Um levantamento inédito produzido pela Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (SBACV), a partir de dados do Ministério da Saúde, mostra que o número de internações para tratamento de tromboses venosas vem aumentando. Mais de 489 mil brasileiros foram internados por essa causa entre janeiro de 2012 e agosto de 2023. No último ano do levantamento, a média diária de internações superou a marca de 165 pacientes, um recorde para o período analisado. Ainda de acordo com a SBACV, de maneira geral, há 60 casos de trombose para cada 100 mil habitantes por ano, e muitos são hospitalizados em decorrência da doença.
Na segunda-feira, 16 de setembro, é evidenciado o Dia Nacional de Combate e Prevenção à Trombose, uma doença silenciosa que pode causar danos severos ao corpo e até levar à morte. “Trombose venosa profunda é o termo utilizado quando se forma um trombo, ou seja, um coágulo de sangue no interior de uma veia profunda. A trombose pode acontecer em qualquer veia do corpo, porém é mais comum nas veias dos membros inferiores. No local, o paciente costuma apresentar dor e inchaço”, explica o cirurgião vascular do Hospital Santa Joana Recife, Dr. Rodrigo Aguiar Guedes.
Ainda de acordo com o médico, a trombose requer atenção imediata, pois caso não tratada adequadamente, um pequeno pedaço pode se desprender da perna, por exemplo, e migrar para os pulmões, causando o tromboembolismo pulmonar, que é a complicação mais temida da trombose, uma vez que pode ser fatal.
Em relação às complicações tardias, o especialista destaca a preocupação com a síndrome pós-trombótica, isso porque a trombose pode deixar cicatrizes nas veias, gerando um prejuízo permanente na circulação venosa. E essa alteração da circulação pode se manifestar desde um inchaço na perna até complicações mais graves, como o escurecimento e a formação de úlceras venosas.
“As principais causas da trombose venosa são a imobilidade prolongada, comum em pessoas que estão em viagens longas ou em repouso por alguma doença ou após uma cirurgia, as lesões nos vasos, como nos traumas e nas cirurgias, além de problemas da coagulação do sangue, que podem levar a formação dos trombos no sistema venoso profundo”, informa o cirurgião vascular.
Outras condições podem favorecer a trombose, como por exemplo, predisposição genética, doenças que podem ser diagnosticadas com exames de sangue, a idade avançada, obesidade, gravidez em mulheres nos primeiros dois meses, câncer, quimioterapia, tabagismo, hormônio terapia e as varizes.
“O tratamento tem como objetivo facilitar a reabsorção do coágulo pelo organismo, evitar sua progressão e diminuir as chances dele se soltar e causar a embolia pulmonar. Para isso, são utilizados medicamentos anticoagulantes. Lembrando que o cirurgião vascular é o profissional adequado para definir qual a melhor medicação e por quanto tempo deve ser usada”, comenta Dr. Rodrigo Guedes.
“No entanto, existem algumas situações em que o medicamento não pode ser utilizado. Por exemplo, pacientes que têm contraindicação à anticoagulação por alergia, por terem passado por uma cirurgia recente, por estarem com sangramento ativo no momento em que foi diagnosticada a trombose. Nesses casos, o paciente pode ser protegido com a colocação de um filtro de veia cava, na altura, normalmente, da barriga, que se houver o fragmento do trombo, ele é captado por esse filtro e não chega no pulmão”, complementa.
A prevenção é feita através das retiradas dos fatores predisponentes, como o tabagismo. Procurar manter uma vida saudável, realizar atividades físicas, não usar anticoncepcionais, hormônios de uma forma geral são ações importantes para evitar a trombose. Quando for para viagens longas, sempre usar meias de compressão, se hidratar bastante e, em casos específicos, pode até usar um anticoagulante durante a viagem.