quinta-feira, 7 de novembro de 2024

Projetos ArqueoPOP! e Arqueo3D oferecem atividades interativas sobre Arqueologia para o público do festival de tecnologia

 

Aprender sobre o passado de Pernambuco por meio de jogos e fazer uma visita virtual a sítios arqueológicos são algumas das experiências interativas que os projetos de extensão ArqueoPOP! e Arqueo3D oferecem ao público do Festival REC’n’Play 2024 no Bairro do Recife. Os dois são vinculados ao Laboratório de Geoarqueologia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e, durante os quatro dias do evento realizado pelo Porto Digital, promovem diversas atividades no espaço Arqueo3D – Arqueologia em Três Dimensões, instalado na Livraria Jaqueira (ao lado do Paço Alfândega). O acesso ao festival é gratuito e, pela internet, as pessoas solicitam o Passaporte REC’n’Play.

No térreo da livraria, das 10h às 18h, as pessoas poderão conhecer a experiência sensorial Tateando o Passado; os processos de escaneamento e impressão 3D, incluindo exposição de modelos digitais 3D e de réplicas impressas; o gameplay Arqueopop e o cardgame Quem sou eu?. Algumas atividades são realizadas em dias específicos: A experiência para o público infantojuvenil Desvendando camadas (na sexta-feira e no sábado), a Aventura RPG – Sangue no Novo Mundo e o Quiz Arqueológico (na sexta-feira à tarde), e a Aventura RPG D&D 5e – A Cidade Abaixo (no sábado pela manhã). Os horários serão divulgados nas redes sociais dos projetos de extensão.

O projeto ArqueoPOP!, coordenado pelo professor Bruno Tavares, e o projeto Arqueo3D, coordenado pelo professor Demétrio Mutzenberg, ambos do Departamento de Arqueologia da UFPE, convergem pelo objetivo de divulgar conhecimento científico para a população de maneira lúdica, utilizando recursos presenciais e virtuais. Para fazer isso, os pesquisadores têm produzido itens como jogos físicos e digitais, experiências de realidade virtual e aumentada e modelos interativos feitos com impressoras 3D. Pessoas em diversas etapas da formação acadêmica fazem parte das equipes: de estudantes da graduação (a maioria) a pesquisadores com doutorado concluído.



“O Arqueo3D utiliza novas tecnologias para divulgar conhecimento arqueológico e informações sobre nosso patrimônio nas mídias sociais, YouTube, Instagram. Usamos, por exemplo, imagens captadas por drones nos sítios arqueológicos. Também fazemos escaneamento de materiais arqueológicos, usando um scanner 3D, e transformamos em um documento para ser impresso por uma impressora 3D. Com isso, criamos material didático, pois uma peça arqueológica tem sua delicadeza dependendo do material e uma réplica feita com uma impressora 3D pode ser manuseada de forma mais livre. Com essas réplicas, podemos fazer atividades lúdicas”, explica o professor Bruno Tavares, que coordena o Laboratório do Geoarqueologia.

Ele cita como exemplo uma das atividades que serão realizadas pelo grupo durante o REC’n’Play, a Desvendando camadas. Algumas réplicas criadas com escaneamento e impressão 3D foram escondidas em caixas preenchidas com camadas de diferentes tipos de solo e vegetação. O público precisa escavar a terra para encontrar os itens, uma experiência que remete ao trabalho feito pelos arqueólogos.

Um segundo uso dos equipamentos de escaneamento e impressão 3D, em que se destaca o potencial para promover acessibilidade de pessoas cegas, com baixa visão ou mobilidade reduzida, também será mostrado no festival. O pesquisador Lucas Bonald fala sobre a experiência sensorial Tateando o Passado, criado a partir da pintura existente no Sítio Arqueológico dos Homens Sem Cabeça, no Vale do Catimbau (PE): “Ele é mais voltado para o público com deficiência visual. Criamos um painel a partir de uma pintura rupestre. Escaneamos e imprimimos cada elemento dessa pintura (separadamente) e vamos montar como um painel 3D. A pessoa vai poder tocar nas peças. Decidimos fazer este elemento de acessibilidade para que ela possa vivenciar aquilo”.

