Nesta semana, a morte de um corredor de 50 anos chamou a atenção em todo o país. O atleta teve um mal-estar durante uma corrida e, ao ser atendido, foi diagnosticado com rabdomiólise. Mas o que é e como ocorre essa doença?
A rabdomiólise ocorre quando as fibras musculares danificadas por doença, lesão ou substâncias tóxicas se rompem e liberam seu conteúdo na corrente sanguínea. “O músculo é composto por várias substâncias, mas uma substância importante dele é a mioglobina, que é uma proteína. Então, em situações onde há destruição do músculo, há uma liberação de várias substâncias no sangue, entre elas a mioglobina, além de potássio e fósforo, que podem também trazer prejuízo para o paciente, e quando essas substâncias chegam ao rim, entopem o órgão e ele para de funcionar por conta disso”, explica o coordenador de nefrologia do estado, Rodrigo Bezerra.
Os sintomas podem incluir dor muscular, fraqueza e urina de coloração marrom ou avermelhada. O tratamento vai depender da intensidade. “Na forma inicial, onde ainda não há um comprometimento renal importante, o paciente precisa de muita hidratação. Muito líquido na veia, solução salina, isso já reduz o risco de o paciente evoluir para uma rabdomiólise mais severa”, completa o nefrologista. As complicações sérias incluem insuficiência renal aguda.
A médica intensivista, coordenadora da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Regional do Agreste, localizado em Caruaru, Adriana Melo, explica que qualquer idade pode ser acometida pela doença. “Pacientes nos extremos de idade são mais vulneráveis. Então, pacientes mais jovens e pacientes mais velhos têm mais risco de evoluir para o caso grave da doença, que afeta severamente os rins”, pontua Adriana.
O caso do corredor acendeu um alerta para pessoas que praticam exercício físico. Sobre isso, o médico explica que, sim, é muito frequente que atletas que praticam exercício de alta intensidade ou de longa duração apresentem rabdomiólise. “Aquela dor muscular que a pessoa sente no final ou depois do exercício físico pode ser um sintoma, já que houve alguma destruição muscular, mas ela só passa a ser clinicamente significativa quando ela é muito exagerada”, reforça.
No entanto, há outras causas para o surgimento da rabdomiólise. Em casos de desastre, como deslizamento e terremoto, ou esmagamento do indivíduo com pressão muscular, também é frequente o surgimento da doença. “Nesses casos, os socorristas quando chegam já têm que começar a hidratar o paciente para evitar a rabdomiólise”, esclarece Bezerra. O uso abusivo de álcool e de drogas ilícitas, como heroína e cocaína, também contribui para o surgimento da doença. Além disso, algumas infecções, como a leptospirose, também podem causar a síndrome.
Há como evitar a rabdomiólise? O médico é enfático. “Sim, há como evitá-la. Evitar drogas ilícitas e o uso abusivo de álcool já é uma boa forma de evitar a doença. Além de que o exercício físico precisa ser realizado de forma que não seja exaustivo e sempre orientado por um profissional de educação física para evitar exageros. Também é muito importante manter-se hidratado”, orienta.
Em caso de surgimento de sintomas, o paciente deve dirigir-se a uma unidade de saúde mais próxima.
