segunda-feira, 9 de dezembro de 2024

#VcNoBlog Anabela de Alencar Araripe

 

Segurando mãos para reerguer mulheres

Anabela de Alencar Araripe*

Muito tem sido falado da força das mulheres. Da luta contra o etarismo. Da ocupação feminina em mais espaços de poder e da busca por salários compatíveis aos masculinos. De conquistas alcançadas. E muito ainda precisamos conversar sobre as mulheres em tempos de mudanças. Seja com vista às suas transformações pessoais ou profissionais.

Após os 50 anos, muitas mulheres como eu, enfrentam momentos de transição que, embora desafiadores, podem abrir portas para novas oportunidades. Seja ao se aposentarem, por divórcios ou redirecionamentos de trabalho no mercado . Mulheres maduras oferecem sobretudo um bom tempo de experiências de vida e, com certeza, de competências valiosas.

E ao refletir sobre mudanças e dificuldades percebo que essa é uma fase de transição que exige sobretudo a necessidade de se reinventar. E num mercado cada vez mais competitivo, as mulheres precisam trocar aprendizado com outras que estejam vivenciando esse mesmo momento, para construir, cada uma, do seu jeito, e com suas possibilidades, novos e proveitosos caminhos.

E , particularmente, estou também nessa luta. Percebo em alguns Grupos de Mulheres que integro, na faixa entre 50 a 60 anos, que essa troca de experiência tem se tornado numa efetiva força transformadora. E essa constatação é vista quando se compartilha histórias e os referidos conhecimentos e assim encontrar inspiração para superar desde grandes desafios a redesenhar novos projetos que possam traduzir nossas habilidades acumuladas.

Acreditar e perceber que pode ser real a vontade de recomeçar, de aprender tende a se tornar um caminho para conquistas surpreendentes e tudo isso , com apoio mútuo, ajuda a nos transformar, a nos reerguer. Estender a mão, compartilhar aprendizados e oferecer suporte umas às outras podem ser atos poderosos para reconstruir sonhos e fortalecer trajetórias. Por isso que percebo o ganho emocional e profissional quando escuto as dores e alegrias das outras.

Ninguém precisa cruzar essa fronteira das dificuldades sozinha. Juntas em tempos difíceis mulheres podem reerguer umas às outras e isso é uma realidade para aquelas que participam de grupos, movimentos, associações. Vivo isso no momento e tenho tido muitas inspirações que me motivam a fazer planos pessoais e profissionais.

Aos 58 anos minha vida está sendo reinventada. E posso garantir que estou otimista com a luz que vejo fora do túnel.

Nessa nova fase que aponta para o futuro tem perdas mas multiplico saúde mental. E uma das grandes inspirações vêm de quem está ao meu lado sempre, Moema Araripe, 82 anos funcionária Pública Federal que após a aposentadoria como ela diz, entrou numa "curva ascendente". E diferentemente de muitas mulheres nessa faixa etária, ela se reinventou ampliando seus conhecimentos participando de grupos de leitura; fazendo autoconhecimento na terapia psicológica , iniciando como pintora e fazendo ballet e musculação . " A cada dia na academia tento superar minhas limitações". A Igreja também proporcionou uma nova conecção com Deus para desenvolver a fé.

Relatos como esse e o exemplo repassado por Madalena Patriota, 76 anos, uma empreendedora nata, é inspirador para mim e para tantas mulheres, porque também está se reinventando com a prática de encorajar mulheres com sua empresa de promover eventos, palestras, networking e num ambiente que possibilita que vozes femininas se encontrem para compartilharem suas vivências.

O desejo de superação é comum em todas nós mulheres. Assim como enfrentar o preconceito que mira em nossas idade. Acordar diariamente consciente de que precisamos mover a coragem para se reinventar é inspirador . E todas podemos tentar .É segurando mãos que seguimos fortes ajudando a mudar vidas.

*Anabela Alencar Araripe é empresária, com mais de 30 anos de atuação no mercado. Formada em Marketing e Administração de Empresas teve passagens por grandes marcas e integra o grupo fundador da Rede Odontocape em Pernambuco.