O ICEC – Índice de Confiança do Empresário do Comércio (ICEC), elaborado pela CNC e publicado nesta quarta-feira (26/03), ganhou um recorte especial para o estado de Pernambuco, feito pela Fecomércio-PE. A sondagem do ICEC objetiva mensurar o nível de confiança dos empresários e as tendências de ações empresariais nos segmentos do varejo, tais como a propensão para investir e para contratar funcionários. Além disso, a pesquisa avalia a percepção empresarial acerca das condições atuais e futuras de suas empresas e da economia. Os dados são obtidos junto a 335 empresas da capital pernambucana. O índice 100 marca a fronteira entre a insatisfação e a satisfação do empresário, isto é, abaixo de 100 pontos indicam pessimismo, enquanto acima de 100 pontos indicam otimismo do empresário. O resultado geral pode ser visualizado no Gráfico 1.
No mês de abril de 2023, o ICEC em Pernambuco apresentou o menor valor desde maio de 2022, alcançando 113,3 pontos. Com efeito, a confiança do empresário pernambucano está em queda desde novembro do ano passado. As repercussões da alternância de poder na política nacional e estadual deixam os empresários incertos em relação às perspectivas futuras da economia e dos empreendimentos. Além disso, o alto endividamento e a alta inadimplência das famílias também têm atrapalhado os negócios, colocando dificuldades ao fluxo de caixa das empresas e aumentando o risco de crédito para os credores, o que, por sua vez, leva a uma redução do consumo e prejudica a imagem das empresas perante possíveis investidores e outros consumidores.
Para o mês de abril, o ICEC destaca que o grupo de atividade dos não duráveis (comércio de alimentos, roupas e calçados) está mais pessimista em relação às condições atuais da economia brasileira. O índice de inflação (IPCA) do IBGE registrou neste mês de março uma inflação acumulada em 12 meses de 12,48% em Recife para o setor de vestuário, o que tem impactado tanto o poder de compra dos consumidores, quanto as expectativas de vendas das empresas. Já a inflação de alimentos e bebidas, em Recife, foi de 8,44% nos últimos 12 meses.
Além disso, 60% dos comerciantes de bens duráveis, como geladeiras, fogões, máquinas de lavar e televisões, afirmam que as condições atuais do setor pioraram um pouco ou pioraram muito. Esse pessimismo pode ser um reflexo da influência da taxa básica de juros do Banco Central no consumo, cujos bens têm preços mais elevados e, portanto, pesam mais no orçamento das famílias, requerendo, por isso, o acesso modalidades de parcelamento das compras (sobretudo crediários e cartão de crédito). Atualmente, a taxa de juros básica da economia, a Selic, está cotada em 13,75% pelo Banco Central. Cerca de 54% dos comerciantes de bens duráveis afirmaram ter expectativa de investimentos menores nos próximos meses.
O economista da Fecomércio Rafael Lima destaca: “O momento para adquirir bens duráveis não é favorável para o consumidor, uma vez que o endividamento e inadimplência das famílias apresentam números preocupantes em Pernambuco. Entretanto, no dia 20 de abril o Governo Federal divulgou 13 medidas para incrementar o crédito, entre elas a alteração da Lei dos Superendividados, que recalcula a fatia da renda que não pode ser comprometida com dívidas (debitadas no consignado ou bloqueadas por bancos), a qual deixa de ser R$303 e passa a R$600. Isso tende a estimular o consumo”.
Em contrapartida, as empresas menores, com até 50 funcionários, têm uma expectativa positiva de contratação de funcionários para os próximos meses. Cerca de 59% dessas empresas afirmam que vão aumentar muito ou aumentar um pouco o quadro de colaboradores. Isso indica uma perspectiva positiva para o emprego no estado, com destaque para o setor de semiduráveis, no qual 58% das empresas acreditam que vão empregar mais nos próximos meses.