A Bahia é uma potência em produção de energias. 95% da sua matriz elétrica é baseada em fontes renováveis. Essa vocação faz com que o estado tenha papel fundamental na liderança do desenvolvimento econômico sustentável. Pensando na construção de uma rede, a Secretaria de Desenvolvimento Econômico (SDE) reuniu o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), o Consórcio Nordeste e a Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB) para o workshop ‘Finanças Sustentáveis para Transição Energética’.
O evento teve como tema finanças sustentáveis com foco no desenvolvimento regional e da Bahia. A palestra foi de Carlos Salgado, especialista Regional de Energia do PNUD para a América Latina e o Caribe. O PNUD é um órgão da ONU para o desenvolvimento, que tem uma vasta experiência em estruturação de plataformas de investimento e laboratório de inovação financeira. O processo de transformação energética exige novas formas de inovação no sistema financeiro, exigindo a concentração de várias instituições para criar um ambiente propício a esse investimento.
Salgado afirma que os investimentos em renováveis crescem muito a nível global e já é superior a investimentos em combustíveis fósseis, como petróleo e gás. Ele afirma que priorizar os investimentos neste segmento, vai além da área ambiental e climática, é um investimento na área social. O especialista defende que é preciso o envolvimento de todos, atores públicos e privados.
“O grande problema está relacionado a uma grande concentração desses investimentos na China, nos países ricos, nos países do Norte. Aproximadamente 10% são investidos no resto dos países em desenvolvimento. Então estamos aqui para discutir como aplicar a inovação financeira e pilotar os instrumentos financeiros inovadores e mecanismos de mitigação de risco, inclusive regulações inovadoras para alavancar investimentos para países como o Brasil, países da América Latina”, explica.
De acordo com o secretário da SDE e coordenador da Câmara Temática de Desenvolvimento Econômico do Consórcio Nordeste, Angelo Almeida, o debate cumpre o importante papel de avançar no dever de casa. “Particularmente, a Bahia e o Nordeste estão desempenhando um papel muito importante neste cenário de mudanças climáticas. Estamos enfrentando os desafios de reduzir a emissão de gases de efeito estufa. Com a transição energética, surgem oportunidades de debates como esse para avançarmos e alçar uma nova forma de convivência com a sociedade, garantindo o futuro das próximas gerações. A Bahia é o site mais adequado para produção do hidrogênio verde, já que temos energia limpa e de baixo custo”.
*Parceiros*
“Este evento trouxe informações que a gente desconhecia. Já existe um plano de ação muito bem montado, que foi mostrado e que com certeza terá o apoio de toda a nossa coletividade industrial. O workshop nos mostrou quais são os caminhos para a transição energética e é muito bom saber que existe um plano de financiamento para isso”, afirmou Roberto Fiamenghi, executivo do Grupo Unigel e vice-presidente da FIEB, onde o evento ocorreu.
O Procurador do Estado da Bahia e coordenador da cooperação PGE/Bahia e Consórcio do Nordeste, Ailton Cardoso Junior, diz que é preciso governança, integração das instituições, segurança jurídica e projetos de qualidade, que envolvem uma série de atores e competências, que unidas podem criar esse ambiente perfeito de desenvolvimento sustentável, que demanda uma dimensão social, econômica e ambiental.
“Estamos em um momento propício, na dimensão importante da internacionalização das novas discussões geopolíticas, inserção da economia baiana e nordestina nas cadeias globais. Temos muito a ensinar no processo de transformação ecológica, até porque grande parte desses aprendizados estão nas comunidades, na perspectiva da nossa ancestralidade africana, na nossa relação indígena. A interação entre o desenvolvimento econômico, social e ambiental, exige um processo de governança integrada e de escuta entre os atores desta implementação”, afirma o procurador.
Para finalizar, Glauber Piva, chefe de gabinete do Consórcio Nordeste, diz que o workshop serviu para mostrar a importância de se construir uma arquitetura em rede em que as finanças possam contribuir para a transição energética e serem chamadas de finanças sustentáveis. “O Consórcio já vem estruturando uma plataforma de investimentos, que são ferramentas para viabilizar o financiamento e estruturação de projetos. A Bahia é uma liderança importante na geração de energia renovável e na promoção do diálogo com os gestores de políticas públicas para o desenvolvimento econômico. Isso mostra que o Nordeste quando trabalha conjuntamente e em rede, se qualifica para ser uma grande liderança em uma nova fase do desenvolvimento do Brasil”.