domingo, 13 de abril de 2025

Raul Ruffo: “Eu sempre, desde muito cedo, sou da música”

 


Raul Ruffo é um nome em ascensão no cenário artístico e midiático brasileiro. Cantor, músico, compositor, produtor musical, jornalista e criador de conteúdo, ele encontrou uma forma única de unir suas paixões e transformar a música em um instrumento de informação e engajamento. Seus conteúdos nas redes sociais alcançam mais de 2 milhões de contas todos os meses, consolidando-o como uma das vozes mais presentes na internet.

Formado em Jornalismo, com pós-graduação em Marketing e Mídias Digitais pela Fundação Getúlio Vargas, Raul não apenas construiu uma carreira sólida na imprensa, como também se tornou um dos principais produtores de jingles comerciais do País. Ele é responsável pelas peças publicitárias da Rede Matogrossense de Comunicação e colunista do portal Primeira Página. Na coluna Toca Raul, ele compartilha reflexões e curiosidades sobre a arte que combina sons e linguagem: a música.

A trajetória de Raul na música começou ainda na infância. Natural do Paraná, ele cresceu em Alto Taquari (MT), onde lançou seu primeiro CD aos nove anos de idade. O lançamento foi celebrado no salão paroquial da igreja da cidade, que anos antes havia parado para assisti-lo no Programa do Raul Gil, famoso por revelar talentos mirins.

Desde pequeno, cantar lhe parecia algo natural. O jornalismo, por outro lado, surgiu como um caminho mais estruturado, exigindo estudo e dedicação acadêmica. Mesmo assim, ele nunca abandonou a música, conciliando suas atividades na imprensa com apresentações em casamentos, bares e eventos em Cuiabá.

Fórmula do Sucesso
- Raul encontrou uma forma criativa de unir suas duas paixões ao produzir conteúdos musicais para o Instagram. Suas publicações trazem curiosidades sobre compositores e cantores, combinando informação jornalística com música. Ele canta trechos das músicas, explica suas origens e contextualiza os artistas para tornar a experiência mais atrativa. Diariamente, Ruffo publica conteúdos todos os dias, sem falhar. O resultado? Vários vídeos viralizaram, acumulando milhões de visualizações e trazendo uma onda de novos seguidores.

Um dos vídeos mais populares revelou uma curiosidade sobre o cantor gospel Regis Danese, que foi responsável por composições clássicas do pagode nos anos 90, como Amor Verdadeiro, do Só pra Contrariar, e Eternamente, sucesso na voz de Belo. A publicação ultrapassou 4 milhões de visualizações.

Com sua mistura de jornalismo, música e criatividade, Raul Ruffo vem se consolidando como um dos principais produtores de conteúdo sobre música no Brasil. Sua abordagem única tem conquistado cada vez mais espaço nas redes e atraído grandes nomes da indústria musical. Enquanto continua sua carreira no jornalismo, ele segue explorando novos formatos, fortalecendo sua presença digital e descobrindo maneiras inovadoras de conectar as pessoas através da música e da informação. Em entrevista exclusiva ao Blog Taís Paranhos, Ruffo nos conta sua trajetória, a conciliação da música com o Jornalismo, e muito mais.

O que te motivou a criar conteúdo musical na internet?
Eu sempre, desde muito cedo, sou da música . Canto, aprendi a cantar muito cedo e toquei instrumentos. Com nove anos eu comecei a cantar, né. E aí quando começou a chegar à internet. É com o flogão, com o Orkut, os primórdios do YouTube e tal. Eu tocava bateria, eu gostava muito de tocar bateria, assistia outros bateristas que que tocavam também. Na época, tinha o Elói Casagrande, que é um baterista brasileiro. Tony Royster Júnior americano, que gravavam já em qualidade legal e tal. E aí, inspirado neles, eu comecei a gravar vídeo tocando, tocava bateria e mais para a frente, conforme eu fui cantando, eu comecei a gravar cantando também. Mas não fazia isso com regularidade. Aí o tempo passou, eu entrei para a faculdade, fiz jornalismo e quando comecei a escrever para uma coluna. Sobre música? Eu resolvi começar a colocar vídeos também nessa coluna. E foi quando eu decidi juntar as duas coisas, cantando com algumas curiosidades sobre música que eu já trazia na minha coluna. E aí eu comecei, é gravar esses vídeos uma vez por semana. Em fevereiro do ano passado eu percebi que esses vídeos só funcionavam nas redes sociais, se eles fossem feitos com frequência, com regularidade. E aí eu comecei fazer um vídeo por dia, todos os dias, sem falhar. Isso eu tinha 2000 seguidores nas redes sociais, e aí depois que eu estava fazendo conteúdo todo dia o Instagram começou a me entregar para outras pessoas. Aí fui crescendo devagarzinho, cheguei a 10 mil seguidores e foi indo. Mas a motivação foi essa. É começou pela música. E aí depois que eu me formei em Jornalismo, eu precisei criar um conteúdo que unisse as duas coisas, informação e música.

