Amanhã (10), é celebrado o Dia Mundial do Ceratocone, uma doença ocular não inflamatória e progressiva que acomete a população mais jovem e precisa ser tratada o quanto antes. A data, criada pela Fundação Nacional do Ceratocone dos Estados Unidos, existe para conscientizar e alertar sobre o problema que é a principal causa de transplante de córnea, conforme aponta o Ministério da Saúde. No Brasil, a doença atinge uma a cada duas mil pessoas e, por ano, afeta 150 mil brasileiros.
O ceratocone provoca a deformação da córnea, tornando-a mais fina e curva, adquirindo a forma de um cone. A doença causa uma visão distorcida e embaçada com hipersensibilidade à luz e pode progredir para a perda visual intensa, bem semelhante à cegueira. Os sintomas costumam surgir ainda na infância, na adolescência ou no princípio da vida adulta, justamente na fase escolar atrapalhando os estudos das crianças e jovens.
Segundo a oftalmologista Ana Catarina Delgado, além da questão da hereditariedade, o surgimento do ceratocone também depende de estímulos externos, como a coceira frequente dos olhos ou o ato de apertá-los. Ela diz que pessoas com problemas alérgicos são mais propensas a desenvolverem a doença por conta do hábito de coçar os olhos. "A recomendação é evitar coçar os olhos, principalmente se há casos de familiares com a doença", orienta.
A doença ainda não tem cura definitiva e é importante fazer o acompanhamento regular para detectar a progressão. Na forma mais branda, o uso de óculos e lentes de contato gelatinosas ou rígidas podem auxiliar, além do implante de anel intraestromal. No caso de progressão detectada, a médica diz que há a oportunidade de realizar o cross link da córnea, que tem a finalidade de "congelar" o processo de evolução do ceratocone. Já na fase avançada, onde a córnea já se encontra muito irregular, extremamente protusa e, consequentemente bastante comprometida, o transplante de córnea é o tratamento indicado.