (do latim cum clavis, com chave), como cita Steven P. Millies, diretor da União Teológica Católica, em Chicago, “é um evento no melhor sentido da política - é uma consideração pensativa, até mesmo devota, do futuro de uma comunidade, o que ’não nega’ o envolvimento do Espírito Santo”.
Certamente, vocês já ouviram falar em congregações gerais, que são convocadas pela constituição apostólica Universi Dominici Gregis, promulgada por João Paulo II, acerca da vacância da Sé Vacante e da eleição do pontífice romano. Entre essas normas, está a realização das congregações gerais logo após decretada a morte do Papa. Esta, em sua primeira semana, conta com a participação de cardeais votantes e não votantes; servem para decidir questões menos complexas de governo, a exemplo da marcação da data de sepultamento do pontífice, o velório, decidir acerca de questões de caráter urgente, uma vez que não há mais a figura do líder supremo. E não acontece de forma aleatória, mas da articulação do colégio cardinalício com camerlengo, cardeal responsável pela administração do Vaticano após a morte do Papa.
E como se dá a eleição do Conclave? Existe, como norma: após o sepultamento do pontífice romano, há um período chamado Novendiali - nove dias de luto oficial em que o colégio cardinalício realiza missas e orações em sufrágio do Pontífice falecido. O primeiro dia do Novendiali, é quando acontece a missa de Exéquias, celebração destinada aos fiéis falecidos e que precede o enterro. Passados esses nove dias, o Conclave pode acontecer a qualquer momento. Vai partir dos cardeais essa decisão. A reunião de cardeais deve ser montada de 15 a 20 dias após a morte do Papa, o que significa que a primeira votação deve ocorrer, mais ou menos, entre cinco a 11 de maio.
Grande parte do corpo do conclave atual foi “escolhido” pelo próprio Papa Francisco antes de morrer. A regra vigente no Vaticano é de que apenas cardeais com menos de 80 anos possam votar. Já por outro lado, os padres impedidos de votar podem ter os nomes cogitados na votação e, por isso, serem escolhidos como novo Papa. O novo pontífice é eleito por meio de voto secreto e o Conclave acontece dentro da Capela Sistina, no Vaticano, onde até 120 cardeais participam. Um cardeal precisa obter dois terços dos votos para se tornar o novo líder da igreja. Os cardeais podem votar entre si, mas não podem indicar seus próprios nomes. Caso um novo Papa não seja definido neste estágio, um novo ciclo de votação é iniciado. Ao longo da história, já houve Conclave que durou quase três anos (34 meses) para a escolha do Papa Gregório X, em setembro de 1271.
Torçamos para que o próximo Papa avance tanto quanto Francisco. Reformista, ao longo dos doze anos à frente do Vaticano ele enfrentou forte resistência de setores internos. Ao propor maior abertura na comunhão a divorciados recasados e defender mudanças pastorais, provocou debates intensos em sínodos convocados por ele. Sua exortação apostólica Evangelii Gaudium clamava por uma igreja crítica ao capitalismo selvagem e próxima dos pobres. O Papa argentino também enfrentou o drama dos abusos sexuais. Embora criticado por lentidão em alguns casos, endureceu as punições e retirou o segredo pontifício para esses crimes, permitindo maior cooperação com a justiça civil. Encontrou-se com vítimas, pediu perdão e removeu clérigos envolvidos, mesmo de alto escalão. Ele não modificou os dogmas da igreja, como muitos dizem, apenas os flexibilizou, mas sempre em comunhão com o conselho de cardeais e com a intercessão do Divino Espírito Santo. Nenhuma decisão era tomada de forma unilateral.
Na política internacional, teve papel ativo. Mediou a reaproximação entre Cuba e Estados Unidos durante o governo Obama, pressionou os EUA a não bombardearem a Síria e incentivou o acordo de paz na Colômbia. Em 2018, restabeleceu as relações com a China, algo inédito em décadas. Mesmo com a saúde fragilizada, arriscou-se ao visitar o Iraque em 2021, levando uma mensagem de paz em uma religião marcada por fundamentalismos, criticou a política imigratória de Trump. Durante a pandemia da COVID 19, emocionou o mundo com a imagem solitária na Praça de São Pedro, clamando por esperança. Sua oração silenciosa, debaixo de chuva, tornou-se símbolo de força e fé, em tempos de incerteza. Diante disso, dá para se notar que Francisco foi, de fato, um líder de Estado plural e que a “ideia política” foi uma das grandes marcas do seu pontificado. Ele não, apenas, promoveu reformas políticas na cúria. De acordo com o historiador, professor da Universidade de Bolonha e autor do livro Bergoglio - uma biografia política, Loris Zanatta: “é inevitável que quem está na alta cúpula da política, quem cultiva altos ideais políticos, como sem dúvidas o Papa Francisco cultivou, necessariamente se envolve no baixo escalão da política, o que implica negociações, compromissos e acordos”, destacou Zanatta.
Esse cenário no papado refletiu parte das origens e da formação de Francisco na igreja da Argentina. Para Zanatta, o catolicismo argentino tem uma história que “a esfera espiritual nunca se separou da esfera temporal, muito pelo contrário”. É o catolicismo latino americano, de uma maneira geral. No Brasil, não é diferente.
Talvez, venha um Papa não tão revolucionário quanto Francisco, mas um pouco mais moderado. Contudo, que ele nos traga alegria e esperança, como o sucessor de Pedro, e ainda neste início de Jubileu. Estás sim, são a razão fundamental do Evangelho de Cristo em todos os sentidos.
Mariângela Borba é professora, jornalista profissional, revisora credenciada, social media, Produtora Cultural, especialista em Cultura Pernambucana pela Fafire, fez parte da Pastoral de Comunicação da AOR e foi coordenou a Pastoral de Comunicação da Paróquia de Nossa Senhora do Ó. É membro da Associação de Imprensa de Pernambuco (AIP) que teve como um dos fundadores, seu bisavô, jornalista Edmundo Celso.