Como foi seu primeiro contato com a música e quais foram suas maiores influências?
Minhas maiores influências são meu pai e minha mãe, não só na vida, mas também na música. E meu primeiro contato foi com eles. O meu pai é ele toca violão e compõe. E canta também. Minha mãe também canta muito bem. Os dois sempre cantaram na igreja. E em churrascos. Nunca foram profissionais da música. Mas desde muito cedo, na barriga da minha mãe, eles já me incentivavam a cantar, já tocavam. É para eu ouvir quando eu nasci, meu pai também sempre gostou de brincar comigo com o violão e desenvolver a percepção musical. Pedia para eu cantar algumas notas de acordo com o violão que ele estava tocando. E eles foram me modelando assim, bem na primeira infância. E conforme o tempo foi passando, eu fui aprendendo outras coisas com eles também, assim a cantar e depois, a tocar violão. Meu pai, que me ensinou as primeiras notas, tinha umas revistinhas em casa e a partir disso eu fui aprendendo. Depois ele também me ensinou a compor. Ele me chamava, me explicava como que funcionava, que a música tinha um enredo, um assunto, e a partir desse enredo seria desenvolvendo. Então foi com eles. Minha mãe também canta muito bem, cresci ouvindo-a  sempre cantar. E os dois foram as minhas maiores influências assim desde cedo. E eles que me apresentaram a música primeiro. Aí depois disso eu comecei a cantar na igreja. Fui ao programa Raul Gil ainda quando criança, gravei um CD. O CD de composições, do meu pai, de outros amigos. E foi assim. Depois eu dei uma pausa, quando eu fui fazer faculdade e descobri outras pessoas que cantavam. Fiz uma dupla sertaneja enquanto estudava e cantei durante um tempo e aí quando eu me formei, eu parei para trabalhar na minha área, e aí voltei o meu contato com a música. Quando eu comecei a produzir conteúdo, voltei a compor e a falar sobre isso e a cantar e a tocar para as redes sociais.

Quais desafios você enfrentou no início da sua jornada como músico e criador de conteúdo?
Eu acho que tanto em um quanto em outro, o grande desafio é você conseguir encontrar. a sua identidade. Encontrar o seu caminho. O seu jeito de fazer, que vai te diferenciar de tantos outros criadores por aí. Então acho que a prática te leva a esse lugar. Você precisa fazer muito, fazer bastante, tentar várias coisas até você aos poucos, ir entendendo e encontrando que só você pode fazer qualquer sua identidade. O que que você faz de diferente que as outras pessoas gostam Então, acho o grande desafio para quem cria, para quem faz arte de maneira geral. É isso Eu acho que encontrar o seu diferencial. E aí? Vêm outros desafios que são no varejo assim, não é? É por muito tempo. Um grande desafio foi conciliar a minha criação de conteúdo e a música com o meu emprego regular que eu tinha como CLT, que eu fui jornalista de televisão por quase 10 anos Então fiz produção de reportagem, fui repórter de rua, fui apresentador, fui editor chefe. Enfim, já fiz de tudo em televisão também. Então, por um bom período, eu conciliava as duas coisas com o meu trabalho de nove, 10 horas por dia em televisão. Então esse também foi um foi um outro desafio, mas no varejo, assim.

Existe algum vídeo ou projeto seu que tenha um significado especial?
Algum vídeo ou projeto? Ah, tem alguns vídeos que viralizaram muito assim, que acabaram é furando algumas bolhas. O primeiro deles foi o vídeo que eu fiz sobre o Christian Castro, que é um cantor mexicano. Que é o cantor original de grandes sucessos da música brasileira, principalmente do ser. Mesmo é, os cantores sertanejos daqui ouviam o Cristian Castro lá no México e adaptavam faziam versões das músicas dele para o Brasil, muito sucesso, como “Choram as Rosas”, do Bruno & Marrone; “Azul” do Edson & Hudson. É e muitos outros assim, é uma lista grande, de 1015 músicas assim que foram adaptadas. Do Christian Castro. E o curioso é que o Christian Castro é sobrinho do Ramón Valdés, que é o ator que faz o Seu Madruga do Chaves. Então eu fiz essa ligação curiosa assim que uma parte do sertanejo não existiria se não fosse o sobrinho do Seu Madruga. E esse foi o primeiro vídeo que furou a bolha que viralizou e ganhei muitos seguidores com esse vídeo é mais recente. Outro vídeo muito especial passou de 7 milhões no Instagram. Que foi o vídeo sobre a música “Chão de Giz”, do Zé Ramalho, que eu conto a história de como ela foi feita e desvendo algumas metáforas da música. Então, foi outro vídeo muito especial.

Como você escolhe os temas dos seus vídeos? Existe algum processo criativo por trás?
Os temas dos meus vídeos, hoje em dia, muita gente me sugere as coisas. As mensagens chegam para mim por direct e eu leio todas. Apesar de não conseguir responder todas, eu leio todas. Isso me ajuda muito, essa sugestão do pessoal que está junto. E quando eu não tenho o tema lá, eu faço pesquisa aleatória mesmo. Eu vou buscando coisas e lendo reportagens e ouvindo entrevistas. E aí isso vai me despertando alguns insights e eu depois aprofundo um pouco mais sobre esses temas.

