sábado, 18 de março de 2023

Diego Busch: um quadrinista em busca de um final feliz

 

Era uma vez, um quadrinista no Rio de Janeiro que desenhava histórias, participava de eventos e tudo ia muito bem, até que uma vilã surgiu na sua vida: A Pandemia, que cancelou eventos, obrigou Diego a buscar outras formas de sobrevivência, entristeceu seu coração, mas que não o fez desistir de seus sonhos.

Agora, com a vida cotidiana praticamente normalizada, ele continua desenhando, continua batalhando para viver e segue buscando finais felizes para suas histórias e para si mesmo, pois a vida provou por A + B que, assim como seus personagens, ele não vai parar de lutar e vai sempre buscar finais felizes: para ele, para seus personagens e para seus leitores. "Não desistam dos seus sonhos, é duro, é difícil, é um caminho árduo de determinação implacável, porém vale a pena se for realmente aquilo que você ama, se for o que move seu mundo”, finaliza.

Vamos conhecer um pouco mais desse talento brasileiro?

1) Quando e como você descobriu que queria ser desenhista de histórias em quadrinhos?

Eu era bem pequeno quando descobri que queria ser desenhista, tinha 6 anos e desenhava os brasões das equipes de futebol do Brasil, aos 7 anos meu padrasto,  José Antônio  tinha um trailer, onde vendia lanches  na vila da penha em frente à Igreja Nossa Senhora do Carmo, onde eu ficava lá com ele as vezes, e eu pegava os papéis de cerveja (era tipo um bloco depapel para não marcar a mesa ),  e eu fazia desenhos sequenciais para fazer uma espécie de animação, passando as folhas rapidamente com os dedos, aos 8 ganhei um quadrinho do Street Fighter, desenhado pelo grande desenhista Arthur Garcia, ao qual hoje tenho contato desta amizade, e via meu irmão desenhando e me inspirava muito, desenhava bastante na infância, até que no período do colégio anos depois, existia uma feira anual de Literatura do Colégio Virgem de Fátima, onde nós éramos incentivados a criar projetos de leitura em grupo ou individual, e eu lembro bem de criarmos em grupo uma história em quadrinhos de um surfista com meus amigos Bruno Molinário e Leandro de Jesus, cada um exercendo uma função na revista,  e fiquei tão empolgado ( e amava as aventuras do Seninha, sempre fui fã do Ayrton Senna ), e criei um quadrinho à parte sobre corrida de um carro com a virgula da nike na lateral, podemos dizer que conheci a marca no filme de volta para o futuro e isso tinha ficado na minha mente muito forte (risos). 


Dali em diante, comecei a produzir quadrinhos ou alguns chamados fanzines, obras inspiradas em desenhos ( animes ) já conhecidos, e eu era tão fã dos cavaleiros do Zodíaco, criadoe desenhado por Masami Kuramada e com as artes incríveis do desenhista Shingo Araki (荒木 伸吾), a arte dele e o conceito do anime me cativaram muito, a arte era de uma beleza que me arrepiava e me fazia querer desenhar igual, e o desenho, à história, de uma pessoa que cai tantas vezes mesmo após apanhar tantas vezes na vida e não se dá por vencido, que acredita no valor da amizade, e acredita no destino e acredita que será um vencedor, me ajudou em muitos momentos da vida, a superar momentos difíceis e soube desde já que queria fazer a diferença e passar valores positivos as pessoas através dos quadrinhos. Sabia que seria difícil que não ganharia muito desde pequeno, mas é algo feito com o coração com amor. E é impossível algo que te motiva que mexe com você, não ser o caminho correto para uma vida feliz.

 


2) Na Pandemia você passou por situações complicadas, profissionalmente falando e quase abriu mão de seu sonho. O que o fez desistir de desistir de seu sonho?

Na Pandemia, eu estava atento às notícias antes da maioria da galera aqui do Brasil, por sempre seguir pessoas de outros países fui anunciando em casa o que estaria por vir um período antes, ninguém levou muita fé no que eu dizia, meu padrasto tinha um camelô no Largo do Bicão, e eu às vezes ia para ajudá-lo, e de repente soubemos que alguém conhecido tinha falecido de pneumonia, onde tinha ficado entubado, mais não constava nada disso por aqui até então, todos diziam que era apenas uma gripe, Então resolvemos não trabalhar na rua, separamos o dinheiro que tínhamos nesse período, eu acabava de apresentar com sucesso meu quadrinho "Curta a Aventura" na Biblioteca Municipal de Duque de Caxias, tinha sido um sucesso o evento, já que eu havia vendido todas as artes e quadrinhos, porém o vírus chegou com força na sequência no Brasil, e lembro de ter eventos no RJ, SP, MG e Cuiabá-MT, durante o ano, eu estava muito empolgado , e tive que cancelar uma agenda de eventos marcados de aproximadamente 1 ano e dois meses. vários eventos no rio com idas a outros estados, tudo cancelado, meu pai já tinha uma idade e mãe também, não arrisquei e fiquei dentro de casa, comprei máscaras pra todos fiz umas compras no mercado pra aguentar, durante a pandemia as coisas foram apertando, vendi coleções de quadrinhos, videogame, e até uma arte original autografada pelo Mangaká japonês Nabuhiro Watsuki, criador do Samurai X, que conheci em um evento na UFRJ, sobre quadrinhos para um público de 100 pessoas, então foi um momento duro, recebi encomendas de caricatura e logos para empresas iniciantes no mercado, e artes de quadrinhos, desenhos para feiras, e um ou outro desenho para trabalhos escolares. 

