Um ato pacífico reúne na próxima segunda-feira (31), na Ilha do Leite, pais de crianças em tratamento para autismo, em clínicas credenciadas a planos e seguradoras de saúde. Eles querem chamar a atenção para o descredenciamento em massa de clínicas multidisciplinares promovido pela Unimed neste mês de Julho, prejudicando o tratamento de milhares de crianças e adolescentes no espectro autista. A mobilização começa às 15h30, na Av. Lins Petit, em frente ao Centro Administrativo da Unimed.
De forma pacífica, sem barulho, para não incomodar pacientes de hospitais próximos, e sem atrapalhar as vias de acesso ao local, o grupo dará um abraço simbólico em volta do prédio. A proposta é sensibilizar a população e os administradores do plano para os prejuízos irreversíveis que a medida pode provocar. “Queremos que nossa causa seja vista com o mesmo respeito que estamos tendo com os outros pacientes.” afirma a comissão organizadora, em uma carta aberta à população.
O grupo pede a revogação do descredenciamento de cinco clínicas, oficializado pela Unimed no site no aplicativo, sem consultar previamente os familiares e responsáveis, nem informar antecipadamente, quebrando o vínculo terapêutico. Esse vínculo é construído a partir de uma relação de confiança entre o profissional e o paciente, e conquistado ao longo do tempo do tratamento. “A resolução 567/2022 da ANS garante que em caso de substituição de prestador, o plano precisa oferecer outro igualmente capaz de realizar o serviço. Ocorre que a clínica indicada pela UNIMED se recusa a comprovar sua capacidade técnica, bem como a UNIMED também se nega a realizar essa comprovação administrativamente, só fazendo em juízo.” declara o advogado Franklin Façanha, especialista em direito dos autistas.
Outro serviço importante para as crianças com autismo, suspenso repentinamente pelo plano Amil, foi o de atendente terapêutico (ATs). o AT é um profissional capacitado sobre as demandas terapêuticas específicas da criança, como por exemplo a falta de habilidade social. Bem diferente do acompanhante escolar, que é voltado apenas às dificuldades pedagógicas.
As pessoas com autismo, pela condição, têm maior dificuldade nas interações sociais, pois precisam de rotinas pré-estabelecidas e previsibilidade. Para elas, essa quebra coloca em risco toda a evolução conquistada no tratamento. “Algumas dessas crianças e adolescentes são não-verbais, não sabem expressar sua insatisfação, chateação, ou algum tipo de incômodo que estejam sofrendo em frases e transformam isso em choro, automutilação ou acabam batendo nos outros para chamar a atenção”, desabafa na carta o grupo de pais à frente da mobilização.