quinta-feira, 16 de março de 2023

Especialista do HC-UFPE destaca relação recíproca entre a má qualidade do sono e o estresse

 

Existe uma relação de causa e efeito recíproca entre a má qualidade do sono e o estresse, em todas as faixas etárias. É o que explica a chefe da Área Assistencial de Neurologia do Hospital das Clínicas da UFPE e membro da diretoria nacional da Associação Brasileira do Sono (ABSono), Clélia Franco. A busca por ajuda especializada e maior acesso a informações sobre o tema são alguns dos objetivos do Dia Mundial do Sono, data móvel celebrada sempre na terceira sexta-feira de março, e que tem como tema em 2023: “Sono é essencial para a saúde”.

“Situações de estresse físico e principalmente de estresse emocional costumam se expressar biologicamente com estado hiperalerta que está associado a dificuldades para iniciar e manter o sono, além de fragmentar o sono e deixá-lo superficial, despertares precoces de madrugada desencadeando privação e/ou má qualidade do sono”, explica Clélia Franco, que participou recentemente da elaboração do e-book “Sono e estresse” para o programa de educação médica continuada dos membros da Academia Brasileira de Neurologia (ABN).

Queixas de sono de má qualidade e de dificuldades para iniciar e manter o sono são extremamente prevalentes, afetando de 25% a 40% das crianças e adolescentes e de 33% até 50% dos adultos. Além do descanso, o sono desempenha um papel vital no desenvolvimento e na modulação da cognição e da emoção. Um sono ruim, portanto, prejudica a saúde física, emocional e cognitiva. “Quando a dificuldade passa a ser recorrente, aparecendo com frequência semanal, deve ser investigada. Situações crônicas de sono de má qualidade ou privação crônica dele costumam se associar a prejuízos cognitivos e de atenção e transtornos emocionais e comportamentais, que podem retroalimentar mais dificuldades para a saúde”, afirma Clélia Franco.

A insônia e a apneia são as principais e mais prevalentes queixas do sono de má qualidade. Outro transtorno que tem chamado a atenção dos especialistas é a síndrome do sono insuficiente (SSI). “Esse é um mal do mundo moderno que causa privação voluntária do sono e traz as mesmas complicações da privação por outras causas. A SSI ocorre quando por uma escolha pessoal e/ou por motivos de trabalho, estudo ou lazer (telas de madrugada), por exemplo, o indivíduo reduz o seu tempo de sono substituindo-as por outra atividade”, detalha a especialista do HC.

Clélia Franco dá algumas dicas para um sono saudável. “Procure deitar e se levantar em horários regulares todas as noites; Vá para a cama somente quando estiver com sono e evite ficar nela sem dormir; Estabeleça um ritual de relaxamento antes de deitar; Evite uso de luz azul de eletrônicos, além de álcool e cafeína, ao menos 6 horas antes de dormir; Não coma alimentos pesados à noite; Evite cochilos durante o dia; Procure se ocupar durante o dia e faça atividades físicas regularmente”.

Questionário sobre o sono
A Associação Brasileira do Sono (ABS) está realizando uma investigação sobre a “qualidade do sono dos brasileiros”. A participação é voluntária e anônima e pode ser realizada por este link.

Imprensa Hospital das Clínicas UFPE