Por décadas, artistas brasileiros viam São Paulo e Rio de Janeiro como destinos obrigatórios para alcançar o sucesso na música. No entanto, um novo movimento tem ganhado força, cada vez mais criadores optam por permanecer em suas cidades, estimulando as cenas culturais locais e provando que o talento não precisa estar atrelado aos grandes centros urbanos.
Em Goiana, na Zona da Mata Norte de Pernambuco, essa tendência se manifesta com força em diferentes projetos artísticos. A cantora e compositora Sam Silva, por exemplo, fechou recentemente um contrato com o selo musical Fervo Produções, de São Paulo. Diferente do modelo tradicional de êxodo artístico, essa parceria tem o objetivo de fortalecer a produção local, ajudando a profissionalizar artistas do município e proporcionando novas oportunidades sem a necessidade de migração.
Bandas que fazem a diferença na cena local
A resistência cultural da Zona da Mata também se expressa nas bandas Ticuqueiros, Tercina e Tertúlia, que carregam a identidade nordestina em suas composições e performances.
Ticuqueiros tem uma forte ligação com a música popular regional, trazendo em seu repertório ritmos como coco de roda e maracatu, mantendo vivas as tradições locais.
Tercina, com mais de uma década de trajetória, transita entre o rock e a música nordestina, conquistando reconhecimento pela autenticidade e qualidade musical. Recentemente, a banda lançou o álbum Presságio e tem se destacado em eventos culturais dentro e fora do estado.
Tertúlia une MPB e poesia em suas composições, promovendo lançamentos que valorizam a cultura local. Seu último trabalho, Festas e Rituais, reafirma o compromisso do grupo com a produção independente e a valorização da arte regional.
A força do interior na cultura brasileira
A decisão de permanecer no interior não significa estagnação. Pelo contrário, artistas como os de Goiana mostram que é possível crescer, alcançar novos públicos e consolidar carreiras sem abrir mão de suas raízes. Além disso, ao permanecerem em suas cidades, esses artistas descentralizam a produção cultural, estimulam a economia criativa local e inspiram novas gerações.
Com iniciativas como a de Sam Silva, que busca conectar talentos locais a oportunidades em grandes mercados por meio do selo Fervo Produções, e com a força de bandas que mantêm viva a tradição e inovação na música, a Zona da Mata segue se consolidando como um polo cultural vibrante. O interior brasileiro, ao invés de ser apenas um ponto de partida, tem se tornado um destino de permanência e resistência para artistas que acreditam no poder de suas próprias histórias e territórios.