sexta-feira, 29 de março de 2024

Paixão de Cristo do Recife chega à 26ª edição dias 29, 30 e 31 de março, no Marco Zero

Confirmando uma tradição cênica que este ano completa 26 edições, a “Paixão de Cristo do Recife: Jesus, a Luz do Mundo” encherá o Marco Zero de esperanças e aplausos nos próximos dias 29, 30 e 31 de março, sempre às 18h, para contar, num grandioso espetáculo gratuito e a céu aberto, a história mais evocada e celebrada da humanidade. Com realização da Associação dos Produtores de Artes Cênicas de Pernambuco (Apacepe), roteiro e direção de Carlos Carvalho, a montagem, que conta com 50 atores e atrizes no elenco, além de 80 figurantes, reafirma seu compromisso com temas e questões contemporâneos e urgentes, que atravessam e desafiam a humanidade a rever preconceitos e valores.

O texto contundente e comovente, que costura célebres passagens bíblicas a referências à geopolítica mundial da atualidade, tem, pelo segundo ano consecutivo, como grandes protagonistas, ator negro e atriz negra nos papéis de Jesus e Maria. Os personagens serão vividos por Asaías Rodrigues (Zaza) e Brenda Lígia, que estavam juntos na 25ª edição.

Uma novidade deste ano é que a personagem Madalena será defendida pela pernambucana Clau Barros, que já participou de várias edições do espetáculo, dando vida a diferentes papeis. “Está sendo um presente bonito dialogar com essa personagem dentro de uma história que nos ensina tanto. Madalena é a força das mulheres silenciadas nas passagens bíblicas e também ao longo da história da humanidade. Dar voz a ela e representá-la com meu corpo negro é um resgate e um avanço: inaugura um olhar de equidade para lembrar que já fizemos muito, mas ainda há um caminho longo a percorrer”, diz Clau, que já dedicou metade de seus 29 anos à carreira de atriz, colecionando papeis e trabalhos no teatro, no cinema e na publicidade.

Para a atriz Brenda Lígia, a Maria, o lugar assegurado às mulheres nesta encenação da Paixão de Cristo do Recife é dos mais importantes e eloquentes recados do espetáculo. “O protagonismo assegurado à personagem nesse texto de Carlos Carvalho é, para mim, um esforço de reparação histórica”, diz Brenda, que garante ser impossível se acomodar no papel de uma das mais importantes mulheres da humanidade. “Não importa quantas vezes eu venha a interpretar esse papel, a emoção não muda. Nem diminui. Ninguém passa impune por essa experiência.

Encarnar a mãe de todos nós é uma celebração ao sagrado. Nessa Paixão, eu represento também – e talvez principalmente – todas as mães que choram seus filhos mortos nas ruas do Brasil, quase sempre pretas. Para mim e para todos que compõem o elenco, é mais que um trabalho. É um chamado. Não estamos só contando: estamos fazendo história”, diz Brenda, premiada atriz, apresentadora e diretora, que já atuou em séries de TV como “Assédio” e “Sob Pressão”, soma muitos espetáculos teatrais no currículo, além de ter estrelado filmes, entre curtas e longas, como “As Melhores Coisas do Mundo” (Laís Bodanzky), “Sangue Azul” (Lírio Ferreira) e “Bruna Surfistinha” (Marcus Baldini).

No papel de Jesus pelo terceiro ano consecutivo, o ator Asaías Rodrigues (Zaza) celebra a oportunidade de contar essa história tão importante, sempre incorporando novas camadas de emoção e sentido. “É sempre novo e muito forte vestir esse personagem, que deixou para a humanidade recados tão importantes sobre amor, respeito, fé e esperança, mas que até hoje não demos conta de compreender”, diz o ator, performer, diretor/encenador, figurinista e treinador teatral, fundador da companhia Coletivo Grão Comum. “Foi esse sentimento avassalador de afeto, justiça e compaixão que mudou o rumo que a humanidade estava levando. Esse espetáculo é como repetir um ritual cíclico desses ensinamentos deixados por Cristo. É um relembrar."

Esse diálogo com a atualidade, assegura o diretor Carlos Carvalho, potencializa e ressignifica as lições da história mais contada da humanidade. “Trata-se de um espetáculo que oferece a palavra de Jesus falada na língua de hoje, retratando um Jesus que está ao lado do povo trabalhador das periferias do agora”, diz. Esses recados sobre o contemporâneo não estão só no texto. São reforçados também em toda a cenografia. Com uma hora e quarenta minutos de duração, a montagem apostará em cenários modernos e não realistas, com alicerces à mostra, feitos com estruturas metálicas de até cinco metros de altura. E em figurinos repletos de referências contemporâneas, como o uso de jeans, e também de surpresas e novidades. “Na cena do batismo, o figurino será um dos protagonistas. As vestimentas dos batizados mudarão de cor, para reforçar a mensagem de Jesus colorindo o mundo.”

A história da Paixão, que celebra o amor como liturgia e revolução desde os tempos mais remotos, será contada por muitas outras vozes e rostos de nomes consagrados da cena teatral local, como Albemar Araújo, no papel de Herodes; Douglas Duan, como Caifás; Flávio Renovatto, como João Batista; Júnior Aguiar, no papel de Judas; além de Normando Roberto e Carlos Lira, que viverão Pilatos e Anás. Também subirão ao palco da Paixão recifense alunos de cursos de teatro da cidade e 20 bailarinos do grupo Bacnaré. O elenco começou a ensaiar a peça no último mês de janeiro. E gravou áudios e diálogos da encenação no estúdio Muzak.

FICHA TÉCNICA - A 26° edição da “Paixão de Cristo do Recife: Jesus a Luz do Mundo”, com texto e direção de Carlos Carvalho e realização da Apacepe (Associação dos Produtores de Artes Cênicas de Pernambuco), homenageia Antônio Pires, um dos produtores desta Paixão, falecido em 2023. O evento conta com a Lei de Incentivo à Cultura - Lei Rouanet, Secretaria de Cultura da Cidade do Recife - SIC e tem patrocínio da Copergás e do Complexo Industrial Portuário Governador Eraldo Gueiros - Suape. Tem o apoio da Fundarpe/Governo do Estado. A produção geral é de Paulo de Castro. Álcio Lins assina os figurinos, a iluminação é de Eron Villar, que também ocupa a assistência de direção.


SERVIÇO

Paixão de Cristo do Recife: Jesus, A Luz do Mundo Marco Zero, no Recife Antigo

Dias 29, 30 e 31 de março, às 18h 

Classificação livre 

Acesso gratuito 

Duração: 1h40 

Dias 29 e 30, às 18h, apresentações musicais, com duração de 45 minutos, abrem a programação.

Dia 29, show de Kelly Rosa. Dia 30, Geraldo Maia.