No desenvolvimento do sertão nordestino foi marcado de violência e resistência em uma jornada histórica que remonta ao Brasil colonial, com formação brutal e contraditória do país através de relações tensas e ambíguas entre portugueses, africanos e indígenas. Personagens distintos encarnam esses conflitos de raça, cultura e religião no último romance do escritor Ronaldo Correia de Brito, que revela um Brasil de mitos e injustiças, onde a hipocrisia e a dureza moldam tanto as famílias quanto a própria identidade nacional, iluminando raízes que ainda reverberam na sociedade brasileira contemporânea. "Meu romance 'Rio Sangue' é uma tentativa de compreender o Brasil a partir de sua formação colonial, um retrato de como a nossa identidade foi moldada pela complexa interação entre indígenas, africanos e colonizadores portugueses", destaca o romancista.
No romance “Rio Sangue”, Ronaldo Correia de Brito narra uma jornada histórica que revela um Brasil de mitos e injustiças, onde a hipocrisia e a dureza moldam tanto as famílias quanto a própria identidade nacional, iluminando raízes que ainda reverberam na sociedade brasileira contemporânea. “Dentro dessas 320 páginas, não só revisitamos mitologias e tradições desses povos, mas também refletimos sobre como a violência da colonização continua a se reverberar na sociedade atual. O Brasil carrega assim as marcas dessa construção e, enquanto não enfrentarmos nosso passado colonial, certas realidades continuarão a parecer 'naturais', quando na verdade são fruto de uma história de opressão e exploração”, comenta Correia de Brito.
Em sua palestra marcada para o próximo domingo, dia 17 de novembro às 16h, Ronaldo será acompanhado por Carlos Filho, que também contribui com reflexões e interpretações da obra, numa discussão que se faz extremamente importante nos dias de hoje. "Vivemos em um país onde a escravidão, apesar de formalmente abolida, ainda persiste em outras formas, disfarçada. O trabalho em condições análogas à escravidão existe e, de forma mais sutil, permeia nossa sociedade com novas roupagens. Os trabalhadores de aplicativos, por exemplo, muitas vezes vivem sob uma falsa sensação de autonomia, quando na verdade estão presos a condições que os limitam, assim como ocorria com os escravizados. É uma escravidão contemporânea, e é doloroso ver que o Brasil repete esse modelo secular, adaptando-o à realidade do século XXI, mas sem superá-lo", diz o autor numa reflexão sobre a ressignificação da ideia de escravidão na modernidade.
Desta forma, "Rio Sangue" revisita a formação histórica do Brasil, apresentando um retrato que une portugueses, africanos e indígenas em uma trama que revela as camadas profundas e violentas da colonização. Através de personagens inspirados em figuras históricas, o romance aborda a convivência de diversas culturas e os mitos que emergem deste encontro. "Esta obra explora o conceito de família no contexto colonial e suas transformações ao longo desse tempo. Em 'Rio Sangue', mostro como os laços familiares foram impactados pela chegada dos colonizadores, pela destruição das tribos indígenas e pela importação forçada de africanos. Esse processo de desconstrução familiar ainda ecoa hoje, especialmente em comunidades pobres”, coloca Ronaldo.
Com a participação de Carlos Filho que, além de comentar o romance, trará para a discussão canções compostas por um personagem escravizado no livro, a palestra irá assim discutir como a história familiar e os vínculos humanos são centrais na formação do Brasil que temos hoje."A palestra, pensada de forma acessível, visa atrair principalmente o público jovem e estudantes de literatura, proporcionando um debate leve, mas profundo. Por isso, trará essa interpretações do livro, que são inspiradas em versos de um personagem histórico real, adicionando uma dimensão lírica ao encontro”, completa Ronaldo Correia de Brito.
Com entrada gratuita e apoio de patrocinadores como Governo Federal, Copergás, Fundarpe, Porto Digital, Porto de Suape e Universidade de Coimbra, a Fliporto 2024 é realizada pelo Instituto Asa Branca e a programação completa e mais informações podem ser acompanhadas pelo instagram: @fliporto.
Apoiadores e patrocinadores - Governo Federal, Governo de Pernambuco, Porto Digital, Copergás, Suape, Sandrin Planejados, Fundarpe, Adepe, CEPE, Academia Brasileira de Letras, Academia Pernambucana de Letras, UBE/PE, Instituto Camões, Fundarpe, Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Universidade de Coimbra, Livraria do Jardim, Uninassau e Gabinete Português de Leitura.
SERVIÇO:
Olinda das Artes
Quando: Dias 14 a 17 de novembro de 2024
Onde: Ateliês do Sítio Histórico, em Olinda
Acesso: Gratuito
Mais informações: http://fliporto.com.br/ (site) e @fliporto (Instagram)
Fliporto 2024 - XIII Festa Literária Internacional de Pernambuco
Quando: Dias 14 a 17 de novembro de 2024
Onde: Mercado Eufrásio Barbosa, em Olinda
Acesso: Gratuito
Mais informações: @olindadasartes (Instagram)