A Comissão do Meio Ambiente do Senado discutiu nesta segunda-feira, 24, em audiência pública, as riquezas da Caatinga, bioma exclusivamente brasileiro, presente em dez estados e que abriga 27 milhões de habitantes. O debate foi híbrido, com parte dos palestrantes falando de forma remota.
A senadora Teresa Leitão (PT-PE), que propôs a audiência, ressaltou a diversidade do bioma. “O imenso potencial para geração de energias renováveis, a busca pela segurança hídrica através das diversas experiências para a captação e reuso de água no semiárido, o potencial medicinal, alimentar e cosmético das plantas nativas, o ecoturismo, com imenso potencial para a conservação de serviços ambientais, além dos seus incontáveis sistemas sustentáveis e tradicionais de produção de alimentos, tornam a caatinga um verdadeiro complexo social, cultural, natural, produtivo e econômico, que é preciso ser reconhecido, conhecido por quem não conhece com esta dimensão”, disse.
Autêntico representante da cultura sertaneja, o poeta popular Antônio Marinho, nascido em São José do Egito, Sertão do Pajeú, trouxe o brilho de versos que exaltaram a paisagem e o povo da Caatinga. “Meu verso vem da lenha / da lasca do marmeleiro, que sai do centro da mata / trazida pelo lenheiro / e quando chega na praça é trocada por dinheiro”.
O representante do Ministério do Meio Ambiente, Alexandre Pires, diretor de combate à desertificação, falou sobre o potencial econômico da região e da necessidade de se aproveitar suas riquezas naturais.
A professora Márcia Vanusa da Silva, da UFPE, que há décadas estuda o semiárido destacou as riquezas de sua flora, citando plantas nativas, como o babaçu, a carnaúba e o ouricuri. Lembrou que é preciso incentivar a exploração econômica e sustentável dessas espécies. “As universidades do Nordeste precisam se dedicar mais às pesquisas, buscando soluções para a região. E temos muito a avançar nas políticas públicas”, afirmou.
Maria Auxiliadora Coelho de Lima, pesquisadora e chefe-geral da Embrapa Semiárido, destacou o potencial genético e biotecnológico. Lembrou que também é necessário estudar melhor as pragas existentes no bioma. E disse que é preciso levar em consideração estratégias que envolvam segurança hídrica para as comunidades rurais.
Mônica Tejo, diretora do Instituto Nacional do Semiárido, do Ministério da Ciência e Tecnologia, falou sobre pesquisas, como as que são feitas com a palma forrageira, planta muito presente na região. Citou as possibilidades da produção animal, como gado e caprinos. E ainda destacou o potencial de energia eólica da região.
Afonso Cavalcanti Fernandes, da ASA (Articulação do Semiárido), também ressaltou o potencial econômico, presente, por exemplo, nas plantas e até nas abelhas. E lembrou que o sol presente o ano inteiro também pode gerar renda para a população. Falou ainda da necessidade urgente de se combater o desmatamento da caatinga.
John Elton Cunha, da UFCG, estuda o aproveitamento da pouca água do bioma, falando da necessidade de se enfrentar a degradação do ambiente, para deter o processo de desertificação.
Na próxima sexta-feira, dia 28, comemora-se o Dia Nacional da Caatinga.