À medida que o Dia de Finados, realizado em 2 de novembro, se aproxima, a importância de abordar o tema da morte com as crianças se torna ainda mais relevante. Lidar com perdas e ter conversas sinceras sobre a morte pode ser um desafio, especialmente quando se trata de crianças pequenas. O diretor clínico do Grupo Ampliar, Rodrigo Nery, enfatiza que essa discussão deve ser conduzida em família, com empatia e compreensão, respeitando a complexidade e a intensidade que envolve esse assunto.
Os pais podem mudar a perspectiva desse feriado ao abordá-lo como um momento de cuidar e registrar aqueles que partiram. Rodrigo Nery comenta: "Finados é um momento em que as pessoas zelam pelos seus queridos que se foram."
O psicólogo enfatiza a importância de falar sobre a morte com as crianças, especialmente quando ocorre uma perda na família. Ele adverte que esconder a verdade pode piorar a situação e gerar ansiedade nas crianças: "Esconder a verdade pode agravar as fantasias que ela faz a respeito do tema."
No entanto, é fundamental considerar o nível de compreensão da criança. Rodrigo Nery destaca: "Uma criança de 5 anos não entende o que é a morte, porque o desenvolvimento do cérebro ainda não está maduro o suficiente para refletir o conceito da irreversibilidade." Se as crianças estiverem profundamente afetadas pela perda, pode ser útil procurar ajuda dos profissionais.
Rodrigo Nery ressalta a importância de abordar essas questões de maneira acolhedora e lúdica, especialmente se a criança demonstra curiosidade: "Se a criança tem a curiosidade é importante tirar a dúvida de uma forma que a sua linguagem seja mais acolhedora e lúdica, trazendo menos possibilidades de trauma." Além de conversar, as ferramentas lúdicas, como livros, filmes, músicas e podcasts, podem ser recursos valiosos para abordar o tema da morte de maneira sensível e acessível.
"Ao adotar uma abordagem sensível e acolhedora, os pais e responsáveis podem ajudar as crianças a compreender a complexidade da morte, lidar com suas emoções e manter viva a memória daqueles que foram. O Dia de Finados pode ser uma oportunidade para celebrar a vida e as memórias, transformando a tristeza em lembranças afetuosas", concluiu Rodrigo Nery.
Indicações do psicólogo para Abordar o tema da morte com crianças:
Animação "Viva – A Vida é uma Festa": Dirigido por Adrian Molina e Lee Unkrich, o filme conta a história de Miguel, um jovem que acidentalmente abre um portal para a colorida Terra dos Mortos, explorando tradições do Día de Los Muertos, uma celebrações mexicanas importantes semelhantes ao Dia de Finados. O filme mistura fantasias e aventuras, tornando-se uma excelente maneira de introduzir o assunto da morte às crianças.
Livro "A Árvore das Lembranças" de Britta Teckentrup: é um livro que eu uso com crianças de todas as idades. Conta a história de uma raposinha que estava velha e se aconchegou, dormiu num sono profundo e não acordou", destacando a importância de histórias como essa para ajudar as crianças a compreender a morte. Na trama, escrita por Britta Teckentrup, os animais fazem uma roda em volta da falecida amiga, lembrando vários momentos bons e prazerosos com a raposinha.