quarta-feira, 22 de março de 2023

Intenção de consumo das famílias pernambucanas aumenta 11,12% em março na comparação com o mesmo período de 2022



A Pesquisa de Intenção de Consumo das Famílias (ICF), realizada pela CNC em março de 2023, apresenta a avaliação dos consumidores em relação a aspectos relevantes para as condições de vida, como emprego e renda, perspectiva profissional e acesso ao crédito. Trata-se de uma importante ferramenta para avaliar a conjuntura econômica e identificar tendências de consumo, auxiliando empresas e governos a planejar suas estratégias de negócios e políticas públicas.

A análise é feita considerando a ótica de otimismo ou pessimismo do consumidor em relação a esses aspectos, indexada em um índice que varia de XX a YY. Quando o índice fica abaixo de 100 pontos, indica pessimismo do consumidor em relação à intenção de consumo. Valores acima de 100 pontos indicam otimismo em relação à intenção de consumo. Além de sistematizar os resultados para o Brasil e as Unidades da Federação, a pesquisa distingue resultados para dois grupos de renda: famílias com renda até 10 salários mínimos e famílias com renda acima de 10 salários mínimos. 

O índice geral da ICF, para o Brasil, indicou 96,7 pontos, um aumento de 1,04% em relação ao mês de fevereiro, enquanto Pernambuco apresentou 89,9 pontos, um aumento de 1,58% em relação ao mês de fevereiro. Portanto, em ambos os casos, há indicativos de que as condições de vida, embora tenham melhorado no comparativo com o mês anterior, conduzam a um consumo de bens e serviços mais restrito por parte das famílias.

A decomposição do índice geral, segundo as dimensões pesquisadas, traz indicativos mais específicos. Em relação ao emprego, a pesquisa apontou um índice de 103,8 entre todos os entrevistados em Pernambuco, enquanto a população com renda de até 10 salários-mínimos apresentou um índice de 101,4 e o público acima dessa faixa de renda indicou um índice de 128,6. O que se nota é que a população com renda mais elevada está mais satisfeita em relação ao emprego, sendo que, entre essa população, 38,6% se sentem mais seguros com o emprego em relação ao mesmo período do ano passado.

As diferenças encontradas na ICF em relação ao emprego podem ser influenciadas por diversos fatores, tais como o grau de escolaridade, a qualificação profissional, a localização geográfica e o setor de atividade econômica em que os indivíduos estão inseridos.

Normalmente, a população com renda mais elevada tende a apresentar qualificação e escolaridade, o que pode aumentar as chances de conseguir empregos com melhores condições e segurança. Além disso, esse extrato populacional se insere em setores da economia que estão em crescimento e/ou apresentando maior estabilidade, o que amplifica a segurança e a satisfação em relação ao emprego.

Já a população com menor renda tende a estar mais vulnerável a oscilações do mercado de trabalho, tendo menos acesso a empregos com melhores condições e menor estabilidade. A modo de ilustração, dados da PNAD Contínua revelam que, no Brasil, a taxa de desocupação entre as pessoas com renda média de até 1 salário mínimo foi de 21,2%, enquanto a taxa de desocupação entre as pessoas com renda média acima de 5 salários mínimos foi de 6,6%. Isso indica que as pessoas de menor renda estão mais vulneráveis a oscilações do mercado de trabalho e têm mais dificuldades para se inserir em empregos com melhores condições e estabilidade.

Ao tratar da perspectiva profissional, a pesquisa apresenta um índice de 93,2 pontos entre todos os entrevistados no Estado. Enquanto a população com renda de até 10 salários-mínimos indicou um índice de 90,7 e a população acima de 10 salários-mínimos apresentou um índice de 119,5. Destaca-se a menor faixa de renda, em que 38,6% dessa população indicou uma perspectiva profissional negativa.

*50,8% dos pernambucanos avaliam a renda familiar igual a do ano passado.* 

Em relação à renda em comparação com o mesmo período do ano passado, o índice geral foi de 98,2. Enquanto a população com renda de até 10 salários-mínimos apresentou um índice de 94,7 e a população acima dessa faixa de renda indicou um índice de 134,5. Dessa população, 27,2% das famílias com a menor faixa de renda indicaram uma renda familiar pior quando comparado ao mesmo período do ano passado.

Ao avaliar a facilidade de adquirir empréstimo/crédito, o índice apontou um indicador de 100,5 para todos os entrevistados, enquanto a população de até 10 salários-mínimos indicou um índice de 97,1 e a população com renda superior a 10 salários-mínimos apresentou um índice de 135,9.

Em relação ao nível de consumo, a pesquisa revelou que 51,8% das famílias com renda até 10 salários-mínimos estão comprando menos quando comparado ao ano passado, enquanto a população que recebe acima de 10 salários-mínimos indicou que 45% estão comprando mais que no ano passado. O índice geral do indicador ficou em 75 pontos.

*A perspectiva de consumo entre os pernambucanos é menor em comparação ao ano passado.*

Segundo o recorte local realizado pela Fecomércio-PE, em Pernambuco, 42,1% das famílias com renda até 10 salários-mínimos indicaram que esperam um consumo menor que no ano passado, enquanto 43,2% das famílias com renda superior a 10 salários-mínimos têm a expectativa de que o consumo seja igual ao do ano passado. 

A perspectiva de consumo revela não só os efeitos da desigualdade de renda para os próximos meses no Estado, como também prognosticam uma situação desafiadora para os estabelecimentos do setor de comércio e serviços no Estado. 

Além disso, a expectativa de crescimento conjunto entre as famílias que recebem faixas de renda diferentes ainda não é concreta (Gráfico 3).

Ao avaliar o momento para aquisição de bens duráveis, como eletrodomésticos, TV, som, etc, 53,4% das famílias com renda até 10 salários-mínimos acreditam que é um mau momento para adquirir esses bens, enquanto 55,9% das famílias com renda superior a 10 salários-mínimos indicaram que é um bom momento para adquirir esses bens.

A CNC mostrou que a população com renda mais alta está mais satisfeita com relação ao emprego, perspectiva profissional e renda, enquanto a população de baixa renda apresentou indicadores negativos nessas mesmas áreas. Além disso, a pesquisa apontou uma desigualdade em termos de renda para os próximos meses em Pernambuco, com a população de baixa renda apresentando expectativas de consumo menores em relação ao ano passado.