Quem já leu sobre o regime militar no Brasil (1964-1985) com certeza já viu uma foto em que um estudante era perseguido por três policiais militares. A foto parecia ter movimento, tamanho o esforço do jovem lutando por sua vida e liberdade. A imagem acabou se tornando um dos símbolos desse período da história do Brasil - que deve ser sempre recordado, "para que não se esqueça, para que nunca mais aconteça".
Muita gente deve se perguntar: "o que aconteceu com o jovem?". O fotógrafo Evandro Teixeira, certa vez disse: "“Quando cheguei à Cinelândia eu ainda fotografei aquele estudante de Medicina caindo. Ele bateu a cabeça no meio-fio, em frente ao Teatro Municipal, deu um berro horroroso e morreu ali mesmo”. O fotógrafo da icônica imagem morreu hoje, aos 88 anos, no Rio de Janeiro, vítima de pneumonia. Outras imagens históricas da época também tem autoria de Teixeira e estão sendo expostas aqui neste texto. A partir de agora, as informações são do Wikipedia.
Evandro Teixeira, nascido em Irajuba (BA), então um pequeno povoado a 307 quilômetros de Salvador. O pai, Valdomiro Teixeira, o Vavá, era fazendeiro, e a mãe, Almerinda Teixeira de Almeida, conhecida como Nazinha, dona de casa. Em 1950, mudou-se para Jequié, para continuar os estudos, e trabalhou no Jornal de Jequié, que possibilitou comprar sua primeira câmera fotográfica. Em seguida foi para Ipiaú, onde aprendeu fotografia com Teotônio Rocha, primo de Glauber Rocha, e lá trabalhou no Jornal Rio Novo. Comprou sua segunda câmera, uma Polaroid. Em 1954, mudou-se para Salvador e lá faz um curso de fotografia por correspondência com José Medeiros, através da revista O Cruzeiro, e trabalhou como estagiário no jornal Diário de Notícias.
No fotojornalismo, iniciou sua carreira em 1958, estagiando no jornal carioca Diário da Noite. Em 1963, passou a trabalhar para o Jornal do Brasil (JB), onde permaneceu por 47 anos, até 2010, quando a edição impressa do jornal deixou de circular. Em 1964, casou-se com Marly Caldas de Almeida, professora, com quem teve duas filhas. Nesse mesmo ano ocorre o golpe militar, Evandro conseguiu entrar no Forte de Copacabana na madrugada do dia 1º de abril, quando foi tomado pelos golpistas, e testemunhou a chegada ao local do general Humberto Castello Branco. A foto foi publicada na capa do jornal no dia seguinte, e tornou-se um marco na história política do País
Cobriu em 1968, para o JB, as manifestações do movimento estudantil no Rio de Janeiro e a repressão da ditadura militar, produzindo fotos que se tornariam emblemáticas da luta pela liberdade. Entre elas, o confronto de estudantes e policiais a cavalo no Centro do Rio e a Passeata dos Cem Mil. Em 1973, cobriu no Chile o golpe militar que derrubou o presidente Salvador Allende e instituiu a ditadura do general Augusto Pinochet. Também registrou os momentos que se seguiram à morte do poeta Pablo Neruda – ele foi o único jornalista a fotografar Neruda morto, ainda no hospital – e documentou a comoção no país.
Viajou pela primeira vez a Canudos, no sertão da Bahia, em 1994. O local foi palco da Guerra de Canudos, em que uma comunidade sertaneja liderada por Antônio Conselheiro foi massacrada pelo Exército brasileiro. Evandro voltou ao local várias vezes nos anos seguintes. As fotos de Evandro integram acervos de museus como o de Belas Artes de Zurique, na Suíça; Museu de Arte Moderna La Tertulha, Colômbia; do Masp, em São Paulo, do MAM e do MAR, ambos no Rio de Janeiro. Um de seus livros, Fotojornalismo, está na biblioteca do Centro de Artes George Pompidou, em Paris. Em 1994, teve o seu currículo inserido na Enciclopédia Suíça de Fotografia, que reúne os maiores fotógrafos do mundo. Entre os prêmios recebidos, estão o da Unesco, Nikon e da Sociedade Interamericana de Imprensa.