Todo dia é dia de Natal e de fazer o bem
Pensamos em fazer uma mensagem com palavras bonitas e cheias de emoção para distribuir com os amigos/as. Pensamos, num cartão de Natal. Entretanto, observando os fatos vejo que o Natal antes de ser uma festa de confraternização familiar, é um momento de reflexão, de questionamentos. Jesus Cristo nasce, cresce e morre todos os dias e instantes em nossas vidas E não é com bolas, festas, exibicionismos e mesas fartas que o recebemos. Pelo contrário. Pelas ruas da cidade, percebemos que “Jesus Cristo” sofre, estirando a mão vazia, suja, e com os olhos de uma infância marcada pela fome, miséria e falta de esperança. Então, perguntamos: onde estão as estrelas e as árvores natalinas? Qual é o verdadeiro sentido das festas natalinas? Não somos pessimistas, todavia, as mudanças chegam sem pedir licença, como ventos que movem folhas e revelam c aminhos cheios de desafios. A realidade não me foge aos olhos. É dura e, ao mesmo tempo, cruel.
É impossível não ouvir “Jesus Cristo” andar próximo de mim e bater à nossa porta, pedindo um pedaço de pão que ele durante a ceia Santa há milênios disse aos seus apóstolos “tomai e reparti entre vós, pois este é meu corpo...” É impossível ainda não sentir que a cruz de cada dia está ainda mais pesada e que o “palco da vida” está repleto de egoístas, golpistas, gananciosos e de aproveitadores... Eles estão surdos!
Observamos uma inquietação latente e até insegurança tomando conta das pessoas nesse período. O grau de padronização, massificação e consumismo, empurrado pela “ditadura de modismo” parecem não ter fim na era da globalização e da comunicação digital, e agora com a Inteligência Artificial (IA), tecnologia que permite que computadores e máquinas simulem a capacidade de resolução de problemas e a inteligência humana.
Com tudo isso, é necessário parar, pensar e escutar “Jesus Cristo” no choro da criança abandonada e desamparada pelos poderes públicos, que sobrevive na miséria e pobreza das periferias das grandes cidades deste País. Nas crianças que sofrem maus tratos e depois são entregues à própria sorte pelos pais ou responsáveis. Os números da violência cresceram nos últimos tempos, apesar de não serem divulgados com transparência.
É tempo de gritar! Vamos gritar? Gritar bem alto para que os ouvidos de nossas almas possam escutar e despertar. Gritar que é ainda é tempo, ainda não é noite e o que o dia não terminou. Podemos abrir nossas mãos e construir, fazer o bem e a diferença. Fazer o bem aparentemente parece ser tão monótono, minúsculo e insignificante. Sem frutos visíveis a serem colhidos de imediato. Não é bem assim. Não aprenderemos a lição, se fugirmos dela, e não conseguiremos dormir em paz, sem termos cumprido com o dever na estrada e na poeira das ruas que sonhamos. Cada passo, por menor que fosse, nos trouxe até aqui. Somos a prova de que recomeços não são coisas de fracos, mas a “força estranha” nos impulsiona, dia após dia, para sermos nossa melhor versão.
Então, vamos juntos neste barco de esperança. Daqueles que acreditam no valor das pequenas coisas. Daquelas que não visíveis aos olhos, porém de um valor imenso.
Para que o Natal se faça dentro de nós de maneira autêntica, sem luxos, opulência e hipocrisias. Para que a estrela brilhe na vida de todos nós. Para que o Natal seja verdadeiro em cada um de nós, porque somente uma viagem no interior da alma é capaz de transformar o homem a viver o Natal de todo dia.
Se, fossemos invulneráveis, como realizaremos o contato, a aproximação, o diálogo, a sintonia, a comunicação? Se, não carregássemos cicatrizes, como entenderia as cicatrizes dos que me procuram? Ainda resta esperança. Quando um punhado de lutadores não abandona a esperança, a fé e a vontade de melhorar os destinos da humanidade, de fazer o bem e amar o próximo. Isso mesmo: amar ao próximo, desenvolvendo o amor em nós, deve ser o nosso objetivo, se queremos ser, a cada dia, pessoas melhores, mais solidárias, fraternas e felizes. O amor é tudo!
É inegável que o amor ao próximo nos leva a amarmo-nos sem egoísmo, inveja. Precisamos aprender olhar cada pessoa com olhos de simpatia, vontade de gostar dela, com os olhos do coração, com cuidado, acolhimento e proteção.
Chico Carlos é jornalista, pesquisador musical e escritor