O mercado de trabalho brasileiro se prepara para uma estação de contratações temporárias de fim de ano aquecida em 2023. Conforme projeções da Confederação Nacional do Comercio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), haverá aumento em relação ao ano anterior.
Estima-se que serão criadas 262 mil vagas temporárias formais, representando um incremento de 8% em comparação com os números de 2022. Esse patamar é o mais elevado desde 2014, marcando uma recuperação notável em relação às crises econômicas de 2016 e à pandemia de Covid-19.
Do total de 262 mil vagas temporárias, o setor do comércio desponta como o principal protagonista, respondendo por aproximadamente 173 mil oportunidades de emprego. Destacam-se os segmentos de hospedagem e restaurantes, que contribuem com 63.418 postos temporários. Essa diversificação setorial evidencia a abrangência das contratações temporárias, puxadas não apenas pelo comércio, mas também por empresas ligadas à prestação de serviços e ao turismo.
No estado de Pernambuco, as expectativas são promissoras, com a projeção de 6.342 novas vagas temporárias para o período de fim de ano. Esse número traz luz à nova dinâmica econômica regional, sustentada pelos resultados do comércio e serviços no último trimestre.
Além do aumento quantitativo, a pesquisa revela uma elevação no salário médio de contratação temporária, estimado em R$ 1.812. Esse valor representa um incremento de 6,21% em relação ao ano anterior. Esse aumento salarial, associado ao volume expressivo de oportunidades, impactará de maneira positiva a economia estadual, proporcionando perspectivas mais favoráveis no período festivo.
O economista da Fecomércio-PE, Rafael Lima, comentou a pesquisa: “Diante desse panorama, as contratações temporárias de fim de ano representam uma fonte de renda adicional para os pernambucanos e indicam um incremento na atividade econômica, sugerindo uma recuperação momentânea no mercado de trabalho”.
Consumo das Famílias
O Índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF) variou 1,5% no Brasil, entre setembro e outubro. Enquanto isso, Pernambuco não apresentou variação no ICF. Mesmo assim, no estado, há indícios de melhora associados à perspectiva profissional e renda atual.
Em relação ao emprego, 39,5% daqueles com renda superior a 10 salários-mínimos acompanham essa afirmação; e 38% dos entrevistados com até 10 salários-mínimos sentem-se nas mesmas condições. A perspectiva profissional, no mês de setembro, 55,1% avaliam a melhora profissional nos próximos seis meses. Enquanto 36,7% avaliam uma piora na perspectiva laboral. Nota-se que a população com rendimento mais elevado está mais satisfeita em relação ao emprego, haja vista 57,9% acreditarem ter boas expectativas de carreira.
Entre a população geral, houve um sentimento de avanço em relação à renda. No entanto, é importante destacar o registro dessa percepção entre a população de menor receita, estrato no qual 20,8% indicaram uma depreciação em sua situação financeira em comparação ao ano passado.
Para 48,6% da população com renda acima de 10 salários-mínimos, o acesso ao crédito ficou mais fácil quando cotejado a igual mês de 2022, enquanto para a população de renda mais baixa, 30,4% acreditam que o acesso ao crédito ficou mais difícil. Essa diferença na percepção do crédito entre estratos de rendimento acentua não apenas distinções econômicas, mas também a pressão de fatores exógenos, como endividamento da família e mercado de trabalho, que moldam as experiências financeiras da população. Tanto é assim que, em relação ao nível de consumo, a pesquisa revelou que 48,1% das famílias com vencimentos de até 10 salários-mínimos estão comprando menos quando comparado ao ano passado, enquanto a população que recebe acima de 10 salários-mínimos indicou que 49,1% estão comprando mais que no ano passado.
Em Pernambuco, 36,1% das famílias com receita até 10 salários-mínimos indicaram a expectativa de consumo menor que no ano passado, enquanto 45,5% das famílias com renda superior a 10 salários-mínimos têm a expectativa de que o consumo seja igual ao do ano passado. Essas perspectivas de consumo antecipam um cenário desafiador para as empresas do setor de comércio e serviços em Pernambuco.
Para 50,6% dos pesquisados, este é um mau momento para compra de bens duráveis (televisão, geladeira, fogão, etc.). Na faixa de renda mais baixa, é levemente maior essa insatisfação, com 52,4% corroborando a afirmação anterior. Enquanto isso, na faixa de remuneração mais elevada, 55,9% avaliam que a circunstância é favorável para a aquisição de duráveis. A melhora comparada ao mês passado se deu por causa do recuo da taxa básica de juros e políticas de renegociação de dívidas, o que trouxe novamente os consumidores para esse segmento.
O economista da Fecomércio-PE, Rafael Lima, comentou: “O Índice de Confiança do Consumidor (ICF) evidenciou uma evolução na percepção da renda disponível da população pernambucana. Este avanço pode ser atribuído, em parte, à deflação registrada nos setores de alimentos e bebidas em todo o Brasil. Além disso, observou-se uma breve, porém promissora, recuperação nos índices de empregos formais em Pernambuco, conforme indicado pelos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Esses sinais de retomada no mercado de trabalho contribuem para elucidar a melhoria na perspectiva profissional no estado.”
Sobre a pesquisa
A Pesquisa de Intenção de Consumo das Famílias (ICF), realizada pela CNC em setembro de 2023, apresenta a avaliação dos consumidores em relação a aspectos relevantes para as condições de vida, como emprego e renda, perspectiva profissional e acesso ao crédito. Trata-se de uma importante ferramenta para avaliar a conjuntura econômica e identificar tendências de consumo, auxiliando empresas e governos a planejar suas estratégias de negócios e políticas públicas.
A análise é feita considerando a ótica de otimismo ou pessimismo do consumidor em relação a esses aspectos, indexada a um índice que, abaixo de 100 pontos, indica pessimismo do consumidor em relação à intenção de consumo. Valores acima de 100 pontos indicam otimismo em relação à intenção de consumo. Além de sistematizar os resultados para o Brasil e as Unidades da Federação, a pesquisa distingue resultados para dois grupos de renda: famílias com renda até 10 salários-mínimos e famílias com renda acima de 10 salários-mínimos.