Nesta quarta-feira (27), é celebrado o Dia Nacional da Doação de Órgãos. A data faz parte da campanha “Setembro Verde”, que tem o objetivo de conscientizar a sociedade sobre a importância da doação e, ao mesmo tempo, fazer com que as pessoas conversem com seus familiares e amigos sobre o assunto. No Recife, a Associação Pernambucana de Apoio aos Doentes de Fígado (Apaf), que funciona dentro do Hospital Universitário Oswaldo Cruz (HUOC), assiste pacientes de vários estados do Brasil com doenças hepáticas, transplantados e suas famílias.
Assistido pela APAF, Raimundo da Silva (75) é natural de Arapiraca, interior de Alagoas. Diagnosticado com cirrose hepática, o caminhoneiro aposentado ganhou uma nova chance de vida, após transplante de fígado, realizado na Unidade de Transplante de Fígado do HUOC, em 2010. “Em Alagoas, eu fiquei em coma e os médicos chegaram a comunicar aos meus familiares que eu não iria viver por muito tempo. Eu serei eternamente grato a quem doou o órgão e me deu a chance de estar aqui hoje ao lado da minha esposa e dos meus filhos”, conta.
Segundo dados da Central de Transplantes de Pernambuco (CT-PE), 2.911 pacientes aguardam por um órgão ou tecido, desses 149 esperam por um fígado. À frente do Programa de Transplante de Fígado, o presidente da APAF e médico hepatologista Cláudio Lacerda chama atenção para a queda no número de procedimentos em decorrência da pandemia de Covid. “Antes da pandemia, a gente estava realizando aproximadamente 130 transplantes de fígado por ano. Durante a crise sanitária, tivemos uma redução substancial, no ano passado nós fizemos em torno de 50 cirurgias, não mais do que isso”, destaca.
No entanto, a previsão é otimista para os próximos anos. Segundo a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO) o país chegou a 19 doadores por milhão de habitantes pela primeira vez, e a tendência é que os números de transplante de 2023 superem ou igualem os registrados em 2019, melhor ano da série histórica. “Temos a intenção de fechar este ano com 100 transplantes realizados. Em 2024, esperamos voltar aos patamares de antes da pandemia e daí seguindo um crescimento sustentável, com 150 a 160 transplantes, a partir dos próximos anos”, revela Cláudio.
Apesar do aumento no número de doadores, a recusa da família em doar os órgãos do paciente apto também aumentou, chegando a 49%, quando a série histórica era de 42%. “As pessoas que permitem que os órgãos dos entes queridos, com morte cerebral, sejam doados, tornam-se mais felizes, pela sensação de ter contribuído na recuperação de vidas. É um gesto que engrandece o ser humano”, ressalta o hepatologista.
Para ser doador de órgãos e tecidos, não é necessário deixar nada escrito, por isso é fundamental expor esse desejo aos familiares para que seja devidamente respeitado. Em condição de morte encefálica, pessoas de todas as idades e históricos médicos podem ser consideradas potenciais doadoras.
*RENASCENDO COM DIREITOS* - As crianças assistidas Apaf ganharam um equipamento importante que visa oferecer apoio e alívio à difícil rotina do tratamento hepático. Na Casa de Acolhimento da instituição, no bairro de Santo Amaro, foi instalada uma brinquedoteca que realiza oficinas e brincadeiras unindo diversão, aprendizado e interação social. O projeto “Renascendo com Direitos” é financiado pelo Fundo Municipal da Criança e do Adolescente (FMCA), por meio do Conselho Municipal de Defesa e Promoção dos Direitos da Criança e do Adolescente da Cidade do Recife (COMDICA). As empresas Bayer Brasil, Basf e Grupo Parvi destinaram recursos para garantir a realização da iniciativa.