
*por Mariângela Borba
Olá você que acompanha a Sendo Prosperidade aqui pelo blog da Taís Paranhos, tudo bem? Esta semana vamos falar sobre a redemocratização, afinal, há 40 anos e depois de 21 anos de uma odiosa e catastrófica ditadura militar, que assolou o Brasil, um presidente civil, José Sarney, chegou ao poder dando início à Nova República e pondo fim ao período nefasto. Isso porque Tancredo Neves, o presidente na chapa, morreu um pouco antes da posse. Como diz Maquiavel: “muitas vezes o destino é tal qual a fortuna, o tempo”. Então, à época , o Brasil não tinha um presidente, mas um vice, que se tornou presidente e garantiu questões fundamentais, colocando em marcha os trabalhos para a constituição de 1988 e a própria manutenção da democracia. Foi o primeiro presidente civil após mais de duas décadas de ditadura militar, marcando o fim do regime autoritário instaurado após o golpe de Estado de 1964.
No dia de promulgação da Constituição, Ulysses Guimarães, um dos principais opositores da ditadura militar, disse que promulgava a nova Carta com nojo e ódio da ditadura. Disse, também, que não aguentava mais a cidadania e concluiu que a sociedade brasileira era Rubens Paiva e não os tiranos que o mataram.
Seguindo seu discurso, Guimarães reconhece que a nova Constituição não é “perfeita”, mas alerta: “Amaldiçoamos a tirania aonde quer que ela desgrace homens e nações. Principalmente na América Latina… Foi a audácia inovadora, a arquitetura Constituinte, recusando anteprojeto forâneo ou de elaboração interna”, continuou.
No livro A Construção da Democracia no Brasil, 1985-2025, Mudanças, Metamorfoses, Transformismos, o historiador Alberto Aggio busca sintetizar o processo político brasileiro e explicar o atual momento em que estamos vivendo, onde registra uma situação de mal-estar e desorientação da sociedade em relação à política, no contexto de grandes mudanças globais. De acordo com Aggio, doutor em História (USP), livre docente e titular (Unesp): “ é reconhecível, quase que consensualmente, que há uma crise de legitimação democrática que se bem impondo às democracias”, constata. O historiador analisa a trajetória dos principais partidos, entre os quais o PSDB e o PT, ao longo desses 40 anos.
Para Aggio, a fortaleza institucional da democracia contrasta com a fragilidade da forma como a sociedade vivencia e participa da política. Os partidos políticos, organismos centrais da vida democrática, são incapazes de se abrirem para a dinâmica de transformação que ocorrem na vida social e econômica porque “se oligarquizaram e se enrijeceram”.
As estruturas voltadas para o enriquecimento de suas lideranças provocaram sentimentos de rejeição da sociedade aos partidos e a perda de confiança na política como instrumento de resolução dos problemas. Mas, por outro lado, avanços institucionais importantes, entre os quais o processo eleitoral, transformaram o Brasil numa democracia de massas.
Para o sucesso do bom governo, recorremos a Maquiavel, o “Pai do Pensamento Político Moderno”, que define a política como realidade demasiadamente humana, utiliza dois termos fundamentais, virtú (virtude) e fortuna e por sua abordagem direta:
“Não ignoro que muitos foram e são da opinião de que as coisas desse mundo são governadas pela fortuna e por Deus, e que os homens prudentes não se lhes podem opor, e até não tem remédio contra elas. Por isso poder-se-ia (...) deixar-nos governar pela sorte. (...) Pensando nisso, às vezes, me sinto (...) inclinado a esta opinião entretanto (...) julgo ser possível ser verdade que a fortuna seja árbitro de metade das nossas ações, mas que também deixe ao nosso governo a outra metade (...). (...) Mesmo assim, nada impede que (...) os homens tomem providências (...). (MAQUAVEL, 1996, p. 119).
E é por isso que temos mais é que celebrar, pois a democracia conquistada é um caminho contínuo e exige nossa atenção constante. Em cada avanço, em cada conquista devemos manter a vigilância para garantir os direitos e a justiça social.
Hoje, é possível refletir sobre todas as conquistas e o que ainda temos de construir. Que essa data nos inspire a seguir firmes. DITADURA NUNCA MAIS!
Mariângela Borba é professora, jornalista profissional, revisora credenciada, social media, Produtora Cultural, especialista em Cultura Pernambucana pela Fafire e membro da Associação de Imprensa de Pernambuco (AIP) que teve como um dos fundadores, seu bisavô, jornalista Edmundo Celso.