A Comissão de Cidadania, Direitos Humanos e Participação Popular (CCDHPP) da Alepe recebeu para uma Reunião Extraordinária moradores da comunidade de Barro Branco, do município de Jaqueira, localizado na zona da mata sul de Pernambuco. O encontro presidido pela deputada estadual Dani Portela (PSOL) promoveu uma escuta sobre os conflitos por terra que vem acontecendo na comunidade, em destaque a um ataque sofrido pelos moradores no dia 28 de setembro quando 50 homens armados invadiram a localidade deixando três pessoas feridas. A reunião também contou com a presença dos deputados Rosa Amorim e Doriel Barros (PT).
A disputa das terras de Barro Branco por latifundiários vem ocorrendo há cerca de quatro anos. Também no dia do ataque, moradores relatam que os invasores cortaram cercas e atearam fogo em parte da plantação. Entre as queixas dos locais está a de que a Polícia Militar não prestou o auxílio devido e foi permissiva ao ataque dos pistoleiros.
“Estava conversando com as crianças e de repente uma bala. Onde eu estava tinha muita criança brincando, podendo ser atingida. Não era uma bala de borracha. Uma bala de verdade no meu peito. Nasci e me criei na cidade. Faz mais de 100 anos que minha família mora naquela terra. Eles chegam dizendo que nós somos invasores. Nós somos filhos gerados na terra”, contou uma das moradoras de Barro Branco.
“Quando cheguei pra ajudar levei dois tiros, um na perna e um na barriga. Estão atazanando a vida da gente. Querendo nos expulsar de toda maneira. Estamos lá pra resistir, lutar e reivindicar o que é da gente”, relatou outro morador.
Junto aos parlamentares Rosa Amorim e Doriel Barros (PT), Dani Portela que é presidente da CCDHPP firmou o apoio da Comissão em prol da resolução do conflito. “O medo faz a gente se calar e se esconder. Acho que também não é hora de ninguém enfrentar a bala com o peito, mas é hora de ampliar nossas vozes. É colocar holofote no que está acontecendo em Barro Branco. Isso precisa ser denunciado no estado de Pernambuco, no Brasil e no mundo. Essa é uma prática que vem se repetindo para expulsar as pessoas que nasceram, vivem e têm direito à terra”, destacou a deputada.
Ao final da reunião foi apresentada uma série de requerimentos e encaminhamentos, dentre eles, a realização de uma Audiência Pública em Jaqueira, medidas de regulação das terras fundiárias ocupadas pela comunidade, medidas de resolução de conflitos e questões trabalhistas, medidas de segurança à integridade física dos moradores, investigações ao grupo “Invasão Zero”, dentre outros.