A voz grave e aveludada, uma das mais famosas do Brasil, calou-se hoje, aos 97 anos. O homem, que por muitos anos, foi a cara e a voz - literalmente - do Jornal Nacional, morreu na manhã desta quinta-feira 03 de outubro, em Petrópolis, na Região Serrana do Rio de Janeiro.
Cid Moreira nasceu em Taubaté, São Paulo no dia 29 de setembro de 1927. Aos 15 anos, em 1942, começou a trabalhar na Rádio Difusora de Taubaté como auxiliar de contabilidade. Desde sempre, chamou atenção pela voz grave e não demorou a ser convidado para atuar como locutor.
Mesmo atuando à frente do microfone, Moreira seguiu estudando Ciências Contábeis e se formou na área em 1947 e se mudou para São Paulo, onde começou a trabalhar na Rádio Bandeirantes. Além de consolidar sua carreira na locução, foi a voz oficial das campanhas do político Adhemar de Barros, um dos donos da emissora.
Em 1951, transferiu-se para a Rádio Mayrink Veiga, onde ficou até 1963, quando chegou finalmente à televisão, ao ser contratado pela TV Excelsior. Sua voz também deu alma ao Canal 100, famoso cinejornal produzido por Carlos Niemeyer. Ainda como narrador cinematográfico, alguns dos documentários mais famosos foram Traficantes do Crime (1958) e o documentário que comemoraria os 10 anos do regime militar (1964-1985): Brasil, ontem, hoje e amanhã (1975).
Jornal Nacional - Entre os anos de 1969 e 1996 (além de uma participação especial em 2015, nos 50 anos da Rede Globo), Cid Moreira deu cara e voz ao Jornal Nacional ao lado de nomes como Hilton Gomes (1924-1999), Sérgio Chapelin (seu parceiro mais longevo), Celso Freitas, Marcos Hummel, Léo Batista, Fernando Vanucci (1951-2020), Carlos Nascimento, entre outros.
Após a saída do Jornal Nacional, ainda atuou na leitura de editoriais da TV Globo e no Fantástico. Na copa de 2010, da África do Sul, virou meme com o nome da bola oficial da competição: Jabulani. Duas curiosidades: em 1955, trabalhou como ator no filme Angu de Caroço e em 2013, seu último grande trabalho na locução, foi no filme Anchorman 2: The Legend Continues
Ao longo de sua carreira, Cid Moreira narrou a Bíblia e textos religiosos, como o Desiderata, poema em prosa de 1927 do escritor americano Max Ehrmann. O texto foi amplamente distribuído em forma de pôster nas décadas de 1960 e 1970. Seu maior trabalho no segmento religioso foi a gravação da Bíblia Sagrada durante cinco anos, entre 2004 e 2009.
Veja algumas gravações de sucesso do homem do Boa-Noite.
