Série “Adolescência”, traz à tona termos desconhecidos e levanta debates importantes
Por Mariângela Borba
Olá você que acompanha o #SendoProsperidade aqui pelo blog da Taís Paranhos, tudo bem? Será que alguém já deve ter assistido ou ouvido falar da série inglesa Adolescência? Resolvi abordar sobre ela aqui, não só por estar bombando na Netflix e ser sucesso no mundo inteiro, mas por tratar sobre um comportamento que instiga a nossa sociedade atual e que urgentemente precisa ser observado para que não se propague e nem se perpetue. Na coluna desta semana, não trago uma resenha crítica, nem spoiler da série, mas abordo algumas expressões usadas na série incitando o ódio contra as mulheres, a exemplo de “incel” (aglutinação das palavras inglesas involuntary celibates, "celibatários involuntários”) ou “redpill” (pílula vermelha). Só dando uma pincelada pelo enredo principal, a trama é em cima de um adolescente de 13 anos que é acusado de assassinar uma colega de classe. Vou parando por aqui porque prometi apenas abordar o vocabulário, mas até posso chegar a emitir um parecerzinho.
O termo “Incel”, talvez a palavra mais importante abordada - e, quiçá, menos difundida no nosso dia a dia, vem da junção das palavras inglesas involuntary celibates ou, traduzindo para o nosso português celibatários involuntários. Descreveu, a princípio, meninos que se sentem incapazes de ter um relacionamento amoroso, mesmo querendo se envolver com alguém. Com um tempo, a definição ganhou um contorno de ódio às mulheres. Geralmente, o incel é um menino jovem, ligado a internet, tímido, inseguro e que apresenta dificuldade de se socializar. Por isso, ele é ressentido e culpa as mulheres e as meninas por isso - já houve, até, episódios em que o agressor era incel e atacou alunas meninas.
Já o termo redpill é uma referência ao filme Matrix (1999), quando uma personagem pode tomar uma pílula vermelha para acessar a verdade sobre o mundo. Grupos misóginos, de ódio às mulheres, usam esse termo para dizer que o tal mundo verdadeiro é aquele no qual os homens são injustiçados. Na série é muito usada, também, a expressão “white Knight”, que se refere aos homens que defendem mulheres na internet e que são ridicularizados por isso. E o MGTOW, uma outra sigla, também em inglês, que significa homens seguindo o seu próprio caminho: é um movimento de rejeição às mulheres, usando o argumento de que elas são manipuladoras e que “seguir o caminho” seria o mesmo que lutar contra qualquer tipo de ameaça à masculinidade. É uma vertente que fala muito da solidão. Por último, trazemos aqui os “homens beta” , dentro da hierarquia defendida por incels, os “betas” são considerados inseguros e submisso às mulheres. Eles são, supostamente, dominados pelos confiantes e bem sucedidos nos relacionamentos “machos alfas”. Tem outros termos também, mas não vou destacar aqui senão ao invés de um artigo, será um glossário.
E sabe qual o grande mérito da série? Não é machismo, nem feminismo e, muito menos, abordar termos diferentes, mas é o fato dela mostrar que o perigo está muito perto, no ambiente virtual. A grande sacada da série, ao meu ver, é mostrar que hoje as redes sociais se tornaram o lugar mais perigoso, aonde uma criança ou um adolescente, que está completamente abandonado pelos adultos ou responsáveis, se perde, muitas vezes, por acessar informações incompletas ou distorcidas e, sem um acompanhamento correto, vão moldando de acordo com seus poucos discernimentos e construindo, em um mundo paralelo, o que, muitas vezes, se torna prejudicial não só para ele, mas para o adulto que não dá a devida assistência e nem faz o acompanhamento. Com a internet e redes sociais, novos caminhos foram abertos para o bullying - sendo mais difícil identificá-lo. A série mostra que os pais ou responsáveis precisam se atentar às influências externas, principalmente as que vêm da Internet, lançando luz sobre várias questões reais.
Mariângela Borba é professora, jornalista profissional, revisora credenciada, social media, Produtora Cultural, especialista em Cultura Pernambucana pela Fafire e membro da Associação de Imprensa de Pernambuco (AIP) que teve como um dos fundadores, seu bisavô, jornalista Edmundo Celso.