Questão de saúde pública, a perda auditiva atinge mais de 5% da população mundial, afetando a qualidade de vida de cerca de 430 milhões de pessoas, segundo dados da Organização Mundial da Saúde. Comemorado no dia 3 de março, o Dia Mundial da Audição tem como principal objetivo sensibilizar a população sobre a importância de prevenir e estimular a melhoria dos cuidados auditivos. O alerta para os cuidados da saúde da audição acaba não sendo somente sobre a capacidade de ouvir, mas, também, sobre os impactos significativos na vida social do portador de perda auditiva.
“A perda auditiva tem sido uma preocupação crescente e um dos fatores mais nocivos tem sido o ruído. Temos observado um aumento da incidência da perda auditiva entre adolescentes e adultos jovens, que, no passado, dificilmente acontecia. Isso ocorre, sobretudo, porque estão expostos a jogos de computador e de videogame, que contêm muitos ruídos, além do fone de ouvido, que é um grande vilão”, afirma a fonoaudióloga e audiologista do SESI Saúde, Laíse Galindo.
A especialista explica que, no passado, a orientação de não usar fones de ouvido era comum, mas que, atualmente, cabe ao profissional da área ensinar ao paciente a melhor forma de usar esse dispositivo. “É muito difícil que eles deixem de usar, pois já virou um hábito comum da sociedade”, explica, complementando que, hoje, ensina as pessoas a usarem o fone de ouvido de acordo com o que a ciência aponta como seguro. “Usar em volume intermediário, que é aquele em que a gente está escutando o que está acontecendo no ambiente e não ultrapassar 2 horas por dia o tempo de uso”, recomenda.
Laíse destaca que perder a audição, mesmo que parcialmente, não impacta somente na capacidade de ouvir, mas na socialização dos portadores de perda auditiva, mesmo em uma sociedade, que, atualmente, tem uma maior consciência da necessidade de comunicação com esse público. “Eles perdem habilidades auditivas como a localização sonora e a capacidade de ouvir uma conversa em um ambiente ruidoso, como um restaurante ou um parque. Pacientes relatam que, muitas vezes, dizem que estão entendendo o que a outra pessoa falou, sem ter entendido, apenas para não ficar constrangedor. Com o tempo, é possível observar situações de isolamento social, depressão ou ansiedade pela dificuldade de estabelecer uma comunicação eficaz”, esclarece a especialista.
Ela destaca que é importante prestar atenção aos sinais que o corpo dá, uma vez que, algumas perdas auditivas podem vir acompanhadas de sintomas. “Pode ser um zumbido no ouvido ou a sensação de ouvido tampado. Um outro sintoma pode ser com relação ao equilíbrio da pessoa, pois a perda auditiva pode ser uma porta para alterações da movimentação do corpo, uma vez que a audição e o labirinto fazem parte do mesmo sistema”, alerta.
Entre os principais cuidados para preservar a saúde auditiva, Laise destaca que a limpeza feita com o uso do cotonete deve ser feita com muito cuidado. “Muita gente acha que é preciso inserir o cotonete no canal auditivo, mas, dessa forma, podemos empurrar não só a cera, mas sujeira e bactéria para dentro do ouvido e acabar provocando, por exemplo, uma otite. Ou pior: perfurar o tímpano”. Ela também orienta a realização da audiometria, que é o exame inicial da investigação auditiva. “O ideal é fazer esse exame uma vez ao ano como prevenção, mas, infelizmente, a nossa cultura é de ir ao médico otorrino somente quando há alguma queixa”, pontua.
Nas empresas, sobretudo as que oferecem o risco de ruído ao funcionário, a audiologista aponta que esse cuidado deve ser feito por meio do Programa de Conservação Auditiva (PCA), que promove ações educativas de acompanhamento dos de exames audiométricos dos funcionários, além de oferecer informações sobre o assunto e orientações sobre o uso correto de protetores auditivos.
Imprensa FIEPE