terça-feira, 22 de outubro de 2024

Estudantes da rede pública se revelam futuros escritores na FLICA 2024


 Quem ouviu falar do espaço Casa do Governo na Festa Literária Internacional de Cachoeira - FLICA 2024 pode ter achado que se tratava de um espaço institucional no evento. Mas quem esteve por lá nos quatro dias de atividades encontrou uma programação rica, lúdica e uma efervescência estudantil que jogaram luz aos projetos de secretarias estaduais voltados a duas grandes bases transformadoras da sociedade: educação e cultura.
 
Além de uma concorrida apresentação de Mestre Bule Bule e do rebuliço divertido causado pelo robozão (personagem robótico dançante), o destaque da tarde do último sábado (19) foi o Sarau Literário, fruto de um projeto estruturante da Secretaria de Educação (SEC), o TAL (Tempos de Arte Literária), pelo qual estudantes do Ensino Médio produzem textos orientados por um professor e participam de uma seletiva anual que tem culminância num encontro estudantil.
 
No caso das escolas pertencentes ao núcleo de identidade territorial do Recôncavo, esse encerramento ganhou um palco na FLICA desde a edição do ano passado, e o resultado são estudantes protagonizando momentos antes nunca sonhados, em que suas performances musicais e criações literárias ganham voz num dos maiores eventos literários do Brasil com plateia lotada.
 
"Estou muito nervosa e feliz. Vou mostrar um poema falando sobre as memórias póstumas de Clodoaldo Brito, que foi um filho de Salinas das Margaridas, onde eu moro. Foi compositor, fez várias obras, várias coisas e marcou Salinas. Escrever ajuda a me expressar, porque coloco para fora uma coisa que fica dentro do meu peito”, revelou a estudante Deyliane Marinho, 16 anos, que cursa o segundo ano do Colégio Estadual de Tempo Integral de Salinas das Margaridas.
 
O coordenador de Execução e Logística na Superintendência de Políticas para a Educação Básica da Secretaria de Educação (SEC), Alexandre Santana (Xandão), realça que o protagonismo é o foco da ação. "Trouxemos vários estudantes de todas as escolas do Recôncavo para oportunizar a participação deles que vêm produzindo textos de vários gêneros literários com orientação dos seus professores, que também estão aqui para esse momento esperado", conta.
 
A estudante Fabiane Ramos, 17 anos, do Colégio Estadual Nossa Senhora da Conceição, em Varzedo, foi selecionada pelo projeto TAL e se preparava para recitar seu poema sobre a força das mulheres negras. “É uma emoção muito grande fazer parte desse evento e mostrar um poema que fala sobre mulheres negras. Eu senti um desabafo quando escrevi ele. Não é de hoje que as mulheres negras pedem socorro, né? Eu passei uma situação muito complicada, desabafei através desse poema e isso melhorou bastante o meu psicológico. Quem sabe um dia eu esteja aqui lançando um livro?”, apostou Fabiane.

*Professores que inspiram* – A professora de Linguagens Ana Patrícia Giffoni, do Colégio Estadual João Cardoso dos Santos, em Valença, estava acompanhando seus alunos e também lançando seu livro, “Em Todo Azul do Mar”. “Isso aqui é uma vivência incrível, principalmente para estudantes que moram aqui no interior, que não têm muita oportunidade de conhecer outras coisas, não têm muitas possibilidades. De repente, vir para cá e ter todo esse evento de graça, chegar perto de escritores e também mostrar o que escreveram, vivendo tudo isso, é fantástico para eles. Eu adiei muito tempo até me sentir pronta para lançar meu livro. Quem sabe eles não possam estar preparados para isso bem antes?”, pontua ela.

*Casa do Governo* – Na edição 2024 da FLICA, o espaço contou com a participação 15 secretarias e vinculadas que mesclaram suas atividades com ações colaborativas e acesso gratuito. “O desafio de montar esse quebra-cabeça foi intenso e muito satisfatório. Não tenho dúvida que a arte, a cultura, em todas as suas nuances, são agentes transformadores e, sobretudo, têm a capacidade de salvar vidas”, realçou a produtora cultural Flávia Motta, curadora da Casa do Governo na FLICA 2024.

*FLICA* - Na edição 2024 da FLICA, os principais espaços são a Tenda Paraguaçu, Fliquinha e Geração Flica, além da programação artística, dividida entre o Palco Raízes e o Palco dos Ritmos. Todos os espaços têm indicação etária livre e contam com acessibilidade, tradução em libras e audiodescrição. A curadoria da FLICA é formada por Calila das Mercês, Emília Nuñez, Deko Lipe e Linnoy Nonato. A Coordenação Geral é assinada por Vanessa Dantas, CEO da Fundação Hansen Bahia.

A 12ª FLICA é uma realização da Fundação Hansen Bahia (FHB), em parceria com a Prefeitura de Cachoeira, LDM (livraria oficial do evento), CNA NET (internet oficial do evento) e conta com o apoio da Bracell, ACELEN, Bahiagás, Governo do Estado da Bahia, através da Bahia Literária, ação da Fundação Pedro Calmon/Secretaria de Cultura e da Secretaria de Educação, Caixa e Governo Federal.