domingo, 1 de setembro de 2024

Adilson Ramos e outras atrações comandam em Buíque o Pernambuco Meu País


Três vozes femininas no comando e uma voz masculina que canta principalmente para as mulheres e é muito querida por elas. Três atrações hit makers (fazedoras de sucessos) e uma outra que revisita e celebra antigos sucessos. Tudo isso embalado com muito romantismo. Foi assim a segunda noite do polo Pernambuco Meu País do festival homônimo, no município de Buíque (Agreste), neste sábado (31), onde se apresentaram as cantoras Gangga Barreto e Edilza Aires, o cantor Adilson Ramos e a banda baiana Babado Novo. Como se alguém chegasse o Pátio de Eventos e dissesse: "Alexa, toca só sucessos pra mim".

A tertúlia começou em clima de tributo, mas em versões bastante personalizadas. Vinda de Olinda, Gangga Barreto possui uma larga experiência acompanhando a cirandeira Lia de Itamaracá e a cultura popular percorre suas veias assim como seu repertório autoral. Ao mesmo tempo tem uma paixão por sucessos românticos do passado, que revisita com estilo próprio.

O público que chegou cedo ao Pátio de Eventos mostrou-se surpreso com as releituras de Gangga para temas como Alguém Me Disse (Jair Amorim & Eraldo Gouveia), Negue (Adelino Moreira & Enzo Almeida Passos), Porque Brigamos (Neal Diamond & Rossini Pinto), Em Plena Lua de Mel (Clayton & Cleide), Fica Comigo Esta Noite (Adelino Moreira & Nelson Gonçalves) e Que Será (Marino Pinto & Mário Rossi), cantadas ao longos anos por grandes vozes da música popular brasileira (MPB).

De seu set autoral, Gangga mostrou Samba de Umbanda (de Erasto Vasconbcelos, irmão de um dos homenageados do festival este ano, Naná Vasconcelos) e as cirandas Memeu, Verde Louco e Doutor Jorginho, que dialogam com outras canções de seu repertório mais ligado ao regional, como Madeira que Cupim Não Rói (Capiba), interpretada em ritmo de ska; e os bregas Não Devo Nada a Ninguém (Conde Só Brega) e Garotinha Linda (Juca Medalha & Daniel Benitez), sucesso da banda Labaredas, além da lambada Preta (Beto Barbosa). E a noite estava apenas começando.

Em seguinda o baile mudou a chave para a soul music e sua levada funk com muito groove e suingue de Edilza Aires, uma das vozes mais atuantes nesse estilo no Estado. A cantora fez valer de sua experiência de três décadas de carreira e tocou com a memória afetiva da plateia interpretando sucessos de Lady Zu, como A Noite Vai Chegar (Paulinho Camargo) e Hora de União (Totó); de Sandra de Sá, a exemplo de Olhos Coloridos (Macau); e de Tim Maia, como Não Vou Ficar.

A afirmação de seu estilo Edilza mostrou na releitura de canções da MPB, como Maria Maria (Milton Nascimento & Fernando Brant), Dois Olhos Negros (Lula Queiroga), Girassol e Anunciação (ambas de Alceu Valença), Pingos de Amor (Paulo Diniz & Odibar), Cheiro de Amor (Duda Mendonça, Jota Moraes, Paulo Sérgio Valle & Ribeiro) e Frevo Mulher (Zé Ramalho). Foi como se, magicalmente, toda música pudesse ser soul.

E o que falar de Adilson Ramos? "Meninas, meninas!", convocava. E elas respondiam ao carinho de um dos mestres do baile romântico. Leda, Quando Te Vi, Perfídia, Olga, Matinê, A Chuva Me Lembrou Você, Tortura de Amor, Como É Grande o Meu Amor Por Você, Aparências, Sorria, Fogo & Paixão, Sonhar Contigo, Sonhei com Você, Só Liguei Porque Te Amo e Fim de Festa foram apenas alguns hits destilados pelo artista, que daqui a alguns meses completa 80 anos de idade e demonstra o mesmo vigor de sempre. Mesmo as músicas de outros artistas no repertório de Adilson Ramos assumem o estilo próprio e inconfundível dele. E haja fôlego.

Com o filho, seu tecladista e arranjador Christian Ramos, Adilson fez Gatinha Manhosa, Coração de Papel e É Proibido Fumar. E foi retomando essa pegada jovem guarda que encerrou com Diana, Esqueça, Quero que Vá Tudo pro Inferno, Pode Vir Quente que Eu Estou Fervendo e Era um Garoto que Como Eu Amava os Beatles e os Rolling Stones.

E se não já estivesse anunciada na programação seria difícil imaginar se a noite poderia ficar ainda mais animada. Pois ficou, quando a banda Babado Novo subiu ao palco. Sob o comando da vocalista Mari Antunes, destilou mais uma saraivada de sucessos, próprios, da axé-music e releituras da MPB, como Bola de Sabão, Amor Perfeito, Doce Desejo e Mãozinha, Frevo Mulher, Cometa Mambembe, Arerê, Babado Novo, Me Leva pra Casa, Eva, Voando pro Pará, Chupa Toda/ Chorando Se Foi e Preta.

Antes de terminar o sabadaço, já na madrugada da domingueira, Mari & cia. ainda proporcionou um momento bem Pernambuco Meu País, com Anunciação (Alceu Valença) e Ai que Saudade d'Ocê (Vital Farias), antes de terminar com Caranguejo. Fofo demais.

*Crédito da foto: Juana Carvalho/Secult-PE/Fundarpe*