Entre os dez novos Patrimônios Vivos de Pernambuco está o Terreiro Ilê Axé Oxalá Talabi, localizado em Paratibe - Paulista. A divulgação aconteceu nesta última quinta-feira (10) pelo Governo de Pernambuco, por meio da Secretaria Estadual de Cultura (Secult-PE) e da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe). A cerimônia de titulação está marcada para a próxima quinta-feira (17/08) Dia Nacional do Patrimônio Histórico, durante cerimônia da 16° Semana do Patrimônio Cultural de Pernambuco, a ser realizada no Teatro de Santa Isabel a partir das 9:00h.
O nome Ilé Àse Òrìsànlá Tàlàbí, de origem iorubá, significa “Casa de força do grande Orixá que nasce do Alá”. Se faz necessário afirmar que o Axé Talabi preserva a concepção afro-indígena de família, que se constitui por parentescos biológicos, culturais, espirituais e míticos.
O legado ancestral familiar que foi repassado de geração em geração, possibilitou que em janeiro de 1968 fosse plantado o Axé no primeiro imóvel que acomodaria a família e seus descendentes, que daria continuidade a força vital ancestral. Em janeiro de 1991 a casa abre as portas para a comunidade, realizando suas as primeiras atividades rituais públicas, dirigidas pelos fundadores.
Historicamente diversas famílias negríndigenas de Pernambuco organizaram seus grupos e estabeleceram seus territórios culturais sagrados para preservarem seus saberes e fazeres tradicionais, possibilitando que seu patrimônio cultural mantivesse-se vivo. Foi nas terras de Paratibe, antigo centro estratégico do quilombo do Catucá, a partir da preservação e continuidade do legado cultural familiar de Aguinaldo Barbosa - Painho de Xangô (Obá Dodê) e Maria da Solidade - Mãe Dada de Oxalá (Tàlàbí Deyìn), que foi fincado as raízes do Ilê Axé Orixalá Talabí.
A comunidade mantém um expressivo calendário cultural e de celebrações que resguardam as práticas ancestrais compostas pela musicalidade, gastronomia, vestuário, danças e pelas relações com a natureza.
O Terreiro Axé Talabi é uma organização sócio-cultural-religiosa de grande atuação no estado de Pernambuco e no Brasil. Nos últimos 32 anos desenvolveu diversos programas, projetos e atividades na área da salvaguarda do patrimônio cultural afro-indígena brasileiro reconhecidas nacionalmente. São ações que envolvem crianças, adolescentes, adultos e idosos em torno de trabalhos voltados para a salvaguarda e valorização dos elementos que compõem os bens do patrimônio imaterial preservados através da dinâmica cotidiana da comunidade, garantindo o acesso das futuras gerações.
Patrimônio Vivo
Com os novos dez eleitos, Pernambuco passa a ter 95 Patrimônios Vivos registrados de diversas regiões. Considera-se Patrimônio Vivo homens e mulheres que, individualmente ou junto aos seus coletivos, mantêm tradições centradas na oralidade, tecem redes de compartilhamento e aprendizado pautados na valorização dos conhecimentos técnicos e das vivências, intercâmbios e histórias que são passadas para novas gerações de acordo com os contextos específicos de suas comunidades e localidades, preservando a grande diversidade de bens culturais aos quais se vinculam.
Assim temos, por exemplo, a presença de parteira tradicional, artista circense, mestres e mestras da poesia popular, do repente e da literatura de cordel. Temos também coquistas, maestros de frevo, artesãos modeladores de barro e de brinquedos populares. Cada qual, com seu conjunto de saberes, relaciona-se com uma variedade muito grande de aprendizes, formando diretamente e indiretamente discípulos(as).