domingo, 14 de janeiro de 2024

Albemar Araújo: "Esse é o meu mundo, esse é o meu universo"

 


O dramaturgo, produtor cultural e economista de formação, Albemar Araújo, está à frente da leitura dramática Zoológico, dentro da 30ª edição do Janeiro de Grandes Espetáculos. A leitura acontece no dia 23 de janeiro, terca- feira, ás 19h, Teatro Arraial , Rua: Da Aurora, 457, Boa Vista. O Ingresso Social é de R$10,00, mais 1kg de alimento não perecível. No elenco estão os atores Pedro Dias, Jomeri Pontes e Marília Mendes, que interpretam idosos abandonados em uma Instituição de Longa Permanência, os conhecidos popularmente como asilos.

Mas Albemar tem uma linda história em sua trajetória de dramaturgo e produtor cultural. Natural de São Vicente Ferrer, na Zona da Mata Norte de Pernambuco, durante a infância, viu muita cultura através dos maracatus rurais, apresentações de mamulengo, o Acorda Povo nas noites de São João e os repentistas. Aos 11 anos, em 1960, se mudou para Olinda e na escola, começou a fazer teatro, incentivado por sua professora, Dona Vandete Feitosa. O primeiro papel? O príncipe encantado de uma fábula infantil.

Sua trajetória acadêmica inclui uma graduação em Economia pela Universidade Federal de Pernambuco, onde se formou em 1975. Mas nunca deixou as Artes Cênicas, inclusive como professor e pesquisador, em Pernambuco, no Brasil e no Exterior. Como ator, trabalhou nas peças A Revolta dos Brinquedos, A Canção de Assis, Jacques e seu Amo, Romeu e Julieta, Ele não Fala... Computa, Paixão de Cristo, O Avarento, entre outras. Como dramaturgo, escreveu os textos: Lamento Sertanejo, A Noite de Ludmila, A Zabumba Mágica, O Menino e o Circo, Ganga meu Ganga – o Rei, Irmãs, Maria Bonita, entre tantas outras.

Em entrevista ao blog, ele fala da leitura dramática, de suas referências no Teatro, e convida o público para assistir a leitura dramática. "A minha vida sempre de vida de gente de teatro ligada a cultura popular, ligaram a a a essa área, embora eu seja graduado em economia, tenho pós-graduação em políticas públicas e sou mestre em cultura popular. Então esse é o meu mundo, esse é o meu universo", afirma Araújo.

Em relação à leitura dramática, qual a história e o contexto da peça Zoológico e por que será feita uma leitura dramática e não uma montagem?

Olhe Taís veja, a peça Zoológico ela conta a trajetória de uma pessoa internada em uma ILPI que é instituição de longa permanência para idosos e que ali ele ficou abandonado sozinho e ele começa a conversar consigo próprio, a projetar a sua imagem nas visões que ele tem dentro do seu quarto, dentro do seu cômodo naquela ILPI. Então das suas viagens, das suas leituras, dos seus estudos que ele teve com relação inclusive até a literatura ele fala muito em e ele projeta visões dentro do seu do seu mundo, aquele mundo ali dentro. Então está baseado em praticamente isso na solidão, no abandono. E as pessoas às vezes pegam o os seus idosos e jogam dentro dessa instituições e esquecem elas por lá. Então ele está nesse nesse contexto. É é uma peça com três personagens que é dividido por Jomeri Pontes, Pedro Dias e Marília Mendes são os três que na realidade seria um só, é quase que como um monólogo que ele tivesse conversando com ele mesmo. Né? Então ele tem respostas e não respostas que ele procura, que são dadas e que ele mesmo as encontra e às vezes não encontra.

E como ocorreu a escolha para o Janeiro de Grandes Espetáculos?

A seleção deu através de convite. O Janeiro de Grandes Espetáculos sempre faz convite para leituras dramatizada e eu já havia feito duas leituras, uma sobre uma adaptação do texto de Eurípedes de Medéia e outra que eu fiz contando histórias do cotidiano. Foram dois monólogos, duas leituras e monólogos. Essa agora é um espetáculo com três atores. Então é isso. A minha vida sempre de vida de gente de teatro ligada a cultura popular, ligaram a a a essa área, embora eu seja graduado em economia, tenho pós-graduação em políticas públicas e sou mestre em cultura popular. Então esse é o meu mundo, esse é o meu universo.

Por que uma leitura e não uma montagem?

Porque esse texto eu agora no final da pandemia foi quando eu terminei esse texto ele havia começado em 2018 e eu havia parado. Durante a pandemia eu terminei, então eu não tinha ainda a estrutura para montá-lo. Também havia a carestia de algumas coisas e inclusive eu não tinha o elenco formado. Então por isso que será uma leitura, porque é uma leitura onde a gente vai expor o texto para o público, que vai estar presente.

Quem são suas maiores referências na dramaturgia?

As minhas referências de dramaturgia aqui em Pernambuco são o Joaquim Cardozo, Nelson Rodrigues, o próprio Ariano Suassuna. Mas eu gosto muito dos clássicos, eu sou muito preso aos escritores clássicos, eu gosto muito do dos clássicos franceses, dos gregos e dos próprios clássicos espanhóis. Mas também não me furto aos portugueses como Gil Vicente. Então eu circulo nessa área entre a tragédia e a comédia. Eu gosto muito de Moliére porque ele mistura essas duas coisas mas também vou-me embora para os russos em e tantos outros que a gente às vezes até esquece para citar.

O que você espera para 2024?

Para 2024, eu espero em Deus que a gente saia desse marasmo, saia dessa dessa mesmice, saia disso que a gente está parado, que a gente procura às vezes até uma referência momentânea e não encontra. Então eu que a gente dê um boom que a gente tenha dê uma sacudidela partindo agora de Jjaneiro de um grande espetáculo que a gente vai em frente e novas produções. E esse ano vai, inclusive, acontecer a montagem de Zoológico.