quarta-feira, 14 de junho de 2023

Riáh apresenta “Retinta” no São João de Caruaru



Ela está em casa. A cantora pernambucana Riáh, que recentemente lançou o álbum “Retinta”, uma obra que celebra a herança cultural do Agreste nordestino através de elementos da cultura XuKuru com uma pegada cosmopolita, se prepara para subir no palco do Maior e Melhor São João do Mundo, em um show com gostinho de lar. É que a artista se apresenta nesta quinta-feira (15/06), às 20h, em Caruaru, na terra que a acolheu musicalmente. Brilhando no polo Azulão ao lado de seus irmãos e artistas indígenas Allysson Xukuru e Mary do Pife Xukuru. A apresentação ainda contará com a participação especial de Helena Cristina e Valdemar Neto.

Para Riáh, esse será um show especial pela possibilidade de apresentar em casa, em um evento tão grandioso quanto o São João, um trabalho musical que resgata a tradição, arte e beleza da cultura Xukuru nessa nova cena de música Indígena moderna e do mundo. “Marca um ponto crucial em minha carreira e a minha retomada indígena, pois estamos vivendo o Marco Temporal e o palco também é lugar de luta”, celebra ela.

O Azulão, que é reconhecido como um dos polos mais prestigiados da famosa festa junina, já recebeu grandes nomes da música pernambucana e nacional nesta edição, entre eles, Nação Zumbi, Mestre Ambrósio e Gabriel, O Pensador.

*Mais sobre “Retinta”*

Riáh tem sua música inspirada pela Serra do Ororubá, localizada no município de Pesqueira terra do seu pai, avós e bisavós de onde vem sua descendência e ancestralidade Xukuru, em Pernambuco, sendo uma importante referência cultural e geográfica da região e berço da etnia Xukuru, que habita a área há séculos. São essas histórias e tradições que a cantora buscou retratar nas faixas de Retinta, trazendo seu lugar de pertencimento.

Para o álbum, Riáh lançou mão de uma sonoridade original e inovadora, mesclando com destreza diversos estilos musicais, como o baião, xote, soul e rock, todos combinados com dinâmicas da viola e seus timbres, teclados psicodélicos com o Baixo synth Bass e a bateria com samples.

“Esse trabalho além de marcar minha retomada, fala de muitos lugares de mim. A cultura pernambucana é muito forte, é um estado com manifestações culturais diversas, que não existem em lugar nenhum, só existem aqui”, diz ela.

Além de ser um convite para uma imersão na riqueza cultural do nordeste brasileiro, “Retinta”, também é um trabalho que lança luz a questões sociais e políticas. É que Riáh utiliza o álbum como plataforma para exaltar a luta do povo preto e dos povos originários, destacando a força da cultura Xukuru e sua importância para a identidade do agreste pernambucano. A canção Ororubá, por exemplo, faixa 4 do álbum, composta por Zé Modesto, inclui palavras em iorubá em homenagem a Oyá e aborda os encantados e a importância de cuidar da natureza.

De acordo com a cantora, o álbum é uma forma de mostrar ao mundo a força dessas culturas e incitar a reflexão sobre as questões sociais e históricas que permeiam o Brasil, indo além da música. “O disco dialoga com essas origens, ou seja, as minhas raízes Xukuru. Exalta os povos originários, além de diversas outras coisas, a luta pelos direitos de ser mulher, mãe solo e ativista. É um diálogo social. Eu trago a verdade, que é o sangue negro e o sangue indígena derramados nessas terras brasileiras, e a gente não pode fechar os olhos para isso”, declara Riáh.

Ouçam a Música clicando aqui: