Heroínas de Tejucupapo: quando a coragem vem de uma mulher, nenhum exército pode resistir
Olá você, leitor da Sendo Prosperidade aqui pelo blog da Taís Paranhos, tudo bem? Você conhece, ou já ouviu falar, na história das Heroínas de Tejucupapo? Esse vai ser o tema da semana aqui na coluna, pois se trata de um grupo de mulheres que lutaram contra a invasão holandesa na região de Tejucupapo, em 1646. E essa localidade fica no município de Goiana, na Zona da Mata de Pernambuco. Na coluna de hoje vou escrever um pouco sobre essa história e aproveitar para homenagear a garra e determinação de todas as mulheres que nos acompanham.
As heroínas de Tejucupapo são símbolos de coragem, mas uma coragem que venceu a guerra em abril de 1646, ano em que lideraram a invasão holandesa na região. Não havia homens para lutar, nem soldados para proteger o vilarejo. Ora, mas havia elas e a estratégia foi montada: as mães, pegaram suas panelas e ferveram água, as mais jovens afiaram facões e as mais velhas prepararam armadilhas com óleos quentes e brasas escondidas na terra. A luta não era só por suas casas, mas por seus filhos , por suas liberdades e por suas vidas.
Quando os inimigos chegaram, encontraram um exército de mulheres prontas para o combate. Nada de um exército indefeso ou uma terra sem ninguém, como esperavam. O primeiro grito ecoou e então veio a tempestade: a água fervente queimando a pele dos invasores, golpes certeiros de facões, lanças improvisadas, pedras atiradas com força e desespero. Ora, foi aí que o medo mudou de lado. Os holandeses recuaram. Corriam porque perdiam para mulheres que jamais haviam segurado uma espada, mas que conheciam o peso de defender os que amavam.
E quanto os inimigos fugiram, quando a batalha chegou ao fim, o silêncio tomou conta do vilarejo. Mulheres cobertas de suor e fuligem se olhavam, sem acreditar no que haviam feito. Haviam vencido contra todas as expectativas, contra todo o poder do invasor, elas haviam vencido. O episódio no litoral norte pernambucano em que mulheres usaram paus, panelas, águas ferventes, pimentas e tudo o que tinham em mãos como armas, marca que é considerada a primeira batalha na história brasileira em que as protagonistas foram mulheres.
Como registrou o renomado jornalista pernambucano Mário Melo, em 1931: “as anônimas filhas de Tejucupapo esculpiram um dos feitos mais brilhantes da epopéia pernambucana e rasgaram as portas à imortalidade “. As heroínas de Tejucupapo não tinham títulos de guerra, não carregavam brasões nobres, mas escreveram seus nomes na História Pernambucana com o mais poderoso dos feitos: a coragem de quem não aceita a derrota e, até hoje, sempre que o vento sopra mais forte naquela terra, há quem diga que se pode ouvir vozes lembrando ao mundo que quando a coragem vem de uma mulher, nenhum exército pode resistir.
Mariângela Borba é professora, jornalista profissional, revisora credenciada, social media, Produtora Cultural, especialista em Cultura Pernambucana pela Fafire e membro da Associação de Imprensa de Pernambuco (AIP) que teve como um dos fundadores, seu bisavô, jornalista Edmundo Celso.