Hospitais do Recife têm registrado alta nos casos de conjuntivite recentemente. No Hospital de Olhos de Pernambuco (HOPE), nos últimos cinco meses, é possível observar um crescente aumento no número de atendimentos no hospital por conta da doença. Em dezembro, 66% dos casos na urgência foram de pacientes com conjuntivite; em novembro, 64%; em outubro, 55%; em setembro, 51% e em agosto, 47%.
O aumento da doença pode ser explicado por alguns fatores: como a chegada do calor e da umidade nesta época do ano (já que o vírus circula com mais facilidade no ar) e o maior número de pessoas aglomeradas nos mesmos locais (como em confraternizações). Apesar da doença geralmente desaparecer em poucos dias, dependendo da causa a conjuntivite pode durar de 20 a 30 dias.
A comerciante Viviane Brito foi uma das que sofreu com a doença. "Peguei conjuntivite quando fui fazer exames de rotina. Foi uma conjuntivite membranosa, não aquela mais simples, que você só precisa se isolar mas consegue fazer as suas atividades de casa. Eu cheguei a ter uma lesão na córnea, foi um período muito difícil, indo diariamente ao hospital retirar a membrana dos olhos, e passei quase um mês até receber alta”, conta ela.
"Foi um período de incerteza, porque além da dificuldade em enxergar, tive uma complicação porque minha córnea abriu. Se ela não tivesse aberto, minha recuperação teria sido mais rápida, então eu ficava todo dia na expectativa de quando a córnea ia fechar para eu ficar realmente boa. Eu não conseguia enxergar direito, a minha visão estava totalmente turva. Nunca pensei que uma conjuntivite fosse me deixar assim", acrescenta a comerciante.
Outro ponto importante que ajuda a explicar o aumento dos casos é o retorno às atividades de antes da chegada da pandemia da Covid-19. “A gente passou dois anos sem esse surto e agora os casos aumentaram porque relaxamos em medidas como limpeza das mãos e uso de máscaras”, aponta a oftalmologista Laura Sabino, chefe do setor de urgência do HOPE.
A conjuntivite é a inflamação da conjuntiva, a membrana transparente que reveste a esclera (parte branca do olho). Ela pode ter causa infecciosa (bactérias ou vírus), causa alérgica (não contagiosa) ou até mesmo causa química, por algum agente ou produto químico que tenha contato com os olhos.
A conjuntivite infecciosa pode afetar um ou ambos os olhos. “Nos casos de conjuntivite infecciosa o paciente deve ficar em isolamento e não tocar os olhos e nem superfícies, não compartilhar copos ou talheres e nem mesmo falar perto de outras pessoas, porque a doença, além de poder ser transmitida pela lágrima, também pode ser transmitida pela saliva”, adverte a oftalmologista Laura Sabino, do HOPE.
Já as conjuntivites bacterianas costumam ser mais agudas. “São formas que normalmente demandam um atendimento médico mais imediato, mas também melhoram rápido com a medicação”, finaliza a oftalmologista Laura Sabino.