Sentar de pernas cruzadas é um hábito bem comum, mas que pode acarretar doenças da coluna por levar ao desalinhamento gradativo do quadril, uma vez que uma perna fica na altura do joelho e a outra sobre o tornozelo. O fator gera uma sobrecarga nas articulações dos joelhos, quadris e principalmente da coluna lombar. Por isso, é preciso criar novos hábitos, como orienta o médico ortopedista Thiago Pedro – especialista em cirurgia da coluna, com atendimento no SEOT (Santa Efigênia Ortopedia e Traumatologia), com sede em Caruaru, no Agreste de Pernambuco.
Manter a postura natural, a fim de distribuir o peso do corpo e respeitar a anatomia da lombar, é o indicado, segundo o médico Thiago Pedro. A ergonomia, no dia a dia do trabalho, deve ser observada, pois, à medida que sentamos de pernas cruzadas, desalinhamos o corpo e esse não assume a postura anatômica correta, o que ocasiona um desgaste acelerado das articulações. “Para quem passa bastante tempo sentado – no trabalho, durante as refeições, no transporte público ou particular, por exemplo, é importante reforçar os prejuízos à coluna. Para reverter a situação, a cada uma hora sentado, deve-se mudar a postura – indo ao banheiro, tomando uma água, um café, fazendo um alongamento, enfim, não permanecendo por uma hora na mesma posição”.
O ortopedista Thiago Pedro alerta ainda que outro ponto importante, nesse mesmo sentido, é que a cadeira usada para o trabalho seja ergonômica, anatômica, com apoio para os braços, a fim de que se consiga descansar os membros sobre ele. “Ao colocar os braços sobre o apoio, se alivia a pressão dos ombros. Não se deve sentar sobre a lombar: essa deve estar apoiada – encostando bem no canto da cadeira e mantendo uma postura de 90 graus do quadril com a cadeira, dos joelhos com o encosto das pernas e os dois pés apoiados sobre o chão, assim, se dividindo o peso do corpo com o chão”.
Mais uma dica dada pelo médico é o uso de almofadas, caso a cadeira usada no trabalho, por exemplo, não seja tão confortável. “É preciso manter os dois pés no chão, dividindo o peso com o chão e não com a coluna, joelhos dobrados em 90 graus e o quadril em l, apoiado no encosto da cadeira. Se for preciso, vale usar um apoio para os pés, uma vez que o quadril e o joelho são os pilares da coluna e, ao desalinhar um dos dois, em algum momento, vai se levar à sobrecarga da coluna”.
Ao evitar se cruzar as pernas, doenças neurológicas e vasculopatias também podem ser evitadas, segundo o ortopedista. “Ao cruzar as pernas e permanecer assim por bastante tempo, se comprime a inervação que desce pela perna, o ciático, por exemplo, podendo levar à dormência, formigamento, queimação... O hábito pode gerar ainda coágulos de sangue e o consequente aparecimento de varizes. Outro ponto é que, ao se comprimir os vasos, leva-se menos sangue aos membros inferiores, o que pode ocasionar trombose, inclusive!”
O especialista pondera, por fim, que a pessoa até pode cruzar as pernas, desde que faça alongamento para isso. “Ao cruzar as pernas, se deve tentar alcançar os joelhos com os braços, por baixo, cruzando os dedos na frente do joelho e tracionando um pouco, por alguns segundos. Isso alonga a musculatura que desce pela perna”.