sábado, 11 de março de 2023

Brasil lidera como um dos países mais ansiosos do mundo, diz OMS

 

Após dois anos do período mais crítico da pandemia da Covid 19, o Brasil segue liderando a lista de países mais ansiosos do mundo segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). As taxas de pessoas com depressão e ansiedade aumentou cerca de 25%, sendo o luto e o isolamento social apontados como as principais causas. Mesmo depois do período mais crítico da transmissão e da vacinação em massa, esse cenário não mudou e muitos ainda sentem os sintomas de uma crise, seja nervosismo, taquicardia, mãos frias, sensação de que algo ruim vai acontecer, falta de ar e dificuldades para dormir.

Em Pernambuco, estudantes de duas escolas passaram mal e apresentaram sintomas do Transtorno de Ansiedade, no ano passado. Eles precisaram da assistência do Corpo de Bombeiros e do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU). Em um dos colégios, pouco mais de 20 alunos apresentaram crise de choro e sintomas ansiosos. Isso fez surgir um alerta sobre a questão socioemocional dos brasileiros, mesmo inseridos em contextos diferentes e em etapas diferentes da vida, mostrando que crianças e adolescentes podem desenvolver o Transtorno de Ansiedade Generalizado (TAG), além dos adultos inseridos em contextos diferentes.

Segundo o psicólogo e professor do Centro Universitário dos Guararapes (UNIFG), Aluísio Soares, abordar a questão da saúde mental dos brasileiros é um fator de atenção mundial devido às proporções do país, que é um dos que mais consome cultura estrangeira, além de tentar constantemente se enquadrar nos modelos e padrões da hiperprodutividade. Por causa disso, o momento atual mostra a necessidade de estar presente e produzir resultados a todo o momento.

"Somos inclinados a não demonstrar o que sentimos para que a crítica ao nosso comportamento não se evidencie. Baixa renda, dificuldade de acesso a profissionais de qualidade, desigualdade social, dificuldade de estabelecer bons índices de inteligência emocional em meio aos desafios diários, são indicadores que apontam uma inclinação para o comportamento ansioso no cotidiano da vida dos brasileiros. Inclusive, a disparidade entre as rendas e a realidade de cada um é algo que contribui bastante para desencadear esse quadro", enfatiza.

A atividade profissional é outro fator que pode contribuir com os distúrbios de ansiedade, principalmente, se for levada em consideração a condição social, o salário e a disparidade do valor de horas trabalhadas com pessoas que exercem as mesmas funções em outra empresa ou são de áreas adversas. "Isso também indica uma comparação de como está a vida no momento e pode levar o sujeito ao caminho da frustração, o que desencadeia mais crises", informa.

Aluísio também aponta quais são os principais sintomas do TAG. Segundo ele, os pacientes, em geral, apresentam sudorese, dores de cabeça intensas, irritabilidade, instabilidade de pensamentos, crises de pânico, insegurança e sintomas especificamente mais físicos, como obstrução intestinal ou diarreia, bem como falta de apetite ou apetite em excesso.

"Geralmente, podem aparecer em situações pré-crise, onde são anteriores a exposição severa ao agente que causa ansiedade, ou pós-crise, que é quando o contato foi realizado com a situação que lhe gera TAG e o sujeito tenta encontrar formas de adaptação a situação", ensina.

Para tratar, alcançar o bem-estar e qualidade de vida, o psicólogo sinaliza a necessidade de buscar ajuda profissional e estratégias para lidar com os primeiros sinais. "Ansiedade natural para fazer uma prova ou apresentar um trabalho não deve ser caracterizada inicialmente como TAG, mas no momento em que os sinais ditos aqui se intensificam, é hora de buscar ajuda profissional. Devemos levar em consideração comportamentos e pensamentos disfuncionais, o sentimento de frustração, o pensamento repetitivo sobre algo. O mais importante é prestar atenção na frequência desses pensamentos, cada vez em que o intervalo for menor, maior as chances do distúrbio", conclui.