Há algum tempo, falamos sobre uma produtora de moda do Rio que fazia roupas inclusivas para PCDs e agora vamos mostrar como uma modista pernambucana fez uma canga-que-vira-bolsa-que-vira-canga. Com a peça patenteada, a Multicangas é uma empresa de moda feminina que quer chegar a todas as mulheres, vidas, corpos, raças, vivências. “Nesse sentimento que a marca *MULTICANGAS* pensou na ideia dum produto prático, despojado, com um toque que combina com sua vibe, que fosse atemporal e que pudesse ser usado onde e com quem fosse. Sim! temos um mar de Possibilidades e vamos ter uma experiência única”, afirma a empresária Mônica Paes.
Paes ainda faz questão de afirmar, quando se fala da Multicangas: “o que você vai encontrar SUPERA a ideia de canga, é algo maior. é Alma é feito pra você, para seu movimento social, para uma causa, para um grito preso, pra um segmento, para um personalizado. Mas pensamos além, e visando chegar ainda mais longe, queremos compartilhar nossa patente, nossa qualidade e marca, trazendo também coleções exclusivas e com a marca de outras Empresas. E claro temos aporte para que saia com sua Coleção impecável e que unindo propósitos possamos chegar cada vez mais longe!”
Na semana passada, ela esteve em Garanhuns, mostrando sua coleção no evento Mulheres que Inspiram, promovido pela Secretaria da Mulher da Prefeitura de Garanhuns, no Agreste de Pernambuco, a 250 km do Recife. Um encontro de diversidade, criatividade e inclusão social onde o objetivo era um só: Inovar conceitos quebrando preconceitos. Alguns dias antes do desfile, Monica Paes conversou com o blog e nos falou da experiência que está vivendo, que ela considera como única.
1) Como surgiu a ideia de fazer moda inclusiva?
A ideia surgiu com o curso de Serviço Social, pois estou no último ano, né? Já fiz o meu TCC inclusive a inclusão social precisa estar na moda né? Porque eu fiquei pensando poxa como é que eu o que eu posso ajudar como assistente social, como é que eu posso ajudar como uma pessoa que faz uma ação social? E aí eu vi que a canga, eu a desmistifiquei, né? Que ela não precisa ser usada só em praia ou piscina, ou seja, a sustentabilidade ela pode ser usada em vários em vários lugares e por qualquer pessoa foi aí que eu percebi que qualquer pessoa poderia usar e aí eu pensei nos cadeirantes aí eu comecei pensar em outras pessoas e na verdade a ideia foi surgindo dessa forma.
2) De que maneira ocorreu a aceitação das peças?
No início foi assustador até pra minha vida, é difícil dizer isso, na palavra pesada. Mas a aceitação foi de imediato Até homens diziam: ”Ah eu tenho a do Flamengo, eu tenho a do Corinthians”. ”Vai ser bacana porque aí eu coloco água dentro, minha carteira, minha chave”, tal e a aceitação foi imediata
3) Quais seus principais públicos-alvo?
O meu público-alvo é aquele público invisível. Aquele público que ah as pessoas precisam ver com outros olhos de outra forma. Não sei como vou fazer isso, se só a canga é o suficiente. Ah quero trabalhar com pessoas ligadas principalmente com a inclusão social pra poder me ajudar nesse projeto, mas o alvo são aquelas pessoas que passam e ninguém vê. E Marta Medeiros diz uma frase muito bacana que ela diz ”aonde você olha e não enxerga nada”, ter gente é mais ou menos isso, então eu quero que essas pessoas sejam visíveis
4) Você enfrentou algum tipo de preconceito ao fazer a moda inclusiva?
Nossa é eu comecei só perguntando nem mostrando a canga né? Eu perguntei alguns blogueiros com mais de cinquenta sessenta mil seguidores cem mil seguidores se se por acaso eles tirariam uma foto com uma pessoa cadeirante e tal e enfim pra divulgar a bolsa e tudo mais. Porém eu fiz até uma pesquisa né? Uma enquete com quem essas pessoas gostariam de tirar foto e tal. É nenhum desses blogueiros quiseram e alguns inclusive disseram que não, que se fosse propagar ou um comercial da marca tudo bem, mas é sem é pessoas assim por não tinha nada a ver com ele, com o trabalho deles e tal. Eu senti uma certa repulsa por parte deles. E essa repulsa é um preconceito, né? É eu jamais eu minha marca ainda não é nada. Mas se um dia for alguma coisa eu nunca vou esquecer que essas pessoas jamais farão parte disso
5) Dentro da sua trajetória, quais foram os grandes momentos?
A primeira parceria feita pela Secretaria da Mulher de Garanhuns com a direção da Betânia (Afra Betânia Monteiro, secretária da mulher em Garanhuns – PE) que é cem por cento voltada à inclusão social é foi aceito de cara ah algumas pessoas famosas começaram a mandar mensagens e a me seguir né? Ah enfim eu fiquei também chocada com isso é pessoas é que de grandes nomes na cidade aqui é começaram a me chamar pros eventos e quiseram com todo carinho abraçar a marca eu acho que esses é quando é eles pensam no social eles falam da marca, eles falam da inclusão quando eles é eles falam isso aquele grupo de empresários, mulheres é muito ricas, mulheres que não precisavam estar ajudando ninguém, mas ela se dispõe a fazer isso. É eu acho que teve esses momentos assim que me surpreenderam e geralmente as coisas boas me surpreendem mais.
6) O que você aprendeu ao trabalhar com moda inclusiva?
Eu aprendi que nas diferenças todos nós somos iguais. É isso.