Você já teve alguma experiência marcante com um fã ou seguidor?
Eu acho que assim algumas coisas que me marcam assim, que a gente não tem muita noção do alcance, né? É, às vezes eu estou em outros lugares, viajando fora do meu estado. Hoje eu moro em Mato Grosso do Sul, né? Eu fui para o Paraná esses dias e parando no posto, o frentista do posto me reconheceu. Então volta e meia estou no mercado, alguém passa ou eu te conheço do TikTok? Então esse reconhecimento assim das pessoas, esse carinho, é muito legal. Isso marca a gente, porque a gente não espera, né? Que um trabalho que a gente faz dentro do estúdio, vai reverberar assim para o Brasil inteiro, né? Então isso marca bastante.

Qual é a sua opinião sobre o cenário musical atual e o impacto das redes sociais na carreira dos artistas?
Eu acho que é a questão da internet, das redes sociais acabou é tornando a música um pouco mais descartável, no sentido de não que ela precise ser jogada fora, mas de que outra música nova precisará ser criada assim que o hype dessa música que foi lançada passar. E esse hype passa muito rápido Então, as músicas hoje têm uma vida útil, um pouco mais curta. Isso impacta também na criação, se a música precisa é chamar atenção rápida e precisa ser curtida rápido. E logo vai vir outra. Isso impacta no processo criativo também do compositor. Ele precisa fazer uma música mais chamativa no começo, uma música nos primeiros minutos mais forte, ele precisa falar com mais gente.

A música tem que ter um apelo diferente. Então a maneira como a música é consumida hoje impacta Antigamente as pessoas compravam um CD para não ir muito longe E pagava R$ 40,00 um CD, na loja e chegava em casa, ela colocava no som e gostava, lia os encartes e ouvia o álbum inteiro. Mesmo se ele não gostasse das primeiras músicas, porque ele gastou um dinheiro naquele CD? Ele foi até a loja para comprar, então. Ele se senta, escuta a música, escuta o álbum todo e escuta de novo e de novo, e às vezes uma música que passou batido na primeira vez, na segunda pega, ele é uma música mais profunda, que demora mais tempo para entender, ele acaba gostando muito. Agora, hoje em dia, como o acesso da música é muito fácil, é muito rápido para você ouvir uma música, você ouve um pouquinho, não gostou, você troca, vai para outra troca e vai para outra troca, vai para outra, então a música precisa pegar você logo de primeira. Então acho que esse foi o principal impacto na minha opinião.

Se pudesse colaborar com qualquer artista, nacional ou internacional, quem seria?
Se eu pudesse colaborar com qualquer artista nacional ou Internacional, se fosse para escolher um, o Paul McCartney, que eu sou muito fã dos Beatles, para mim a maior banda de todos os tempos e ele, o maior compositor de todos os tempos. Agora um artista nacional: Djavan acho que eu ficaria muito feliz de colaborar junto, bem como o Milton Nascimento também. Seria genial. Tem vários, mas acho que falando desses três está bom.

O que podemos esperar do futuro de Raul Ruffo? Tem algum projeto novo vindo aí?
Eu tenho um livro que vai ser lançado esse mês ainda, a gente vai lançar ele primeiramente num formato digital de e-book. Depois a gente vai ter um lançamento físico. É um livro. Sobre é com histórias, com algumas histórias muito legais sobre música e com alguns conceitos também é generalistas assim de música. Sobre como eu percebo a música, como eu acho que a música deve ser percebida, como a música impacta na vida das pessoas. Então é um livro bem interessante. Logo, logo eu vou lançar e revelo para vocês, ok? Esse é o meu principal projeto para esse ano. Eu vou ter também mais para o fim do ano, um lançamento de um produto de áudio, são pílulas sonoras, né? Com histórias de música que que eu devo trabalhar também e penso também lá na frente em fazer um álbum de música autoral com as músicas, isso é uma coisa que eu que eu planejo também.

Por fim, que conselho você daria para quem sonha em seguir carreira na música ou na criação de conteúdo?
Um conselho para quem está criando conteúdo, eu acho que é regularidade, consistência, persistência, não desistir do que você quer. E antes de tudo isso, tem clareza do que você quer, né? Qual o seu objetivo? Você quer ser artista? Que tipo de artista você quer ser? Um multiartista que trabalha em várias frentes? Você quer ser só um cantor, você quer ser só um compositor. E aí escolhendo isso, você bola uma estratégia que que um cantor precisa fazer para ser bem sucedido, né? Aí você pesquisa isso e hoje em dia tem muita ferramenta. Tem que ter disciplina para fazer tudo isso, mas acho que o principal. Não. Foco, consistência, persistência e regularidade para crescer e não desistir. E querendo muito e fazendo isso, acho que as coisas podem dar certo.