sexta-feira, 20 de outubro de 2023

30 anos da morte de Nelson Barbalho: Prefeitura lembra legado do importante historiador caruaruense


No próximo dia 22 de outubro completam 30 anos da morte do historiador caruaruense Nelson Barbalho de Siqueira, um dos principais nomes da cultura do município. Por isso, a Prefeitura de Caruaru, por meio da Fundação de Cultura, lembra o legado de Nelson para a Capital do Agreste. 

“Nelson foi um dos maiores pensadores, memoristas, escritores... Ele estava sempre antenado. Nelson significa, para a gente, um pedaço da história viva, porque seus livros retratam o tempo. O legado que ele deixa é que ele conseguiu enxergar uma cidade além do que imaginava. Nós continuamos sendo verdadeiros semeadores das obras de Nelson”, disse o presidente da Fundação de Cultura de Caruaru, Hérlon Cavalcanti.

Apaixonado que era por Caruaru, Nelson se referia ao município onde nasceu como “A Terra de Álvaro Lins”, “A Cidade dos Avelozes Esmeraldinos” e “O Continente de Caruaru”. No entanto, a mais famosa expressão do historiador é utilizada até os dias de hoje, tanto pelos nascidos quanto pelos adotados pela cidade: “O País de Caruaru”. 

A famosa expressão também é título de um dos principais livros de Barbalho, publicado em 1974. Segundo o historiador e professor José Urbano, esta obra “fala muito da história política da cidade logo no início, quando se tornou município, ainda não havia prefeitura e quem comandava politicamente a cidade era a Câmara dos Vereadores”.

No total, Nelson escreveu 110 livros, sendo mais da metade sobre Caruaru. Além disso, ele compôs em torno de 180 canções, uma delas ao lado de Onildo Almeida. A música “Capital do Agreste” foi escrita no ano de 1957 em homenagem ao centenário de Caruaru e ficou eternizada na voz do rei do Baião, Luiz Gonzaga. 

Nelson nasceu no dia 2 de junho de 1918, filho de comerciantes e residiu durante um tempo, na década de 30, na cidade do Recife. No entanto, o historiador voltou para Caruaru em seguida para trabalhar, de acordo com informações de José Urbano. Na sua cidade natal, o historiador trabalhou na alfaiataria do pai e também foi datilógrafo, escrituário e fiscal público.

Barbalho exerceu esta última profissão até a sua aposentadoria, no ano de 1977. “Nelson Barbalho conciliava as atividades de fiscal público com as atividades intelectuais, escrevendo para jornais da cidade e revistas literárias, começando escrevendo crônicas e textos baseados em lembranças e memórias”, ressaltou o professor Urbano.

Enquanto historiador, Nelson é uma das principais referências quando se trata da história sobre o Sertão e também sobre o Agreste pernambucano, sobretudo quando se fala em Caruaru. Como detalhou o historiador José Urbano, “o primeiro livro de Nelson Barbalho se tratando de Caruaru foi lançado em 1972, e se chama ‘Caruru, Caruaru’. O livro trata de uma obra de ocorrências históricas com personagens, dados folclóricos, diálogos rústicos que remontam o passado da cidade”.

Para além de Caruaru, vale ressaltar que a música mais famosa de Nelson, segundo o professor Urbano, foi feita em homenagem à morte de um primo de Luiz Gonzaga, Raimundo Jacó, que era vaqueiro em Serrita, no Sertão. A composição recebeu o nome de “A Morte do Vaqueiro”. “Foi a partir daí que se deu origem à tradicional Missa do Vaqueiro em Serrita”, finalizou.