Minha ansiedade estava em níveis gritantes, eu me informava pelo mundo, e era tanta tristeza, eu sabia que seria ótimo conseguir postar nesse momento onde todos estavam em casa, porém eu estava com muita ansiedade, chegava a caminhar dentro de casa umas 7,8 horas por dia, para diminuir a sensação de ansiedade, foi muito duro, golpe muito difícil a todos, onde minha área criativa estava exausta, tinha que mostrar aqui em casa a importância de usar as máscaras de usar o álcool em gel, e foram batalhas duríssimas, de mostrar a situação ao qual meus pais demoraram a entender, nesse momento minhas forças estavam em manter minha família viva na pandemia, de conscientizar, eram muitas informações falsas do governo, e eu assistia as pessoas certas na hora certa pra me guiar nesse turbilhão, o biólogo Átila Iamarino, a Organização mundial da Saúde, e para a mente o professor Pedro Calabrez que cuida do cérebro, mente e comportamento, onde fui capaz de canalizar tudo, respirar fundo e começar a me orientar, neste turbilhão, e encontrei meu amor na internet, que me deu forças, sem ela eu não sei se eu conseguiria ter passado por tudo que aconteceu, sou grato a essa mulher incrível que tenho na minha vida, ela me resgatou do poço, e me reanimou a voltar a fazer o que amo, minha força para voltar estava em baixa, mais quando nós temos alguém que acredita na gente, podemos muito mais, podemos ir muito mais longe do que nós mesmos achávamos que podíamos.

Te Amo Carol!

 3) Quem são suas maiores influências no mundo dos quadrinhos?

Minhas maiores influências no mundo dos quadrinhos, foram e são: Masami Kuramada, Shingo Araki (荒木 伸吾), Maurício de Souza, os Meus professores Daniel Hdr, Lipe Diaz, Sérgio Cariello , Rogério Basille, professor Rocha e Ibraim Roberson ,Arthur Garcia e uma ilustradora chamada Nashimangá cujo trabalho eu conheci e é inspirador.

 

4) Você tem personagens? Conta pra gente quem são eles.

Vou contar dos personagens do meu quadrinho que estará voltando este ano pós-pandemia, é o Leonardo o Kauê e a Lorena, do quadrinho Curta a Aventura, que se passa com o casal Leonardo e Lorena ( são noivos ), se amam muito, e em uma consulta de rotina ela descobre que tem câncer em estágios finais, que não há muito o que se possa fazer, e nesse meio tempo Leonardo é surpreendido por uma explosão de um portal, onde nos é apresentado o personagem Kauê, e ele convoca Leonardo a aceitar uma missão que poderá mudar sua vida, onde é explicado todos os desafios que ele terá que enfrentar, e que se conseguir passar por este cenário improvável, tanto ele quanto Kauê terão direito a um desejo a ser realizado seja ele qual for, é dado um tempo de resposta para que Leonardo ( Léo ), possa dar sua resposta, onde ele já estava decidido a recusar, pois toda essa situação era uma loucura, ele que não arriscaria sua vida por ambição. 

Porém tempo depois ele descobre com a noiva que ela está com câncer terminal, e se dá conta de que pode salvar a vida de sua noiva, é uma corrida contra o tempo, ele aceitar e conseguir cumprir seu objetivo para ter direito ao desejo de cura de sua noiva, ele diz a Lorena pra confiar que ele vai dar um jeito, que ela não entenderia mais ele a salvaria , sendo engolido por um portal ao fim do tempo para a resposta, onde ele e Kauê vão lutar para conseguir esse direito a um desejo seja ele qual for, o que ambos não sabem é que caso superem todos os desafios, eles dois só terão direito a 1 desejo e terão que lutar para consegui-lo. Durante a história é passado valores, de fé, amor, superação, honra, caráter e que nunca devemos desistir dos nossos sonhos e sempre termos esperança seja a situação em que estivermos nós sempre devemos lutar pelo que acreditamos. Esse é o meu Quadrinho, Curta a Aventura! Pois toda vida é preciosa e devemos curtir cada segundo dela como se fosse o nosso ultimo dia.

