sábado, 19 de outubro de 2024

Reconstrução mamária resgata autoconfiança após mastectomia


A reconstrução mamária é uma etapa importante no tratamento de pacientes que passaram pela mastectomia, uma cirurgia que pode ser necessária em casos de câncer de mama. A retirada parcial ou total da mama, realizada em cerca de 70% dos diagnósticos, segundo a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), pode impactar profundamente a autoestima e a qualidade de vida das pacientes. Nos últimos 10 anos, mais de 110 mil brasileiras se submeteram à mastectomia, e, desse total, cerca de 25 mil optaram pela reconstrução mamária, um procedimento que visa restaurar a aparência da mama e ajudar na recuperação emocional.

Em outubro, o Santa Joana Recife recebeu uma paciente que passou por um tratamento de câncer de mama pelo SUS, para realizar a reconstrução mamária. “A paciente apresentava problemas de coluna e de autoestima após a retirada de uma mama. A cirurgia contou com a presença de cirurgião plástico e mastologistas reconstrutores”, relata a mastologista do hospital, Yara Mattos. “A paciente fez exames no Santa Joana Recife, onde verificamos as condições dela para seguirmos com o procedimento”, acrescenta.

A médica, que também é especialista em reconstrução mamária, explica que o procedimento utiliza de várias técnicas de cirurgia plástica que tentam restaurar a mama operada, levando em consideração o tamanho, forma e aparência da mama retirada, para que o resultado final da reconstrução seja o mais natural possível.

A mastologista alerta que para realizar a reconstrução mamária é necessário estabelecer em que momento o procedimento deve ser feito, se no momento da própria mastectomia, ou tardiamente. “De imediato, a reconstrução pode ser efetuada diretamente com prótese de silicone, se houver preservação de pele. Quando ocorre a retirada de uma quantidade maior de pele, existe uma alternativa que é o uso de um expansor mamário, que lembra uma bexiga de silicone, colocado abaixo do músculo do peito. Nos retornos da paciente ao ambulatório pós procedimento cirúrgico, o expansor mamário vai sendo enchido com soro fisiológico, para ir esticando a pele e ganhando tecido”, explica.

“Na reconstrução tardia, pode ser usado pele, músculo, assim como enxerto de gordura para complementar o processo. Em mulheres que já foram submetidas à radioterapia, é difícil usar o expansor mamário para expandir a pele, isso porque a radioterapia deixa a mama mais dura”, informa Mattos.

A reconstrução do mamilo é uma etapa posterior, que pode ser feita com retalhos de pele local, mas também é possível retirar metade da aréola da outra mama e fazer enxerto no outro lado. “A pele da parte interna da coxa e da região inguinal, popularmente chamada de virilha são muito usadas para reconstrução do bico dos seios”, finaliza a especialista.

O câncer de mama, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), é o segundo tipo mais comum entre as mulheres, com 74 mil novos casos previstos anualmente até 2025. A detecção precoce é crucial para aumentar as chances de cura, que podem chegar a 95%, segundo a Associação Americana de Câncer. No entanto, se a doença for diagnosticada em estágios mais avançados, esse índice pode cair para 50%. Diante desses números, a reconstrução mamária surge como uma alternativa que proporciona mais conforto e confiança para as mulheres que enfrentam o tratamento.