Como a Selic mantida em 13,75% ao ano afeta o cenário para os investimentos
Por Arley Junior*
Nos dias 21 e 22 de março, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central volta a se reunir para definir o patamar da Selic, a taxa básica de juros. O BC tem demonstrado maior preocupação com os riscos inflacionários em suas comunicações oficiais neste início de ano, sinalizando não haver espaço para cortes no cenário atual. Em linha com o consenso de mercado, o Departamento Econômico do Santander projeta que a Selic será mantida em 13,75%.
Com a expectativa de que os juros só vão começar a cair no quarto trimestre de 2023, os investimentos em renda fixa seguem como destaque nas nossas recomendações para os clientes em março. Os produtos pós-fixados, dentre eles os que acompanham a variação da taxa de juros, se beneficiam de um cenário de Selic elevada. Nessa modalidade, o investidor pode optar por alternativas com liquidez, como CDBs, fundos DI e o Tesouro Selic, ou com carência, como as LCIs (Letra de Crédito Imobiliário), LCAs (Letra de Crédito do Agronegócio) e LIGs (Letra Imobiliária Garantida), que têm como vantagem serem isentas de Imposto de Renda para pessoas físicas.
Além disso, alternativas em crédito privado seguem como complemento da parcela recomendada para investimentos em renda fixa, visto que costumam pagar maiores prêmios em relação aos títulos públicos, por possuírem um pouco mais de risco que estes papeis. Neste caso, tem soluções via fundos e previdência, onde o risco é pulverizado, ou ainda via CRIs (Certificado de Recebíveis Imobiliários), CRAs (Certificado de Recebíveis Agrícolas) e Debêntures Incentivadas, cujas rentabilidades podem ser atreladas à inflação, que é uma forma de proteger parte da carteira contra a variação dos preços, além de serem isentos de IR para pessoa física.
Para quem tem um pouco mais de apetite a risco a classe dos fundos multimercados é uma boa opção para diversificar, apesar da forte volatilidade. Esta modalidade possui maior flexibilidade, porque permite acesso a diferentes mercados como renda fixa, renda variável e câmbio, tanto no Brasil, quanto no exterior. Nossa principal recomendação é o fundo Alocação Macro, do Santander, que avançou 14,73% nos últimos 12 meses, considerando fechamento de fevereiro, ante alta de 13% do CDI.
E a renda variável? Apesar do cenário ser mais desafiador, é possível, para aqueles que possuem maior apetite a risco, aproveitar oportunidades na Bolsa: a relação preço/lucro, um dos principais indicadores fundamentalistas a respeito da atratividade da bolsa, está indicando um momento oportuno de entrada para quem possui médio e longo prazos para investir. É possível ainda comprar papéis de empresas consideradas boas pagadoras de dividendos, que tendem a oscilar menos quando comparadas às demais ações.
Em resumo, a nossa recomendação é que o investidor tenha uma carteira diversificada, equilibrada em relação ao perfil de risco, e tenha em mente que oscilações podem gerar oportunidades. Para ajudar a identificá-las em meio a um leque cada vez maior de produtos, também é fundamental contar com o apoio de um especialista que saiba quais aplicações são mais adequadas ao momento de vida, objetivos e perfil do investidor.
*Arley Junior é estrategista de Investimentos do Santander Brasil