Você sabia que o excessivo uso de telas por crianças pode estar associado a sintomas do Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH)? De acordo com a neurologista infantil do Hospital de Restauração e do Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (IMIP), Dra. Adélia Henriques-Souza, isso acontece devido à faixa de onda de luz azul emitida pelas telas de smartphones e tablets que contribui para o bloqueio da melatonina e consequentemente com o maior índice de distúrbios do sono, sonolência diurna, problemas de memória e concentração durante o aprendizado, sintomas de TDAH. Esse e outros temas são abordados no Congresso Pernambucano de Especialidades Pediátricas promovido pela Sociedade de Pediatria de Pernambuco de 31 de maio a 03 de junho no Hotel Beach Class by Hôm, em Boa Viagem.
A médica, que é Mestre e Doutora em Neurociências e Ciências do Comportamento pela UFPE atenta a um fato que considera preocupante “tempo de tela acima de duas horas em crianças acima de 5 anos é associado a um risco de 7,7 vezes maior de preencher os critérios de TDAH”, revela Adélia Henriques-Souza. A especialista destaca também os últimos dados, publicados em março de 2023, pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), com sede na Geórgia (EUA), sobre o aumento da prevalência de autismo. “De acordo com a CDC uma em cada 36 crianças de 8 anos são diagnosticadas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) nos Estados Unidos. Isso significa 2,8% daquela população”, alerta. “Se fizermos a mesma proporção desse estudo com a população brasileira, poderíamos constatar que há cerca de 5,95 milhões de autistas no Brasil e há uma grande subnotificação de diagnósticos”, conclui.
Outro tópico relevante que será discutido pela Dra. Adélia Henriques-Souza dentro da programação de pré-Congresso é “Distúrbios do sono”. O assunto é abordado no dia 31 de maio. “Nos primeiros 6 meses de vida, até 35% dos pais se queixam de problemas no sono de seus bebês, como dificuldade em iniciar e manter o sono (despertares noturnos)”, explica a neurologista. “Mitos e verdades sobre o uso de canabidiol” e “Crises Neonatais: nova classificação” também são assuntos que vão ser debatidos pela especialista no congresso que reúne 22 especialidades médicas e deve reunir em torno de 500 pessoas entre médicos, residentes e estudantes.
A infectologista e presidente da Sociedade de Pediatria de Pernambuco, Dra. Alexsandra Costa, destaca a importância de um evento desse porte para o estado de Pernambuco. “A ideia de promover o I Congresso Pernambucano de Especialidades Pediátricas surgiu como uma forma de reconhecer o alto valor do pólo médico pernambucano, promover a interação com todas as especialidades para o bem da infância e adolescência, além de proporcionar a integração do conhecimento técnico e científico dos profissionais”, declara.