O Dia Nacional do Diabetes Mellitus, celebrado em parceria com o Ministério da Saúde e Organização Mundial de Saúde, nesta segunda-feira (26), chama atenção para a necessidade do portador da doença adotar medidas de prevenção e cuidados específicos. O acompanhamento por um médico da família ou endocrinologista, para o controle dos índices glicêmicos, é a principal precaução a ser tomada. Gabriella Souza – enfermeira dermatoterapeuta e hiperbárica, sênior da Clínica Cicatriza – destaca o perigo de não se conseguir ter o controle glicêmico adequado. O fator pode gerar complicações, a exemplo de infecções, problemas de circulação e neuropatias, sendo que, essas últimas, podem causar alterações significativas nos pés.
A neuropatia diabética surge de danos ocasionados pela diabetes aos nervos periféricos – responsáveis pela condução dos sinais do sistema nervoso ao restante do corpo. Isso acontece porque altos índices glicêmicos, de forma sustentada, geram danos a esses nervos. A enfermeira Gabriella Souza explica que “quando se tem uma glicemia muito alta, se diminui a capacidade de eliminar os radicais livres e esses comprometem o metabolismo das células, principalmente dos neurônios. Assim, o sistema nervoso não consegue emitir a informação de forma correta para os nervos mais distais do corpo e os mais afetados vão ser os dos pés”. Entre os sinais de alerta, segundo ela, estão: sensação de dor, queimação, ardência, formigamento, dormência e deformidade nos pés, a depender do tipo de neuropatia.
Gabriella Souza acrescenta que, como o pé não é uma área do corpo a qual se dá tanta importância, o paciente que já tenha um grau de neuropatia, principalmente sensitiva ou motora, deve ficar muito atento. “Criar o hábito diário de, após tomar banho, secar os pés, olhar, investigar, ver se tem alguma coisa porque muitos pacientes quando procuram um serviço de saúde já vêm com lesões de muito tempo, que nem perceberam, justamente pelo grau de comprometimento desses nervos e por não terem sensibilidade. São pacientes mais propensos a terem complicações, e geralmente, as lesões tendem a infectar muito rápido. E quando há infecção já instalada, esses pacientes têm muitas chances de evoluírem para amputação de membro.”
Caso a condição ocorra, no entanto, é indispensável buscar um tratamento especializado, como acrescenta a profissional. “A formação da lesão por si só já é uma complicação bem significativa e, quando o paciente tem índices glicêmicos descompensados, fica muito mais difícil tratar porque a situação complica rapidamente. “Os altos índices glicêmicos também favorecem a proliferação bacteriana e infecções graves, por isso as taxas de amputação em pacientes diabéticos são muito mais altas do que em pacientes não acometidos pela condição”.
Diabetes – A diabetes é uma síndrome metabólica de origem múltipla, que decorre da falta de insulina e/ou da incapacidade da insulina (produzida pelo pâncreas e responsável pela manutenção do metabolismo da glicose) exercer adequadamente seus efeitos. A falta desse hormônio no organismo ocasiona déficit na metabolização da glicose e, consequente, diabetes. A doença é caracterizada por altas taxas de açúcar, de forma permanente, no sangue (hiperglicemia). Por ser uma doença crônica, a diabetes não tem cura, mas tem tratamento.