Recentemente, nos deparamos com textos intitulados como "críticas" acerca de posicionamentos eleitorais. O mais curioso é que a maioria dessas críticas vem de quem pertence a grupos beneficiados pela Ordem, advogados ligados a famílias tradicionais, que talvez desconheçam a dificuldade de iniciar a carreira na advocacia. Muitos não sabem o que é buscar clientes e construir um nome sem carregar um sobrenome influente.
Interessante é falar sobre democracia acreditando que exercê-la significa permanecer sempre em um mesmo grupo, aceitando todas as decisões de uma "cúpula".
Em ano eleitoral, é fácil e conveniente levantar bandeiras, como a da representação feminina. No entanto, na prática, o amplo direito de participação não é garantido. Vale destacar que na atual gestão da OAB/PE a figura feminina está presente no corpo diretivo de forma equilibrada, mas, nas demais posições, as mulheres ocupam cargos secundários, como suplentes ou adjuntas.
Como advogadas, lutamos para que a classe enxergue a todos, sem se importar com gênero, sobrenome ou região de atuação. Quando esse momento chegar, poderemos, de fato, falar de uma advocacia democrática e respeitosa!
Aqui propomos uma reflexão: será que aqueles que possuem espaço na mídia para amplamente divulgar seus textos críticos sabem o que é começar uma carreira jurídica sem um sobrenome que abre portas? Sabem o que é ser atendido pela Ordem, independentemente de quantos anos de carreira possuam, ou se atuam na região metropolitana ou no interior do estado? Conhecem a realidade de quem trabalha em uma pequena sala improvisada em contraste com os grandes escritórios?
A Ordem que desejamos é uma entidade de verdadeira representação, não apenas uma instituição que, em períodos eleitorais, levanta pautas que sensibilizam. Não queremos uma Ordem que preze pelo discurso bonito, mas ineficiente. Queremos uma OAB que, de fato, ofereça voz a todos e busque políticas de benefícios constantes, não apenas às vésperas das eleições, como forma de encobrir a falta de ação anterior.
Além disso, é extremamente saudável haver "trocas de lados". Isso é sair da inércia e exercer a democracia. Triste é aquele que finca os pés e se recusa a mudar ou se renovar, acreditando que, uma vez vinculado a um grupo, deve permanecer nele até o fim, mesmo sabendo que já não é mais representado. Afinal, não devemos pertencer a grupos, mas a propósitos!
Aos que acreditam que as críticas surgem apenas às vésperas das eleições, afirmo com toda certeza: as críticas sempre existiram. O problema é que, em uma Ordem onde não há espaço, essas críticas são ignoradas e abafadas.
A OAB/PE é o Leão do Norte, e é hora de mostrar nossa bravura e desejo de renovação!
Danyelle Sena e Renata Mendes são advogadas