“Gosto muito do que faço, gosto do contato com as pessoas”, diz Mércia Maria da Silva, 48, que não enxerga do olho esquerdo devido a um acidente com fio de alta tensão ainda quando criança, e que, hoje, é ascensorista no Instituto de Atenção à Saúde e Bem-estar dos Servidores do Estado de Pernambuco (Iassepe). O trabalho veio graças a um contrato realizado entre o Instituto e a Associação Pernambucana de Cegos (Apec), que também deu oportunidade a mais oito pessoas com a mesma limitação.
No caso de Mércia, as cicatrizes externas estão visíveis e são frutos de oito plásticas no rosto, já as marcas internas ela vai amenizando, aos poucos, no dia a dia, dentro do elevador, conversando com as pessoas, conquistando amizades, se sentindo produtiva. “Sou feliz com o meu trabalho, se não fosse ele, estaria com depressão”, desabafa.
Assim como Mércia, Maria Elaine Diniz, de 40 anos, também encontra na atividade diária o sentimento de integração ao mundo profissional. Ela é telefonista no Iassepe, há seis anos, mesmo sendo diagnosticada com Retinose Pigmentar, deficiência genética que causa a degradação da retina, e, atualmente, ela tem menos de 5% de visão. “É maravilhoso trabalhar, bom para a autoestima, com o trabalho a gente sabe que é capaz”, ressalta Elaine, que também é estudante de Pedagogia na UFPE.
No Iassepe, são três pessoas com deficiência visual em atividade. Já no HSE, seis integram o quadro de funcionários. Eduardo José de Souza Neto, 20 anos, é um deles. Exerce a função de ascensorista, há um ano, tem baixa visão no olho direito e perda no olho esquerdo, devido a uma bactéria que adquiriu quando nasceu. Para Eduardo o trabalho é uma grande oportunidade. “É uma oportunidade que as pessoas com deficiência têm de se soltar, explorar o mundo e mostrar a capacidade de fazer”, revela o jovem, que cursa o terceiro período de Direito.
De acordo com a superintendente jurídica do Iassepe, Renata Moreno, a contratação da entidade filantrópica é muito positiva para os trabalhos da instituição e do hospital. “É tão positiva essa contratação que já foi renovada e seguirá no decurso do ano corrente. Viabiliza a contratação da entidade filantrópica para mão de obra de ascensorista e telefonista, propiciando a isonomia e integração das pessoas e um olhar atento ao bom desempenho do serviço de condução de carga e transporte de pacientes, clientes e funcionários”.