O Brasil, conhecido mundialmente por sua cultura de valorização da estética, lidera o ranking global de cirurgias plásticas, com cerca de 1,5 milhão de procedimentos realizados anualmente, superando potências como Estados Unidos e México, respectivamente, segundo estudo realizado pela Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica e Estética (ISAPS), em conjunto com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP). Entre as intervenções mais realizadas estão a lipoaspiração e a abdominoplastia, cirurgias que buscam moldar o corpo e melhorar a aparência. Contudo, em meio a esse cenário, um procedimento em particular tem ganhado cada vez mais visibilidade: a cirurgia bariátrica e metabólica.
Diferente das cirurgias plásticas tradicionais, a bariátrica e metabólica não se destina exclusivamente à mudança da aparência, mas sim ao tratamento da obesidade mórbida, uma condição de saúde séria que pode levar a complicações graves e até à morte. Porém, o crescente número de pessoas buscando esse procedimento tem levantado uma questão pertinente: a cirurgia bariátrica pode ser considerada uma cirurgia estética?
Atualmente, a obesidade é considerada uma das principais causas de morte evitável, ocupando o primeiro ou segundo lugar nesse ranking, devido aos diversos problemas de saúde que acarreta. Entre as complicações metabólicas mais relevantes estão o diabetes, a hipertensão arterial e a dislipidemia, com a elevação dos níveis de colesterol e triglicerídeos no plasma.
Além disso, a obesidade está fortemente associada à esteatose hepática não alcoólica, uma condição que se tornou a principal causa de transplante de fígado no mundo. Muitos pacientes obesos sofrem de esteato hepatite não alcoólica e podem eventualmente necessitar de um transplante de fígado, caso não haja uma intervenção eficaz. No entanto, estudos indicam que a cirurgia bariátrica e metabólica e a consequente perda de peso podem reduzir significativamente a esteatose hepática, chegando até mesmo a eliminá-la em alguns casos.
Os benefícios vão além da perda de peso
O impacto da cirurgia bariátrica e metabólica na saúde é profundo. Além de facilitar uma perda de peso expressiva, a cirurgia está associada a uma série de melhorias na qualidade de vida dos pacientes. Estudos apontam que aqueles que se submetem ao procedimento experimentam uma redução significativa nas comorbidades relacionadas à obesidade, como diabetes e hipertensão, e veem uma melhora notável na mobilidade, na autoestima e no bem-estar psicológico.
"Pacientes que passam pela cirurgia bariátrica costumam relatar uma verdadeira transformação em suas vidas", comenta o cirurgião bariátrica Walter França. Ainda segundo ele "Muitos conseguem retomar atividades que antes eram impossíveis devido à limitação física e ao cansaço crônico causados pela obesidade. O impacto positivo na saúde mental também é significativo, pois a perda de peso contribui para uma maior autoconfiança e bem-estar psicológico."
A mortalidade a longo prazo entre pacientes que passaram pela cirurgia também é reduzida em comparação com aqueles que, embora obesos, não realizaram a intervenção. A redução do risco de doenças graves e a melhoria geral na saúde destacam a natureza terapêutica e vital da cirurgia bariátrica, diferenciando-a das cirurgias puramente estéticas.
Estética X Saúde: a diferença fundamental
A principal distinção entre a cirurgia bariátrica e metabólica e as cirurgias estéticas está nos objetivos e nos resultados esperados. Enquanto intervenções como a lipoaspiração ou a abdominoplastia são realizadas para aprimorar a aparência física, a bariátrica/metabólica tem como foco tratar uma condição médica grave. A perda de peso e a melhora na aparência são consequências, e não o objetivo principal do procedimento.
"A bariátrica não é sobre alcançar um padrão de beleza, mas sobre salvar vidas", enfatiza Walter França. "Embora a aparência do paciente mude como resultado da perda de peso, o que realmente importa é a transformação na saúde e na qualidade de vida."
É importante destacar que, após a bariátrica, alguns pacientes optam por cirurgias estéticas para remover o excesso de pele, resultado da perda massiva de peso. No entanto, esses procedimentos são complementares e não substituem o objetivo central da cirurgia bariátrica, que é melhorar a saúde e aumentar a longevidade dos pacientes.
A Importância do acompanhamento multidisciplinar
Para que a cirurgia bariátrica/metabólica seja bem-sucedida, é fundamental um acompanhamento multidisciplinar, que envolve o cirurgião, nutricionistas, psicólogos e outros profissionais da saúde. Esse suporte integral é essencial para ajudar o paciente a adaptar-se às mudanças no corpo e no estilo de vida, garantindo que os benefícios da cirurgia sejam duradouros.
"O acompanhamento multidisciplinar é crucial para o sucesso da cirurgia bariátrica/metabólica", afirma o cirurgião Walter França. "Não basta realizar a cirurgia e esperar que o paciente siga sozinho. O suporte contínuo é necessário para ajudá-lo a adotar novos hábitos alimentares e de vida que garantirão a manutenção do peso e a prevenção de complicações."
Enquanto o Brasil se destaca no cenário das cirurgias estéticas, é vital que a sociedade entenda a diferença fundamental entre essas intervenções e a cirurgia bariátrica e metabólica. A bariátrica/metabólica é, antes de tudo, uma ferramenta de saúde, destinada a combater a obesidade mórbida e suas consequências. Não se trata apenas de emagrecimento, mas de salvar vidas e proporcionar uma melhor qualidade de vida a longo prazo.
"A cirurgia bariátrica e metabólica é uma decisão que vai além da estética. Ela representa uma oportunidade para os pacientes recuperarem sua saúde e viverem de forma plena e saudável. É essencial que essa distinção seja clara para todos", conclui o cirurgião Walter França
SERVIÇO:
Consultório Dr. Walter França
Local: Hospital Esperança da Ilha do Leite (5ª andar)
Informações: (81) 3423.9796/ 3423.9796