 5) Quais momentos memoráveis você tem na sua trajetória de quadrinista?

O dia em que conhecei Nobuhiro Watsuki foi muito especial pra mim, um mangaká japonês renomado, com uma obra de sucesso, poder fazer 3 perguntas em um evento onde apenas era permitido 1 pergunta (risos), O dia em que uma criança autista, ganhou um desenho meu em um evento chamado Rpg Solidário na UVA ( Universidade Veiga de Almeida ), e ficou tão feliz ao receber minha arte e me deu um abraço cheio de sorrisos, e seu pai dizendo que apenas esse desenho tinha feito ela sorrir, foi tão incrível essa sensação, ele me dizendo o quanto o filho dele era sincero, e raramente ele tinha esse tipo de atitude, e que se ele o fez é por que amou ganhar minha arte de presente, fui até minha mesa peguei outras que tinha e lhe dei de presente. Sai com a alma leve, e o espírito feliz, quem realmente ganhou o presente neste dia fui eu. Não tenho dúvidas disso. Essa energia foi incrível. Deixar alguém feliz com sua arte é sensacional.  


E em um evento muito grande Geek Game Rio Festival, eu estava atravessando um momento dificil, eram 3 dias de evento, eu estava com o dinheiro contado pra ir e voltar, um público estimado de 70 mil pessoas na Barra da Tijuca RJ, e neste evento gravei uma participação no Canal do Muca Muriçoca no Youtube no Canal Muca Tv, e consegui vender 98% de tudo que tinha levado, foi incrível, no segundo dia já não tinha mais voz, conheci muitas pessoas, esse dia tem um lugar guardado no meu coração também e não poderia de lembrar de quando meus pais falavam que desenho não dava dinheiro, que era perca de tempo e estávamos com dificuldades para equacionar uma conta em casa, então fui pra rua com os meus desenhos, entrei em uma papelaria, conversei com o dono, o dia inteiro, consegui um pequeno patrocínio local, onde ele não me cobraria as impressões e montagem da revista, e ele colocaria a propaganda da sua papelaria no meu quadrinho, em dezenas deles, fiquei até a noite fazendo os quadrinhos ( até a papelaria fechar ), no dia seguinte fui pra rua vender os meus quadrinhos, oferecendo e andando, de pessoa em pessoa, em sinal e ao final da tarde vendi 70 quadrinhos, cheguei em casa e dei o dinheiro para pagar a conta, eu me sinto muito orgulhoso e vitorioso desse período, é algo simples, mais que você tem que amar muito o que faz e ter o coração no projeto pra poder dar certo, sempre pego de 10 a 20% de vendas  de artes e faço doações a Suipa, é um lugar onde eles cuidam dos cachorros abandonados, fazem operações a pessoas que não tem condições de levar os animais aos petshops particulares, entre outros.

6) Em que ou no que você se inspira para criar seus personagens?

Me inspiro em histórias de superação em pessoas que não passam por cima de ninguém pra alcançar seus objetivos e sonhos em pessoas que querem o bem maior e não apenas o seu próprio bem. Me inspiro na força da natureza, na vida do nosso planeta, na diversidade no amor humano.

7) Você também faz desenhos em quadros, canecas e outros produtos pra vender. Aproveita o espaço e venda seu peixe.

Eu trabalho com histórias em quadrinhos, acontece de algumas pessoas fazerem orçamentos para produzir quadrinhos, vendo canecas personalizadas com o seu desenho nelas, caricaturas em quadros para encomendas ou desenho em estilo oriental ( mangá ), tirinhas, trabalho com desenhos desde 2005 quando comecei de fato a cobrar, colocar preço nas minhas artes.  O meu blog está em construção, porém lá você consegue encontrar todas as minhas redes sociais, trabalhos, vídeos, em breve o blog estará completinho. O link é: www.diegoabusch.blogspot.com  . Me adicionem nas redes sociais, ficarei muito feliz em ter vocês por perto.

8) Que mensagem você deixa pros nossos leitores (os do blog e os dos seus quadrinhos)?

Para os meus leitores e os do blog eu digo: "Não desistam dos seus sonhos, é duro, é difícil, é um caminho árduo de determinação implacável, porém vale a pena se for realmente aquilo que você ama, se for o que move seu mundo, não deixe ninguém dizer que você não é capaz de alcançar seus sonhos, Você pode e você é capaz, saia do sofá e vá realizar seus sonhos com o que você tem nas mãos hoje, e aos poucos você vai obtendo outros recursos, não espere ter tudo que vê na internet pra começar, produza,  leia, você é incrível e pode realizar qualquer coisa. Acredite em você ! E obrigado por estar aqui.