Se tem um sentimento que passamos a conviver nos últimos anos, sobretudo depois da pandemia, foi com a ansiedade. Provocada por diversos fatores, entre eles o imediatismo. Essa doença tem atrapalhado também os rendimentos dos alunos em sala de aula. Mas como esse sentimento de “dar conta de tudo” pode ser trabalhado durante as aulas para evitar que as crianças sintam essa influência e sejam impactadas no futuro?
Para a psicóloga escolar e clínica do Colégio Santa Emília, unidade do Cordeiro, Ana Raquel Oliveira, a escola acaba sendo a extensão desses modelos de comportamento, por isso a importância de se pensar sobre o tema. “Uma aprendizagem consistente exige tempo para maturação, mas vivemos ‘correndo’, acelerados, com um grande volume de afazeres diários, e, talvez, muitas atividades, ações e respostas são feitas de forma automática, sem pausa para uma avaliação e uma reflexão”, analisou.
Esse fenômeno pode causar ainda outros efeitos como impulsividade, dificuldade em lidar com as frustrações, entre outros. “Algumas crianças não conseguem esperar o dia do aniversário para ganhar o presente que, muitas vezes, acabam sendo antecipados. Os adolescentes não esperam o momento do colega para resolver um conflito, precisam resolver na hora e não param para refletir as ações, as relações. Enfim, esses são apenas alguns exemplos de um vasto repertório de comportamentos de uma sociedade imediatista que vai perdendo a capacidade de reflexão”, afirmou a psicóloga.
Como um antídoto a esse efeito, na visão de Raquel, a escola precisa ser essa instituição que tem o desafio de “remar contra a maré”. E a melhor forma de identificar isso é criando formas de estar mais próximos desses alunos, seja por meio de projetos com foco em saúde mental, seja por meio da família, que vai trazer todo um repertório de como é essa criança ou adolescente no dia a dia da casa, dando mais ferramentas à comunidade escolar para tratar os efeitos do imediatismo.
Segundo a psicóloga, “a escola pode e deve fazer um trabalho constante com sua equipe de profissionais, tanto para capacitá-los sobre a importância desse olhar sensível em sala de aula, quanto para acolher também essa equipe que precisa estar bem com sua saúde mental para poder cuidar do outro. O desenvolvimento emocional do aluno e suas relações de afeto estão diretamente ligados ao processo de aprendizagem e, consequentemente, ao rendimento escolar”, concluiu.