sexta-feira, 13 de setembro de 2024

Em entrevista ao “Recife Ordinário” Dani Portela destaca que é preciso valorizar a Guarda Municipal antes de armá-la


Na tarde desta sexta-feira, 13, a candidata à prefeitura do Recife, Dani Portela (PSOL/Rede), da coligação “Recife com a Cara da Gente”, participou de uma sabatina no canal do YouTube “Fala Ordinário”. Dani começou a entrevista falando sobre as mulheres serem maioria no Recife, maioria das eleitoras e a cidade nunca ter tido uma prefeita em 500 anos de história. “Em séculos de política, as mulheres nunca estiveram nos lugares de decisões, nos espaços públicos. Eu venho de uma trajetória de construção de movimento social, movimento feminista, movimento negro e do movimento de mulheres negras. E essas são pautas centrais das minhas propostas de governo, assim como segurança pública, educação, entre outros.”, iniciou Dani.

A candidata também falou sobre geração de emprego e renda serem fundamentais para diminuir as desigualdades no Recife, principalmente nas questões de gênero, raça e classe social. De acordo com Dani, hoje, a cidade tem a segunda maior taxa de pessoas fora do mercado de trabalho do país e a maioria delas são jovens entre 16 e 24 anos ou mulheres que são mães e não conseguem voltar a estudar ou trabalhar por conta da falta de vagas nas creches. “É preciso pensar em ampliar essas vagas nas creches para que essas mulheres não tenham seus estudos, suas profissões afetadas e seus sonhos interrompidos, como vem acontecendo. Queremos também ampliar os cursos de profissionalização, descentralizando para as periferias e trazendo outras opções como área de inovação e de tecnologia.”, destacou. 

Com relação ao tema segurança pública, Dani Portela (PSOL/Rede) esclareceu que as forças armadas Federal, Polícia Federal, Polícia Civil e Militares são de responsabilidade do Estado e que a Guarda Municipal age na questão do patrimônio e não tem o papel de polícia. “As pessoas confundem ao ver todo mundo fardado, na rua, e acham que são policiais. As atribuições da guarda são importantíssimas, tanto que tem a Patrulha Maria da Penha que é uma ação específica da Guarda Municipal, voltada a atender chamados de mulheres vítimas de violência doméstica e familiar. E os números das ocorrências no Recife são bem altos dessas mulheres em situação de relacionamentos violentos, abusivos ou que sofrem violência. Também por isso, acredito que antes de pensar em armar a Guarda, é preciso pensar em outros meios de promover segurança. É preciso pensar em políticas públicas efetivas para a cidade.”, enfatizou a candidata. 

Ainda sobre a Guarda Municipal, a candidata ressaltou que o discurso de armar o efetivo tem sido usado por candidatos de centro, direita e extrema direita e explicita um pensamento militarista, de que a arma protege todo mundo e passa a sensação de segurança. “Eu não sei exatamente quantos Guardas Municipais têm no Recife, mas são cerca de 1600. Desses, um pouco mais de 500, são guardas de trânsito e o restante atuam como guarda patrimonial. Essa atitude de armar é extrema. A proposta do atual prefeito é armar apenas uma parte do efetivo. Para uma cidade na dimensão do Recife isso não vai impactar na segurança pública. É um discurso muito fácil, enquanto esses Guardas Municipais recebem um dos salários mais baixos do país, em torno de R$2.200 a 2.400. Nos dias de folga, aumentam esse salário fazendo plantões de 06h/12h. Então, antes de armar uma parcela da guarda, é preciso valorizar esses profissionais, qualificar, dar condições de trabalho. Segurança pública não se resolve só com arma, porque essa arma estará sempre apontada para a juventude, juventude negra e de periferia.” enfatizou Dani Portela. 

Durante a entrevista, Dani Portela (PSOL/Rede) levantou dados de pesquisas de 2021 e 2022 do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, onde mostra que a totalidade das pessoas mortas em ações policiais no Recife, em dois anos, foram pessoas negras. “Não é a maioria, 90%. São todos. Então essas armas apontam sempre para algum lugar. A gente precisa debater segurança no campo preventivo e criar oportunidades nas periferias. Não é só chegar com o braço armado, é preciso chegar com políticas públicas efetivas, escolas, educação, cultura e lazer. A periferia da gente tem muito potencial, mas as pessoas só veem o Estado chegando com repressão. É preciso mudar esse cenário.”, concluiu a candidata. 

Em suas propostas de governo, focadas em melhorar a segurança pública da cidade, Dani Portela pretende promover medidas de valorização dos profissionais da Guarda Municipal do Recife, que garantam uma progressão funcional, com realização de capacitações, de novos concursos públicos, a incorporação das “vantagens” ao salário e à aposentadoria. Dani também quer utilizar a estrutura da Guarda Municipal para auxiliar na garantia de direitos de mulheres vítimas de violência doméstica, bem como no cumprimento de medidas protetivas através do fortalecimento e ampliação da frota da Patrulha Maria da Penha.

Foto: Fran Silva