A segunda-feira (26) da candidata Dani Portela (PSOL/Rede) foi marcada pelas Sabatinas. No período da manhã, Dani participou da Sabatina da Rádio Maranata FM, onde foi entrevistada pelos apresentadores Wanderson Medeiros e Mardoqueu Silva. No período da tarde ela foi entrevistada pelo jornalista Jamildo Melo, para o Blog do Jamildo. Nos dois momentos, a candidata respondeu perguntas sobre temas como habitação, saúde, educação, mobilidade, entre outros. Em ambas as entrevistas, Dani destacou porque quer ser Prefeita do Recife. “Eu quero ser Prefeita do Recife porque desejo uma cidade boa para todo mundo. Hoje, a cidade não tem sido boa para algumas pessoas, em especial para população mais pobre. Recife não tem sido boa no campo da moradia, saúde e educação. Hoje, temos a cidade com maior déficit habitacional do Brasil, mais 71 mil famílias não têm onde morar.”, evidenciou a candidata.
Durante as sabatinas, Dani falou sobre a atual situação da saúde básica no Recife e destacou as reclamações que tem ouvido dos moradores dos bairros por onde anda. “A saúde é uma pauta que a gente escuta muitas reivindicações por onde andamos. Por mais que se amplie o horário de atendimento, ainda não resolve. Hoje, escutamos o povo dizer que há rodízios dentro dos postos. A gente sabe que a saúde sempre foi um gargalo na nossa cidade e essa questão não será resolvida imediatamente. Mas, o que tem acontecido na atual gestão, é a divulgação da ampliação básica de saúde, ampliando horário, mas o que temos ouvido nas ruas é que essa ampliação não significou aumento no número de atendimentos. Antes, a pessoa ia ao posto de saúde perto da sua casa e era atendida em qualquer horário, dentro do horário estabelecido de funcionamento. Mas agora tem acontecido rodízio: no horário das 7h às 14h, são atendidos os bairros A e B, das 14h às 19h, demais bairros. Então, se a pessoa sentir-se mal fora do horário de atendimento do seu bairro, ela não poderá ser atendida perto da sua casa. Eu tenho escutado a população dizer que, em Recife, agora tem que ter hora para adoecer.”, evidenciou.
A candidata também falou nas entrevistas sobre o problema da educação na cidade. “A educação vai ser sempre uma prioridade pra mim, como professora que sou. Eu conheço profundamente os problemas da educação no Recife. E hoje, um desses problemas é o da educação primária. A educação infantil, básica e creche. Muito se fala hoje em creche. É uma pauta importantíssima porque é direito das crianças, mas que também impacta diretamente na vida das mães, na maioria jovens que não conseguem voltar a estudar ou trabalhar porque não tem onde deixar o seu filho. Tem se falado em creches investindo na construção de prédios ou no modelo de parceria público-privada. É dinheiro público da educação sendo entregue à iniciativa privada para aumentar esse número de vagas. Muitos desses prédios estão lá, mas eu venho dizendo que o prédio sozinho não cuida de ninguém. É preciso investir nos profissionais de educação, nas professoras e professores, agentes escolares de educação especial, agentes de educação infantil, merendeiras, porteiros, toda uma comunidade escolar que na prática não se tem investimento em quem pisa no chão da escola. Exemplo, a educação hoje tem um piso salarial, ninguém pode receber menos que aquele valor, é uma conquista nacional. Existiam professores aqui no Recife, antes do piso, que recebiam menos de um salário mínimo. E infelizmente a prefeitura do Recife não tem valorizado as professoras e professores.”, ressaltou a candidata.
