Daigo Rodrigues iniciou o jiu-jitsu em 1998 no extinto Clube da Celpe, da Avenida Caxangá, com o professor Isaque Manuel. Com o sonho de se tornar um grande professor e um grande atleta. Só que as condições financeiras não deixavam, só que nessa época ele conseguiu fazer um curso de vigilante, conseguindo entrar no mercado de trabalho e meses depois já treinando jiu-jitsu.
Com apenas 2 anos de jiu-jitsu já estava dando aula no Alto Santa Terezinha, na laje de sua casa. Em um certo dia, chegou um aluno dele, o Anderson, conhecido como Anderson Fofão, tinha uns 13 anos de idade, aí ele falou ''Daigo, meu pai conhece um político no bairro do Arruda, vamos conversar com ele, que ele consegue uma sala para o senhor dar aula.'' Foi quando teve início as aulas privadas de jiu-jitsu e ficou nesse local até 2004. Em 2005, iniciou o projeto de Artes Marciais do Alto Santa Terezinha, no CSU Afrânio Godoy, na época quem conseguiu esse espaço para aulas foram dois amigos de Daigo, Alex e Jobson.
Em 2007, Rodrigues levou 5 atletas para lutar o Mundial de Jiu-Jitsu Iniciante, na cidade de São Paulo - SP, com ajuda de Alex e Jobson conquistaram 5 medalhas no evento. Na volta da viagem com as medalhas, muita gente da comunidade nem acreditava no que tinha acontecido e até mesmo os atletas que foram medalhistas mundiais nem acreditavam, foi quando percebeu que a comunidade precisava mais dele. Nessa época ficou tão apaixonado pela questão social que parou de dar aulas no privado, foi quando começou a explorar mais o lado social na periferia. Conquistando vários campeonatos seguidos no Nordeste. Em 2008, conseguiu um ônibus, dessa vez levou 28 lutadores para o mundial na capital paulista, onde faturou 18 medalhas. A repercussão foi tanta que não tinha conseguido atender a demanda de muitos alunos. Com a ideia, no mesmo ano, de chamar Mestre Vicente da Capoeira e Mestre Josias do Judô para fazer parte do projeto, Daigo ficou aliviado, porque a comunidade tinha mais duas modalidades para treinar, porque antes dava aulas de domingo a domingo e não conseguia atender, graças aos mestres o projeto foi ampliado.
Em 2010, o efeito foi tão grande que mesmo com a situação precária, atendia com as 3 modalidades 300 alunos, foi quando o Ginásio Geraldão teve interesse de contratar os professores. Momento de felicidade para equipe, pelo fato da carteira de trabalho ter sido assinada na função de professor de artes marciais. Foi nessa época que o projeto decolou, porque muitos professores de luta queriam conhecer a metodologia. Com pouco de trabalho de 2004 a 2010, já tinham conseguido formar alguns professores para começar a atuar em outros projetos. A curiosidade dos outros profissionais de artes marciais era saber o motivo de tanto sucesso. Não formava só atletas, era através do esporte incentivar os jovens a estudar, trabalhar e até prestar concurso público. O projeto foi crescendo e atualmente tem cerca de 40 professores atuando na cidade do Recife e no exterior (China, Dubai e Canadá), com projetos sociais nas zonas periféricas dos Coelhos, Campina do Barreto, Beberibe, Alto do Pascoal, Camaragibe, Caxangá, Alto do Céu e Bomba do Hemetério. Hoje, também atuam nas classes sociais mais elevadas, levando o jiu-jitsu para os bairros das Graças, Espinheiro, Aflitos, Apipucos e Casa Forte. Nos dias atuais, Harrison Vinicius, que é aluno do projeto, faixa marrom de jiu-jitsu, mestre em Educação Física, que também foi descoberto no projeto social do Alto Santa Terezinha, sócio de Rodrigues na área privada, administrando as duas filias da Academia Gracie nos Aflitos e em Casa Forte.
Há vários exemplos de pessoas que foram formadas na comunidade que viraram profissionais, ex. Thiago David, Leandro Nogueira, Washington das Neves e Leonardo de Araújo, que são fundadores do projeto. Em 2019, o mestre Daigo teve a ideia de formar um grupo para atuar nas áreas mais elevadas da cidade do Recife. Selecionando um pessoal da periferia, alunos, em torno de 12 profissionais, professores de jiu-jitsu, boxe, judô e muay thai e graças a Deus foi um sucesso. Esses profissionais estão atuando nessas áreas nobres da Região Metropolitana do Recife, pagando seus estudos e levando comida para casa através das artes marciais. Um dos maiores exemplos é Vinicius Xavier, que foi descoberto no projeto social do Alto Santa Terezinha, e hoje é professor exclusivo da Rilion Gracie, ministrando aulas na Gracie Aflitos, no Clube Náutico Capibaribe e Gracie Casa Forte.
Segundo Rodrigues: ‘’ Para mim valeu a pena, um trabalho que começou na laje de casa, em 2000, e se expandiu para Recife e o mundo, levando jiu-jitsu para todas as classes sociais. O sonho de todo governante é juntar todas as classes sociais em uma sala de aula, mas eles não conseguem, não é culpa deles, a arte marcial é diferente, ela consegue juntar todas as classes sociais em um só lugar, pelo fato de ser uma tradição milenar.’’
Daigo Rodrigues, idealizador do projeto Alto Santa Terezinha de Artes Marciais e Vice-Presidente da Rilion Gracie Pernambuco.