Em um almoço num restaurante
localizado na Zona Sul do Recife, estavam reunidos jornalistas, funcionários e
o Conselho Administrativo da Um Telecom, empresa operadora de telecomunicações
e soluções em infraestrutura de Tecnologia da Informação. O objetivo foi fazer
o lançamento oficial do Atlantic Data Center, uma infraestrutura de classe
mundial. “É uma honra poder contar com a presença de cada um de vocês nesse dia
tão importante para a história da Um Telecom, e por que não dizer, para a
história do Estado de Pernambuco. Fizemos questão de convidar alguns dos
maiores comunicadores do estado para que a gente pudesse dar essa notícia e
compartilhar com vocês essa nossa iniciativa”, afirmou, de maneira entusiasmada,
a diretora de marketing da empresa, Raquel Scarano.
A Um Telecom tem o sangue
pernambucano no DNA, e foi fundada em 2010 tornando-se referência no País em
infraestrutura de serviços digitais. A empresa tem um portfólio diversificado e
há alguns anos essa empresa vem traçando esse passo, esse projeto, de construir
um data center com toda a qualificação e toda a certificação que pode trazer
grandes players de todo o mundo para o Estado de Pernambuco. Nesse momento, foi
apresentada a Atlantic Data Center, presidida pelo engenheiro de Computação
Daniel Gomes – que também é vice-presidente da Um Telecom. Gomes é especialista
em Gestão de Negócios na Era Digital, além de especializado em gestão de
projetos e de inovação em produtos e serviços.
Ainda de acordo com Daniel Gomes,
havia antigamente um déficit muito grande de fibra ótica, de conectividade de
forma geral, mas que isso cresceu muito nos últimos anos. O Brasil hoje, é
conhecido por possuir uma competência do mercado de telecomunicações digitais, e também dos provedores de internet regionais,
com uma taxa enorme de penetração da conectividade. “É lógico que em alguns
locais tem menos, mas a gente ainda tem carência de data centers. Na verdade,
não é um privilégio da gente ter essa carência. Hoje, essa carência está no
mundo todo, principalmente depois da questão da inteligência artificial. Para
atender esse pedaço do lado direito, que são data centers e clouds, é
justamente que a gente está criando a Atlantic Data Centers”, revela Gomes.
O presidente da Um Telecom, Rui
Gomes, fez questão de salientar que a instalação de um data center será benéfica
principalmente para o Nordeste. “A Um Telecom tem uma rede de fibra ótica com
mais de 22 mil quilômetros de rede. Então, que vai desde o Maranhão até a
Bahia. O data center precisa estar bem conectado. O data center precisa ter
fibra ótica. Então, essa infraestrutura digital, ela vai ser bem integrada
dentro desse projeto da Atlantic, porque vai ter a rede de fibra sentindo esse
data center com essa configuração que a gente tem”, afirma Rui Gomes.
Inteligência Artificial – Se compararmos o número de consultas diárias do Google e do chat GPT, o Google em 2022 já fazia 8,2 bilhões de consultas em média por dia. Em 2023, 8,5. Em 2024, manteve o mesmo número de 8,5 bilhões. O chat GPT, ele foi lançado em novembro de 2022. Em dezembro de 2022, ele teve 1 milhão de consultas diárias. Já em dezembro de 2023, 28 milhões. Em dezembro de 2024, 430 milhões de consultas diárias. Quando se observa esses números, podemos imaginar o que se pode vislumbrar para 2030. Se essa lógica for seguida, já em 2026, o chat GPT pode superar a quantidade de consultas diárias do Google. Em outras palavras, o chat GPT é só um exemplo da questão do uso que se tem com inteligência artificial generativa.