Sobre as aplicações das novas tecnologias na Arqueologia, o integrante do Arqueo3D comenta: “Desenvolvo trabalhos com aplicações tecnológicas desde a graduação; trabalhei com a parte de análise espacial, sistemas de informação geográfica, essa parte cartográfica. No mestrado, ampliei isso e também fui mais para a parte de fotogrametria, foi quando tive os primeiros contatos com modelagem 3D. No meu doutorado, entrei na parte de utilização de inteligência artificial, trabalhei com machine learning aplicado a modelos preditivos”.

JOGOS - A possibilidade de combinar Arqueologia com tecnologias digitais também atraiu a mestranda Yasmin Koury, integrante do ArqueoPOP!. Técnica em programação de jogos, ela fez a graduação em Arqueologia na UFPE e agora é discente do Programa de Pós-Graduação em Design (PPG-Design). “Tive a oportunidade de pagar uma disciplina em Design com meu coorientador do TCC, o professor Natal Chicca, sobre design de jogos e no mesmo período paguei uma disciplina em Arqueologia sobre grafismos rupestres, com a professora Daniela Cisneiros. Fizemos uma viagem de campo para a Pedra do Ingá e achei fantástico. Sugeri ao grupo da disciplina de Design fazermos um jogo com registros rupestres. Criamos o Onde está você?, um RPG que se passa durante a pré-história e conta a história de uma família de caçadores-coletores que foram separados. Uma dessas pessoas, que é o personagem do jogador, tenta encontrar a família utilizando as pinturas rupestres como meio de comunicação. A pessoa precisa explorar o mapa, encontrar itens para fazer a tinta e pintar as paredes”, detalha Yasmin.

Ela lembra que um protótipo desse jogo foi apresentado no 5º REC’n’Play e adianta que um segundo produto será lançado desta vez. “Desenvolvemos o jogo em oito meses, eu na programação e o artista Willian Oliveira, de Design. O pessoal jogou no festival e fizemos algumas experimentações aqui no laboratório para o pessoal nos dar feedback. Estamos levando a versão final desse RPG e outro jogo que desenvolvi com Willian, o 25 gatinhos no Ingá, um point and click em que você tem que encontrar gatinhos escondidos no cenário do Sítio Arqueológico da Pedra do Ingá. Gosto muito de jogar e desenvolver jogos, fui fazer mestrado em Design porque queria ter esse contato maior com a parte criativa. E pretendo continuar com isso, principalmente fazendo essa integração com a Arqueologia porque gosto bastante. Nossos jogos estão disponíveis na página Miniwill Studio”, afirma.

Além dos jogos, digitais ou físicos, o universo do ArqueoPOP! inclui livros, filmes e séries. “O projeto busca elementos em obras da cultura pop nessas obras e mostra ao público que a arqueologia está presente ali. Divulgamos nas redes sociais, TikTok, Instagram. A gente tem conseguido um alcance bem interessante, gente de dentro e de fora da comunidade acadêmica. É falar de um Indiana Jones, de uma Lara Croft, mas também de inúmeros animes e mangás que despertam a curiosidade do público sobre a Arqueologia. Tem personagem que eu fiquei conhecendo por causa dos estudantes, eles fazem um trabalho de curadoria de forma bem refinada”, avalia o professor Bruno Tavares, que completa: “Temos feito eventos, como ArqueoPOP! Cine e o ArqueoPOP Game, quando organizamos o prédio aqui para fazer mesas de RPG e jogos digitais. Alguns elementos da Arqueologia aparecem de maneira mais direta nas obras, outros são easter eggs, mas a gente começa a descobrir que tem muito mais coisa do que a gente imagina. Existem tanto mangás quanto animes que têm referências fantásticas, lidam diretamente com conceitos arqueológicos”.

PRÓXIMOS PASSOS – Iniciados em 2024, o ArqueoPOP! e o Arqueo3D são projetos de extensão iniciados em 2024. A proposta do primeiro inclui promover experiências em escolas públicas, produzindo cartilhas que apresentem conceitos da arqueologia de maneira lúdica e réplicas de peças arqueológicas feitas em impressoras 3D para serem manipuladas pelos estudantes. O segundo planeja desenvolver experiências de realidade virtual, a partir de fotografias em 360º feitas em sítios históricos, com intuito de proporcionar um tour virtual para idosos com baixa mobilidade (visto que muitos sítios pré-históricos ficam em áreas de difícil acesso). A iniciativa foi selecionada em edital do Núcleo de Atenção ao Idoso (NAI) da UFPE.

Mais informações
ArqueoPOP! no Instagram @arqueopop
Arqueo3D no Instagram @arqueo3d