Ao ser levantado o tema segurança pública municipal e a possibilidade de armar ou não a guarda, Dani Portela destacou a sua experiência no confronto a violência doméstica e que tem sido firme sobre o não armamento da guarda municipal. "Eu tenho mais de 25 anos de atuação no enfrentamento da violência doméstica e familiar contra as mulheres. Um tema muito sensível e que a patrulha Maria da Penha tem atuado nesse sentido. Mas acontece que esse debate de armar ou não a Guarda Municipal é um debate que acontece há décadas em vários municípios. E quando se fala em armar, é bom destacar que não seria necessário manter a guarda no todo. É armar parte do efetivo. Mas eu tenho falado sempre sobre eu ter feito parte de uma frente parlamentar em defesa da Guarda Municipal, enquanto fui vereadora do Recife. E nessa frente eu fui a única que mantive a posição contrária ao armamento. O discurso de armar é fácil, mas hoje temos uma guarda com o pior salário do país, que é extremamente precarizada. Hoje, como Deputada que sou, uma das nossas emendas foi a de investir na instalação de containers junto dos postos de patrulha. Esses guardas hoje não têm banheiro, onde tomar um copo d'água e nem onde se alimentar. Uma Guarda mal estruturada. A Guarda Municipal do Recife possui armamentos não letais e dia desses esses armamentos estavam faltando nos depósitos. Então, diante de todos esses problemas, achar que munir com arma de fogo vai resolver o problema da violência da cidade, não vai. Mais do que colocar uma arma nas mãos desses profissionais, é essencial primeiro valorizar. Estruturar carreira, dar condições de trabalho e no futuro discutir se arma ou não. A insegurança no Recife também é fruto das escolhas do Prefeito. O valor que a atual gestão tinha disponível para investir em segurança pública era de 16 milhões e foi investido apenas 7 milhões. Em compensação, o prefeito escolheu gastar 40 milhões em publicidade e propaganda.”, enfatizou.
Com relação a mobilidade urbana, Dani destacou que Recife tem é o segundo pior trânsito do Brasil, perdendo apenas para São Paulo. "Temos um tempo de espera enorme pelo transporte público, cerca de 30 a 45 minutos e maior tempo também de deslocamento. Tudo isso impacta consideravelmente na vida das pessoas, principalmente na vida dos trabalhadores que levam muito tempo para chegar ao trabalho e muitas vezes pegam dois transportes. Para não chegar atrasado aos compromissos, o recifense precisa sair de casa com mais de 1 hora de antecedência. E para resolver isso, vamos investir no transporte público. Eu acompanho a luta da categoria dos rodoviários de perto e sobre o Consórcio Grande Recife. O povo diz que é ruim, mas se fosse, as mesmas famílias não estariam controlando há décadas o transporte metropolitano da cidade. Eu sempre falo que é preciso abrir a caixa-preta desse Consórcio, porque ele é muito lucrativo. Mas é lucrativo para quem controla. Hoje, o cálculo do repasse que o estado faz ao Consórcio, é feito por número de passageiros. Sendo assim, quanto mais cheio estiverem os ônibus, mais os empresários vão lucrar. E há uma reivindicação histórica, desde 2013, para que esse cálculo passe a ser feito por viagem. Hoje, reduziram o número de ônibus, retiraram os cobradores e colocaram os motoristas para dirigir, cobrar, passar troco, ficar atento a assaltos dentro dos coletivos. E tudo isso destacando que nós temos uma das tarifas mais caras do Brasil. Olhando tudo isso, a minha proposta é implantar o Tarifa Zero Progressiva. Começar não cobrando passagens para jovens de 18 a 29 anos, que é o maior percentual de taxa de desempregados da cidade. Porque pagar quase 10 reais para ir e voltar a procura de emprego, para quem não está recebendo nada, esse valor faz uma grande diferença no final do mês. Muitos podem falar sobre o uso da bicicleta, mas quem mora na periferia não tem ciclofaixa ou nem vai para uma entrevista de emprego de bicicleta.”, lembrou.
Na área das Políticas Sociais, a candidata falou sobre não ser possível fingir que o Recife está bom, falando sobre a situação da população de rua, que dobrou nos últimos anos. “Você sai da sua casa e vê muita gente em situação de rua. A gente não pode olhar pra isso e fingir não ver o que está diante dos nossos olhos. São pessoas invisíveis para o estado e para as políticas públicas. Se você dialogar com essas pessoas, elas não têm nem documentação para dar entrada em um benefício social, porque perderam. São pessoas que poderiam estar cadastradas em um Bolsa Família do Governo Federal, no programa do Governo Estadual ou em programas de transferência de renda. Uma das propostas principais do nosso Programa de Governo é fortalecer o SUS e as redes de atenção de assistência social, criando um programa de transferência de renda para enfrentar a pobreza extrema. Hoje, existem alguns Centros Pop para população em situação de rua, mas não são suficientes. A situação de rua vai além de um espaço para a pessoa tomar um banho, se alimentar e sair. Tem a questão da dependência de drogas, que precisam ser tratadas como questões de políticas públicas.”, finalizou.