De acordo com os executivos
Daniel e Rui Gomes – apesar de possuírem o mesmo sobrenome, eles não são
parentes – para se chegar a essa conclusão foi necessário um treinamento anterior
para a Inteligência Artificial. Houve, então um alto consumo de energia e de recursos
naturais. Esse treinamento pode ser feito em qualquer lugar do mundo, não
necessariamente próximo do usuário. Se há um ecossistema de infraestrutura
digital bem montado e confiável, de treinamento de inteligência artificial,
isso para o mundo, é uma grande oportunidade. “Para vocês terem uma ideia, a
quantidade total de data centers no mundo em 2022, ela consumiu em terawatts
hora, ou seja, 1000 gigawatts hora, 460 terawatts hora, que é o equivalente a
85% do que o Brasil consome no ano inteiro. Já em 2026, a previsão é que seja
1050 TWh, ou seja, duas vezes o que se consome de energia no Brasil”, relata .
A energia elétrica no Brasil é
93% renovável, frente a 48% de média mundial. Então na maioria dos países desenvolvidos,
como Estados Unidos e vários da Europa, o principal fonte de energia é fóssil.
É carvão, é petróleo, é gás. Mas aqui no Brasil é renovável. Vinda
principalmente de hidrelétrica, eólica e solar. E nesse contexto do Nordeste,
vocês sabem, a gente está mais adiantado. Só de energia eólica, mais de 90% são
geradas no Nordeste. Hoje no Nordeste a gente gera mais energia do que consome.
Por que ser renovável é importante? Porque utilizar energia renovável é
importante nessa dinâmica dos data centers, da inteligência artificial e dos
aplicativos de forma geral. Ou seja, data center consome muita energia e aqui
no Nordeste é um terreno literalmente fértil para essas novas tecnologias.
Atlantic Data Center - De acordo com Daniel Gomes, já há algumas operadoras que estão no projeto para entrar no datacenter. “A gente vai atrair dezenas de outras operadoras que também terão conectividade aqui nesse datacenter. Na verdade, esse data center funciona como um centro logístico, um hotel, um condomínio. O Parque Industrial do Curado está aqui, por esse mapa que a gente vê, tem a BR-232, tem a BR-408, as BRs, as rodovias, então é fácil para as empresas chegarem aí. Aqui também tem uma subestação da CHESF onde a energia está a pouco menos de um quilômetro de distância do nosso terreno e tem muita energia disponível para ser utilizada nesse datacenter. Em termos de distância, a gente tem vários polos aqui do nosso estado que estão próximos ao Data Center. O Data Center está, daqui do Pina, na Boa Viagem, ele está a 12 quilômetros, do Porto Digital, no bairro do Recife, ele está a 13 quilômetros”.
O vice-presidente da empresa,
Joselito Bergamaschine – conhecido como Joe – tem 25 anos de experiência,
trabalhou em empresas multinacionais como a TNT, a própria Globinex também que
é do fundo do BTG, agora Vital, além de ser graduado em Engenharia Elétrica com
pós-graduação no MIT. Bergamaschine foi bem taxativo no que se refere à
necessidade do uso do Data Center para a Inteligência Artificial. “A gente quer
formar um ecossistema digital, um mercado digital, vou usar muito esse termo, aonde
várias companhias vêm para trocar serviço entre elas. Basicamente falando, não
existe IA sem datacenter. Não existe, guardem bem isso, não existe nuvem sem
datacenter. Não tem como. Isso não vai existir”, ressaltou firmemente.
No encerramento da palestra, o
presidente da Atlantic Data Center, Daniel Gomes, ressaltou que o Brasil pode e
deve ser produtor e exportador de tecnologia. “A gente tem energia limpa,
renovável aqui. O Nordeste, ele é abençoado por ter tanta energia. Tem água,
tem... Tudo que um Data Center precisa, tudo que precisa de infraestrutura, a
gente tem. E muita gente falando que precisa de treinamento de mão de obra. Tem
o Porto Digital para treinar mão de obra, tá? E o Brasil vai exportar
hidrogênio verde. Então a gente vai exportar hidrogênio verde para o pessoal lá
fora fazer Data Center e a gente continuar sendo colônia? Em vez de estar
exportando treinamento de Inteligência Artificial? Então, a gente tem que
refletir, a gente tem que se unir, a gente tem que pensar no que é necessário
para daqui a 10 anos ou mais”, ressaltou Gomes, que foi muito aplaudido pelos
presentes.